Nuno Guia vestiu a camisola do Moura durante duas épocas no início da década de 90, período em que memorizou um jogo no antigo Campo Maria Vitória, com o Belenenses na final da Taça de Portugal (0-2).
Texto e foto Firmino Paixão
Voltou ao Alentejo, há duas semanas, para assumir o comando técnico da equipa que disputa o Campeonato Nacional de Seniores, após a saída de Rui Gregório, que já tinha rendido Bruno Ribeiro. Trata-se, pois, do terceiro treinador do clube, nesta temporada. “Um regresso a um local onde, no passado, as coisas me correram muito bem, tanto em termos desportivos como em termos sociais e ficaram sempre muitas recordações”, assumiu o técnico montijense, de 45 anos, que, em passado recente, teve uma experiência positiva em Angola. Neste novo ciclo na cidade de Moura, Nuno Guia referiu que “é importante as pessoas sentirem saudades, a estima que ficou foi muito grande e isso faz-me sentir aqui muito bem”.
Conhecendo o potencial do clube não lhe foi difícil aceitar o convite?Não. Reconheço que está tudo tão diferente do antigo Maria Vitória onde eu joguei. Moura deu um salto enorme, um salto gigante em termos infraestruturais, está à vista de todos. Conheço muitos clubes da 2.ª liga que não possuem infraestruturas com esta qualidade. Mas não foi só isso que me fez regressar a Moura. Vim por saber a qualidade que os jogadores têm, por saber antecipadamente que me sentiria muito bem e que no primeiro dia já estaria adaptado.
Sucede a Bruno Ribeiro e a Rui Gregório, que saíram voluntariamente do clube. Não se sente intranquilo por ser o terceiro treinador da época?Não posso esconder que isso não é positivo, porque mexe sempre com as pessoas. Com os jogadores e com os dirigentes. Os jogadores são profissionais, mas antes de serem jogadores de futebol são pessoas, é verdade que estamos todos aqui por causa do futebol, mas existe uma dimensão afetiva e social que não pode ser ignorada. Evidentemente que esses aspetos não são positivos, mas são vivências do futebol e nós, como profissionais, temos que saber lidar com isso. A partir do momento em que aceitamos os desafios, temos que ir à luta, com trabalho, com dedicação, sabendo que, por muita qualidade que tenhamos, existem sempre limitações, sabendo que, por muita capacidade de trabalho que tenhamos, existe sempre algo mais que é possível fazer e, por isso, aquilo que eu proponho é que o clube esteja acima da equipa e a equipa acima dos jogadores. Sendo verdade que serei o terceiro treinador, e que isso, não sendo positivo, também não é suficientemente caótico para me impedir de acreditar que é possível atingir os objetivos.
E o objetivo é assegurar a manutenção?O objetivo para mim não é ganhar jogos, é que os jogadores percebam a importância de dar o máximo, porque, fazendo isso, as probabilidades de ganhar serão maiores. Para mim, o objetivo não é a manutenção, nem sequer penso nisso neste momento. Estou muito focado em que a equipa se chegue à frente, que a equipa suba e chegue ao primeiro lugar. Neste momento estou com o pensamento no primeiro lugar e não na manutenção.
O Moura empatou em casa com o Angrense. Era um jogo determinante para ter chegado já ao primeiro lugar?O jogo determinante é sempre o próximo, mas a liderança não ficaria já resolvida, estamos a nove jogos do final, faltam 27 pontos. Acredito sempre na importância do jogo que vem a seguir, claro que queremos muito somar pontos, mas temos que perceber que isto só vai ficar resolvido muito mais à frente. Agora, é evidente, se conseguirmos criar um espaço de conforto será melhor, mas haverá uma grande luta até ao final.
Mas está confiante na manutenção?Muito confiante, pela forma como vejo esta direção empenhadíssima em trilhar o caminho do sucesso, pela qualidade dos jogadores, pela forma como me receberam e como vêm trabalhando e pela forma como assimilaram a mensagem. E a confiança que neste momento tenho é o resultado de ver uma cidade confiante e de ver os dirigentes e os jogadores com muita vontade de ganhar o futuro. É isso que me diz que estamos no caminho certo.
O seu vínculo termina no final da temporada ou já deita um olhar para a próxima temporada?O futebol não tem futuro, só tem presente. O passado pode orgulhar-nos e é importante olharmos para o futuro, mas o futebol é o presente. Habituei-me a ter sempre as malas abertas. Para mim, não terá sentido falar de outra coisa que não seja do próximo jogo, é assim que encaro isto. Com certeza que haverá futuro, pode não ser o que nós queremos mas, se haverá futuro para nós, só o tempo irá dizer, não me preocupo com isso, estou olhando já é para o próximo jogo.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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