sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O miúdo tem talento...


Pedro Varela nasceu há 15 anos na vila de Cuba, terra famosa pelas suas “canteras” de bons futebolistas. Fez-se jogador em Beja e hoje representa o Portimonense, mas é seguido por outros grandes clubes.

Texto e foto Firmino Paixão


O miúdo já antes revelara habilidade para o jogo da bola. Tinha nove anos quando o pai lhe pegou pela mão e o levou para Beja, por falta de enquadramento técnico do clube da sua terra. Foi ao encontro do futuro! Ao encontro da glória? O tempo o dirá.
Inscreveu-se nas Escolas do Desportivo de Beja, ao tempo coordenadas pelo professor Acácio dos Santos, que recorda: “O pai gostou da nossa apresentação e inscreveu o Pedro. Recordo-me de um miúdo normal, algo tímido, mas com um desenvolvimento coordenativo acima da média. Inteligente, e que sempre soube perceber que o que lhe dizíamos era para o bem dele”.
Foi com a camisola da Geração Benfiquista, que tinha um protocolo com o Desportivo, que fez a sua segunda época, onde conheceu também o treinador Pedro Madeira. Voltou a Cuba, ao Sporting local, durante duas temporadas na categoria de infantil, após o que voltou ao Desportivo. Pelo meio foi-lhe proporcionada uma sessão de treino no Benfica, explicou o pai do jogador: “Fez um torneio em A-dos-Cunhados com a equipa do Benfica e o treinador Fonte Santa gostou imenso dele, esteve perto de assinar um vínculo com o clube, mas o ambiente não lhe agradou”. O seu talento estava a dar nas vistas. Acácio Santos recorda que “o Pedro tinha capacidade de trabalho, gostava de futebol e esforçava-se para evoluir, aspeto fundamental para o seu crescimento como futebolista”. O então coordenador da Geração Benfiquista lembra ainda: “De acordo com as  nossas avaliações iniciais, o Pedro demonstrou um desenvolvimento biológico acima da média, o que lhe permitiu ter uma capacidade de aprendizagem mais rápida que outros alunos. Focámo-nos em dotar o Pedro de uma plasticidade cognitiva que se adaptasse ao contexto do jogo. Ou seja, tentámos que se tornasse a cada dia mais inteligente”.
Na época 2011/2013 foi campeão distrital de iniciados e no ano seguinte vestiu a camisola do Despertar no campeonato nacional, sob orientação de Pedro Martelo (que o levou ao Gothia Cup, na Suécia, em julho/2012). E foi essa a montra que o fez descer para Portimão no princípio desta temporada. O jogador diz que a aventura desportiva ao sul “está correr muito bem: “É a minha primeira época no Portimonense, provavelmente estou ainda num percurso de adaptação, mas sei que é preciso muito empenho para ganharmos o nosso lugar”. O jovem cubense assume: “É um sonho que estou a viver, quero chegar o mais longe possível e tentar a carreira de jogador profissional. Estou num clube onde sou feliz, e estou a ver que o meu sonho ficou mais perto de se concretizar, embora reconheça que é preciso muito trabalho e muita dedicação”.
Mário Leão, atual treinador de Pedro Varela nos juvenis do Portimonense, também sabe que “Pedro é um miúdo com muito talento, com muita margem de progressão”: “Já o conhecíamos, ele estava referenciado e sabíamos que era um miúdo com muito potencial. Obviamente tem muito que trabalhar para evoluir e para poder continuar a sonhar, e nós estamos a fazer todos os possíveis para o ajudar a subir essas etapas que lhe permitam chegar cada vez mais longe”. Mais longe pode significar vestir a camisola de um dos grandes clubes que o seguem, Benfica, Sporting e Porto, ou que se confirmem os rumores de que pode seguir para Itália (Milan ou Empoli). Pedro confessou: “Tenho sabido que algumas pessoas me têm vindo observar, mas essas são decisões para mais tarde, agora só penso em trabalhar para ajudar o Portimonense”.Mas o pai revelou que ele esteve recentemente na Academia do Sporting, e o treinador do Portimonense também assumiu: “Temos sentido esses contactos e, inclusivamente, o próprio jogador também tem sentido, e algumas oscilações exibicionais às vezes acabam por ser consequência disso mesmo”. E adiantou: “O Pedro tem talento para conseguir resolver jogos, tem qualidade para ser muito útil à equipa e o que é um facto é que nas últimas semanas temos sentido o Pedro um pouco mais distraído, mais alheado daquilo que é o jogo, exatamente porque, se calhar, está a sentir êxtase em demasia relativamente a esses contactos. São emblemas muito conhecidos, tanto nacionais como lá de fora, sobretudo de Itália, onde ele esteve recentemente para conhecer a realidade italiana ao nível de treinos, de contexto desportivo e competitivo”. Mas a decisão é dele, diz Mário Leão: “A nós cabe-nos ajudá-lo a lidar com essas situações”, porque, lembra Acácio Santos, “a gestão das expectativas é essencial, a euforia faz perder por vezes a noção da realidade”. “Aqui entra o papel dos pais e é fundamental que eles percebam que o mais importante é ter um filho saudável, equilibrado e boa pessoa, jogue neste ou naquele clube”, conclui. 

Fonte: http://da.ambaal.pt/

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