Marisa Alexandra Sousa nasceu em São Matias, freguesia do concelho de Beja, no dia 7 de março de 1989. Faz hoje 25 anos. Licenciou-se em Educação Física e tirou o curso de Arbitragem de Futebol.
Texto e foto Firmino Paixão
Hoje é a única árbitra de futebol do distrito de Beja e integra os quadros nacionais do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol. A vida profissional levou a que se fixasse em Évora, atualmente é instrutora de cardiofitness, professora de natação e treinadora adjunta de uma equipa de futebol de petizes e traquinas num clube privado de lazer naquela cidade alentejana. Tem ambições, sonhos largos, e não hesita em mostrar o cartão vermelho aos preconceitos, gosta do que faz, porque faz tudo com muito gosto. Parabéns Marisa…
Com está a sua carreira na arbitragem?Nesta altura posso afirmar que estou bastante bem. Comecei a época um pouco mais tarde, mas consegui recuperar e tenho feito jogos todos os fins de semana. Também é um sinal de confiança no meu trabalho e no empenho que tenho demonstrado desde o início da época.
E esse reconhecimento vai de encontro aos objetivos que persegue?Estabeleci os meus objetivos tendo em conta a época passada. O ano passado foi um tempo para habituação ao campeonato feminino de Futebol de 11 que é totalmente diferente do nosso. E para este ano estipulei metas mais ambiciosas, como conseguir a melhor classificação possível, para poder evoluir todos os anos.
A boa notícia é que a Marisa se mantém nos quadros nacionais?É verdade e esperemos que assim continue a ser, estou a trabalhar nesse sentido, tudo está a correr bem, vamos esperar pelo final desta época, mas isto exige muito trabalho, muita dedicação e termos pessoas boas à nossa volta a quem possamos mostrar que queremos chegar sempre mais longe e evoluir na arbitragem feminina. O sonho comanda a vida e eu estou a lutar por ele.
Quais são as principais dificuldades com que se debate nesta sua opção desportiva?Talvez a situação geográfica. O distrito de Beja não tem muita gente na arbitragem a nível nacional, principalmente na Liga profissional, nem nas Ligas que estão abaixo e isso seria importante. Mas alguém terá que ser a primeira, se não for eu, alguém será um dia.
Tem sido difícil ser árbitra de futebol, rodeada de preconceitos e numa modalidade dominada pelos homens?No distrito de Beja, atualmente, sou a única árbitra de futebol, sei que outras raparigas têm tirado os cursos mas não continuaram nesta atividade. O que eu posso fazer será incentivá-las para perceberem que isto é um mundo ainda pouco desenvolvido no nosso distrito, mas que temos muita margem de progressão e, se quisermos, podemos chegar onde todos os outros chegam.
Os agentes desportivos deste distrito já se habituaram a ver a Marisa Sousa como juiz de futebol?Esta é a sétima época que estou nos quadros de arbitragem da Associação de Futebol de Beja, por isso também já me vou dando um pouco a conhecer. Mas também prefiro que me vejam aos poucos, não trabalho para ser ter visibilidade nem para ser conhecida, trabalho para que as pessoas reconheçam que trabalho com empenho e faço o melhor que posso.
Como se define como árbitra de futebol? Assume os seus erros?Sou uma pessoa bastante tranquila que mostra paixão por aquilo que faz e tento ser pedagógica, tanto quanto possível, porque também temos que perceber que, se algumas coisas acontecem, a culpa também pode ser nossa. Nós fazemos a gestão do jogo com a ajuda dos jogadores, mas nós temos que conduzir o jogo de determinadas maneiras. O principal meio para melhorarmos é assumirmos os erros. Mais do que muitos dos meus colegas, sei o que é sentir que erramos e quanto isso pesa na nossa consciência. Quem está de fora julga sem saber, mas os erros acontecem de acordo com certas circunstâncias e variáveis do jogo. O mesmo jogo, dirigido por dois árbitros distintos, correria de maneira diferente.
Quais são os seus objetivos na arbitragem? Tem o sonho de atingir o topo da carreira?Sou nova, tenho muita margem de progressão e tenho muito para aprender. Dentro de cinco a seis anos, acredito que posso lá chegar. Se nós evoluirmos na exata medida em que está a evoluir o futebol feminino, temos todas as condições para irmos em frente. Na verdade, espero estar no princípio de uma longa e bonita carreira. Tenho essa esperança.
Faz hoje 25 anos. Que prenda gostaria de receber por este aniversário?As melhores prendas que posso ter são, exatamente, aquelas que eu posso oferecer a mim própria, que é fazer o que gosto, como todo o empenho e dedicação, sempre a pensar que posso ir um pouco mais além. Neste momento estou satisfeita com o que tenho, faço o que gosto e gosto do que faço.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
Sem comentários:
Enviar um comentário