sexta-feira, 26 de setembro de 2014
Não estamos em pânico …
Terá sido o início de época mais tempestuoso dos últimos anos. O campeonato de juniores não se realiza há duas épocas, os calendários foram remendados após sorteios e o futsal rouba praticantes ao futebol.
Texto e foto Firmino Paixão
José Luís Ramalho, presidente da Associação de Futebol de Beja (AFB), reconhece que os últimos acontecimentos (desistências de equipas após os sorteios) criaram alguma entropia no arranque da nova época, sobretudo porque era sua convicção que esta temporada fosse, em todos os aspetos, melhor do que a anterior. Contudo, o líder da AFB afirmou: “Não estamos tão desiludidos como alguma comunicação social quer dar a entender”. E explica: “O cenário da época que se vai iniciar é semelhante, ou mesmo melhor do que na época passada. Mas não estou a dizer que estamos satisfeitos, pelo contrário, queríamos ter mais equipas, mas não estamos em pânico e acreditamos que alguns clubes que saíram vão regressar rapidamente”.
Mesmo em presença de futebol amador, não se devia exigir um planeamento mais rigoroso da parte dos clubes?
O ideal seria que estas coisas não acontecessem, mas não quero culpar os dirigentes e compreendo a posição de muitos deles. Se formos muito exigentes à partida, em caso de dúvida, os clubes não inscreverão as suas equipas. O desejável seria que até ao momento dos sorteios as situações estivessem efetivamente consolidadas, mas, infelizmente, não aconteceu assim e, às vezes, por pequenas querelas entre clubes. São atos impulsivos no calor das contendas que levam os clubes a assumir as suas desistências e não será por falta de jogadores. Então onde andam os nossos jovens da formação? Os clubes do Inatel estão cheios deles! É verdade que existe menos apoio autárquico, menos apoios das empresas, mas também maiores dificuldades por falta de voluntariado. A entrada dos jovens na vida ativa ou nas universidades também dificulta o recrutamento, além dos problemas demográficos que derivam da deslocação das famílias para os maiores centros urbanos. Por outro lado, o desenvolvimento do futsal é importante, mas também está a retirar jogadores ao futebol de 11.
Já sentiu vontade de deixar este barco à deriva?
Mentiria se lhe dissesse que não. Por vezes, temos vontade disso, principalmente quando chegamos à conclusão que a família, que não tem culpa nenhuma disto, está a ser prejudicada. Mas sempre assumi que após a aposentação devemos dar algo mais à sociedade e eu sempre gostei do desporto e quis fazer algo de diferente quando deixei o mundo académico. Vim para o mundo do desporto, tem sido uma experiência enriquecedora, mas não deixo de reconhecer que, por vezes, dá-nos vontade de deixar o barco à deriva. Mas não o faremos.
Que medidas preventivas aplicarão para evitar a repetição deste estado de coisas?
Tentaremos combater a repetição destas situações, algumas impensáveis, como a existência de tantas equipas de juvenis na época passada (15) e este ano voltamos a não ter juniores. Não temos uma varinha mágica para resolver tudo isto. Mas podemos criar alguns incentivos para o evitar, embora este seja um problema nacional, por isso, já existem algumas propostas de reajustamento de escalões. Custa-me ver os clubes e a sociedade a investir na formação desportiva dos nossos jovens e depois eles rapidamente abandonam e vão para o Inatel. Não quero denegrir a imagem do Inatel, mas muitos deles vão jogar lá porque têm uma liberdade diferente do que têm no desporto federado.
A variante das equipas B foi útil para manter a 2.ª divisão, mas foi perversa para o campeonato de juniores?
Discordo um pouco disso. Quanto terminaram as inscrições tínhamos apenas a equipa B do Moura, que nos disse logo no início que era uma opção do treinador principal do clube. Mais tarde, a não realização do campeonato de juniores é que levou ao aparecimento de mais equipas B. Preferíamos ter um campeonato de juniores a ter um campeonato da 2.ª Divisão, porque nas restantes Associações do interior as 2.ª divisões estão a desaparecer. O futebol de 11 tem perdido jogadores para o futsal, se o interior está despovoado, se os jogadores vão para o futsal o futebol de 11 é o penalizado, até por situações de contexto económico.
Duas épocas sem campeonatos de juniores é uma lacuna grave…
É verdade, assumimos isso. Não tenho dúvidas em afirmar que na próxima época tentaremos tudo para o inverter, mas é preciso que os clubes queiram. Este ano tentámos tudo para o conseguir, pelo menos seis equipas, o que não aconteceu por falta de boa vontade de alguns clubes.
O investimento deliberado no futsal está a abrir brechas no futebol de 11?
Sim, por uma simples razão, o futsal, não estando muito implantado nesta região, está a desenvolver-se mais rapidamente a nível nacional. É um desporto mais atrativo pelas situações em que é praticado e a tendência é de crescimento e é uma das grandes apostas da Federação Portuguesa de Futebol.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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