sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Gostamos de cá andar…”


O São Domingos Futebol Clube regressou esta época à atividade, competindo no segundo escalão da AF Beja e, novidade maior, apresentando uma equipa de seniores femininos.

Texto e fotos Firmino Paixão

Os irmãos António e Fernando Calhegas, históricos agentes desportivos na Mina de São Domingos, ficam associados à reativação do clube da sua terra natal. O primeiro como presidente, o segundo como treinador da equipa masculina, em ambos reside intenso amor clubista e interesse pelo fenómeno desportivo local. Fernando Calhegas sublinha o prestigiante passado do São Domingos, revela os objetivos da temporada e reclama um piso sintético para o místico Campo de Jogos Cross Brown.


Este ano foi possível trazer o São Domingos à competição?O São Domingos é um clube que, face aos anos que tem de existência e ao seu historial, faz falta ao futebol distrital. Não podemos esquecer que o clube vai fazer 92 anos, portanto achamos que é importante estar com atividade. Nós gostamos de andar cá, mas é preciso que nos deixem gostar de cá andar. Sabemos como é o futebol distrital e as influências que existem, mas temos que lutar contra aquilo que entendermos que são as injustiças do futebol. Continuaremos de pé, ativos, contra tudo e contra todos.


É difícil manter o clube em atividade mesmo ao nível do segundo escalão do futebol distrital?É muito complicado, porque os jogadores são muito poucos. Temos o Guadiana na primeira divisão distrital, que apanha a maioria dos jogadores, um pouco também pelas melhores condições que possuem no estádio municipal. Para nós não é fácil reunirmos, regularmente, uma equipa. Este ano foi possível, temos um grupo muito alargado, com muita qualidade, mas com o tempo, se nos deixarem, iremos estabilizar esta equipa no distrital e, quem sabe, mais tarde, pensarmos em subir de divisão se o conseguirmos.

A proximidade a Mértola dificulta o recrutamento e a estabilidade do futebol em Mina de São Domingos. Isso acontece quer ao nível dos seniores, quer da formação?Naturalmente que dificulta muito a nossa ação. Há uns anos, antes de ser construído o sintético em Mértola, tínhamos um acordo de cavalheiros com o Guadiana em que eles faziam um escalão de formação e nos fazíamos outro. As coisas correram sempre bem, mas desde que passou a existir o sintético, eles quebraram esse acordo, fazem todos os escalões e não nos deixam margem de manobra. É lógico que os jovens preferem jogar num sintético e com outras condições do que num pelado. Vamos lutando contra isso com outros incentivos aos jogadores, outra mentalidade, tentamos incutir-lhes a ideia de que jogarão com mais frequência na Mina do que em Mértola, onde existe maior escolha e só assim é que conseguimos reunir este grupo.


Que metas se propõem atingir no campeonato?Queremos continuar com a mesma vontade, o mesmo espírito de grupo e acreditarmos que temos valor para passarmos à segunda fase. O objetivo é exatamente esse, é para isso que estamos a trabalhar, se o conseguirmos, então, ficamos dentro do restrito lote de equipas que pode subir à 1.ª Divisão, mas agora estamos, apenas, concentrados na qualificação para a fase final.


Uma equipa feminina foi a outra surpresa que apresentaram nesta época?Pela primeira vez na história do futebol do nosso concelho criámos uma equipa feminina para jogar futebol. Primeiro foi apenas uma ideia, o projeto amadureceu, tínhamos três ou quatro raparigas que já tinham praticado; uma delas, que é a minha filha, até jogou no Serpa, incentivou outras miúdas e foram em frente. A equipa está estabilizada, mas não tem ainda a qualidade que outras equipas já apresentam, porque andam a competir há mais tempo. Agora temos que recrutar atletas com mais qualidade, sei que elas existem, só que ainda não mostraram disponibilidade para integrarem a equipa.


Um piso sintético no Campo Cross Brown mudaria muita coisa no futebol de Mina de são Domingos?Nos tempos que correm, isso seria importantíssimo, ficaríamos com outras condições de treino e de jogo e seria um estímulo para os próprios atletas. Deixo esse apelo ao município, com quem já temos conversado sobre isso, mas as justificações que nos dão não são plausíveis, não se aceitam. Dizem que nenhum concelho pode ter mais do que um sintético e nós não aceitamos essa justificação, porque conhecemos exemplos que contrariam isso. Não existiria o risco de roubarmos jogadores ao Guadiana, mas a rivalidade entre os dois clubes permanecerá sempre.

Fonte:  http://da.ambaal.pt

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