O Beringelense é um clube onde o amadorismo é levado à letra. Uma equipa maioritariamente formada por jovens da terra e alguns amigos que se lhes juntam ao fim de semana para defenderem o seu emblema.
Texto e foto Firmino Paixão
Quando amanhã viajarem para Moura, onde cumprirão a 10.ª jornada do Campeonato Distrital da 2.ª Divisão, será na tentativa de melhorarem a sua posição na tabela, para concluírem a prova numa posição mais honrosa que o atual penúltimo lugar. O clube tem um leque de jovens dirigentes e de entre eles destaca--se Tiago Borges, 26 anos, licenciado em Educação Física, que está ligado ao clube há cinco anos e reparte as funções de dirigente com as de treinador, depois da saída de Luís Martins, técnico que começou a época e renunciou mais adiante. “Sou um autodidata, ninguém me ajudou, foi com as minhas quedas que me ergui e voltei sempre para o trabalho com a maior dedicação e vontade, porque é o clube da minha terra”, diz.
Treinador e dirigente… revê-se nesta espécie de reserva moral do clube?As pessoas estão um pouco desligadas do futebol, desde que aqui cheguei, há cinco anos, que somos sempre os mesmos, inclusive temos alguns jogadores que são diretores. As pessoas estão bastante afastadas do clube, talvez pelo seu passado ter sido muito mais relevante do que é no presente. Vamos fazendo o que podemos, o clube deixou de ter futebol, depois voltou para o Inatel e agora recolocámo-lo onde a direção acha que ele merece estar. Depois, se o campo estivesse mais perto da localidade, atrairia sobretudo as pessoas que têm mobilidade mais reduzida, seria diferente.
A cinco jogos do final esperavam uma classificação melhor do que o penúltimo lugar?Obviamente que as coisas não estão como nós gostávamos, ainda será possível melhorar a classificação do ano passado, mas estávamos à espera de mais. Certamente que existiram algumas condicionantes, desde logo o início do campeonato ter sido sucessivamente adiado, o que nos obrigou a fechar a equipa muito rapidamente e afinal apareceram novos jogadores que já não podíamos inscrever. Se calhar, por isso, o plantel não é tão forte como se desejava. Mas alguns atletas também não têm revelado a dedicação que nós esperaríamos, é difícil trabalharmos com um plantel tão limitado.
Os atletas têm algumas compensações financeiras?Não temos qualquer tipo de compensação para com os jogadores, nem para os treinadores, tem sido assim nos cinco anos em que estou ligado ao clube. Estamos todos cá pelo gosto pelo Beringelense e pela vontade de ajudar e, se temos tempo, acho que podemos e devemos fazê-lo.
O plantel é formado por jovens da terra?São maioritariamente jogadores de Beringel, um plantel construído com base na amizade, com alguns jogadores de fora que vieram por amizade a outros atletas. Amizade é uma das coisas que, seguramente, teremos a mais do que outros clubes. Obviamente que estamos tristes pelos resultados não estarem a acontecer como queremos, mas isso não é tudo na vida. Somos amadores, não temos compensações pecuniárias, acredito que seja desmotivador e nem acredito que existam muitos clubes nesta divisão a pagar algum valor, minimamente importante, aos jogadores.
Que metas propuseram ao plantel? A 2.ª fase estava no vosso horizonte?A 2.ª fase nunca esteve na nossa mente, as metas eram melhorar os resultados da época passada e tentarmos passar a 1.ª Eliminatória da Taça Distrito de Beja. Fomos eliminados em casa, no prolongamento, com o São Marcos, uma equipa que tem um orçamento muito significativo. Não conseguimos a qualificação para a 2.ª Eliminatória, mas no campeonato ainda temos cinco jogos para melhorarmos a nossa pontuação e eu acredito que se formos capazes de cativar os nossos jogadores para terminarem a época em bom plano, tendo boas soluções para delinearmos uma estratégia, teremos possibilidade de fazer mais seis pontos. Se não o conseguirmos, a culpa será sempre da nossa equipa, tudo depende de podermos estar todos e de nos sentirmos bem motivados.
Os sócios e adeptos compreendem essas dificuldades e apoiam esta vossa missão?Alguns são assíduos, especialmente aqueles quem têm uma ligação mais próxima aos jogadores ou aos dirigentes. Temos pessoas que nos apoiam e contribuem em qualquer iniciativa e outras que só criticam, não dando qualquer ajuda ou opinião que seja positiva.
O recurso aos escalões de formação será uma via para a sustentabilidade do clube?Temos uma equipa de infantis, mas esse é um caminho difícil, porque não temos hipótese de construir um plantel com 20 jovens. Só recrutando fora da terra, gastando dinheiro, que não temos, no transporte dos miúdos e depois corremos o risco de, ano após ano, nos levarem os melhores. É impossível fazermos mais do que estamos a fazer
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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