Irreverente, hábil em lidar com as suas convicções, estilo inconfundível e de momentos na vida em que as privações ditavam planos ousados, o Carlos Francisco Fernandes Venâncio, vulgo Ildo, nascido em 3 de junho de 1943, em Beja, foi um apreciável jogador de futebol. A sua infância não foi fácil. Oriundo de uma família onde predominava a escassez, Ildo, aos oito anos, rumou a Lisboa e instalou-se em casa de um tio, chefe da Polícia na Esquadra do Rato, sendo este familiar detentor de uma condição económica estável. Aos 14 anos conheceu o primeiro emprego na Sociedade Portuguesa de Automóveis, uma sucursal da Renault na rua da Escola Politécnica, em Lisboa. No trabalho travou conhecimentos com dois rapazes residentes na zona de Palma de Baixo, lá para as bandas do Jardim Zoológico, que o desafiaram para jogar nos juvenis do Palmense, equipa treinada por Saraiva, antigo campeão europeu pelo Benfica. Foi o início de uma carreira relutante. Despertar, Desportivo, Mineiro Aljustrelense e uma passagem por Angola – Benfica de Luanda rubricam o historial do Ildo, jogador vezeiro de um futebol do tipo “pica-pica”. Mais tarde, o seu velho saber abriu-lhe as portas para orientar formações do futebol distrital. O Ildo sempre se assumiu como fiel adepto do Desportivo de Beja. Foram anos como funcionário e de perversas resoluções. As portas da velha sede, na rua do Sembrano, abriam-se por capricho seu, independentemente das adversidades ocorridas ao clube do seu coração. Atualmente o meu compadre, como há muito nos tratamos, e meu antigo companheiro de equipa no Desportivo, é-o também agora como doente fustigado com um AVC. Falei com o Ildo recentemente e disse-me que vai para São Brás de Alportel. Compadre, passei pelo Centro de Medicina e Reabilitação do Sul e confesso que gostei. Um ínfimo movimento conquistado, mesmo que o treino seja arrojado, é mais uma batalha vencida. Força, Ildo. Nunca desistas!
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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