Elogiando antigos feitos desportivos, sobretudo de gentes cuja dignidade afidalgaram o prodígio futebolístico, deparei-me, recentemente, a palmilhar as agruras do tempo e numa viagem virtual às páginas da história fiz stop em Aljustrel. Recorro a uma visita feita à residência de um antigo craque na vila mineira, onde fiquei a conhecer histórias hilariantes do saudoso Mateus Pereira. O António, porque é dele de quem falamos, tinha um irmão, o Manuel, com o qual formava uma dupla de avançados temível na década de 1940. Mateus Pereira nasceu em Albernoa no dia 31 de dezembro de 1918. Aos 10 anos rumou a Aljustrel em companhia de seu pai, industrial de moagem, sabendo-se que as suas virtudes no futebol o levaram, aos 13, a integrar a equipa do “Sempre Fixe”. Com a extinção deste grupo Mateus Pereira foi um dos fundadores do Vitória Futebol Clube. Pela mão de Francisco Vargas, o rapaz ingressou no União de Beja, clube treinado então pelo saudoso Melo Garrido. Constata-se que Mateus Pereira tinha lugar cativo na seleção distrital como consequência lógica da sua classe como jogador de eleição. Naqueles tempos, as viagens eram feitas enquadradas nos parcos meios de transporte existentes. Reveja-se esta peripécia: jogava-se uma final entre o Luso e o União para a taça doutor Covas Lima, porém, a noite de sábado para domingo Mateus Pereira passou-a num baile na companhia do seu amigo Geada, que atuava no Despertar. Descuidado, sendo ele um zeloso cumpridor, no domingo, com o sol a raiar, fez-se à estrada com o seu companheiro de noitada e ambos viajaram para Beja montados em duas velhas pedaleiras. O União ganhou a final, 2-0, e a verdade é que Mateus Pereira foi o autor dos golos. Segundo relatam as crónicas da época, a sua exibição foi excelente. Depois da fusão do Luso, União e Pax Julia em Beja e que deu lugar ao Desportivo, o seu destino foi o Mineiro Aljustrelense onde jogou até aos 33 anos. Hoje, o Mineiro participa no Campeonato Nacional de Seniores e luta pela manutenção. Outros tempos!
Fonte: http://da.ambaal.pt
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