(Pedro Jorge da Cunha e João Tiago Figueiredo , in maisfutebol) Dérbi contra o
Lusitano pode assinar o regresso aos Nacionais. O Maisfutebol convida três
protagonistas especiais para antecipar a festa.
CAMINHOS DE PORTUGAL é uma rubrica do jornal Maisfutebol
que visita passado e presente de determinado clube dos escalões não
profissionais. Tantas vezes na sombra, este futebol em estado puro merecerá
cada vez mais a nossa atenção. Percorra connosco estes CAMINHOS DE PORTUGAL.
JUVENTUDE SPORT CLUBE: 1º classificado Divisão Elite
AF Évora
97
anos de vida, história provecta e realidade prometedora. O Juventude Évora
lidera a corrida ao CNS na Divisão Elite distrital e pode celebrar a subida já
no domingo. Do outro lado estará o Lusitano, velho rival e vizinho, a jogar em
casa e num estádio cheio.
Entusiasmo,
fervor, semana especial na cidade alentejana. O Maisfutebol visita o Juventude,
guiado pelo presidente António Sousa, e encontra mais duas personagens
riquíssimas.
O
guarda-redes Nuno Laurentino é irmão de Hugo, guarda-redes da equipa de andebol
do FC Porto, e o ponta-de-lança Wigor foi colega de equipa do benfiquista
Jonas, na Portuguesa dos Desportos.
No
Estádio Sanches de Miranda prepara-se com cuidado e rigor a deslocação – curta,
mas de exigência máxima - ao Campo Estrela. A três jornadas do fim, a
classificação é a seguinte:
1.
Juventude Évora, 43 pontos
2. Sp.
Viana, 37 pontos
3.
Lusitano Évora, 35 pontos
4.
Redondense, 31 pontos
5.
Perolivense, 22 pontos
6.
Escouralense, 22 pontos
«O
lugar do Juventude é mais acima. Tem sido um prazer jogar no nosso distrito,
porque não tínhamos contato desportivo com os clubes locais, mas o objetivo é
claro: subir já ao CNS», indica ao nosso jornal o presidente António Sousa.
Nuno
Laurentino, o homem da baliza e um dos capitães, complementa a opinião do
dirigente com palavras fortes.
«Este
clube não é para estar aqui [nos distritais]. Não queremos mais estar aqui. No
ano passado não conseguimos subir e este ano não há volta a dar. A nossa intenção
foi, desde o início, voltar aos Nacionais e estamos na reta final. Está perto».
Rivalidade
é rivalidade e, por isso, teria mesmo de surgir um recado para o vizinho
Lusitano. Com bom humor e sorrisos, claro.
«Já se
ouve falar deste jogo desde a semana passada. Anda tudo a comentar a hipótese
de o Juventude poder fazer a festa no campo do Lusitano. Se estiver bom tempo,
vão estar de certeza umas 1500 pessoas a ver o jogo. Será um jogo digno de ser
filmado e mostrado ao resto do país».
Laurentino
explica que a rivalidade vem das camadas jovens até aos seniores. E não morre,
por mais do que a crise financeira e as dificuldades de sobrevivência tenham
atrapalhado os últimos anos.
«O
nosso campo pelado, onde estão os escalões de formação, fica ao lado do campo
do Lusitano. Acaba o nosso, começa o deles…»
Mais
prosaico, até por vir da cosmopolita São Paulo, Wigor fala com cautela.
«Não
dá para esconder: a ansiedade é grande! Há um entusiasmo diferente na cidade.
No restaurante onde vou diariamente, a conversa é só essa: Lusitano-Juventude.
Mas acho que desta vez vai dar, o Juventude vai mesmo subir».
Despertar
de memórias, contos de boca em boca, Évora recupera dérbis e um não sai da
cabeça dos mais antigos.
Época
1951/52, Juventude e Lusitano a disputarem o acesso à I Divisão Nacional. Ao
intervalo, choque e lágrimas no pelado do Sanches Miranda: o visitante Lusitano
vencia 1-4. Na segunda parte, recuperação fantástica e no final um empate de
loucos, 5-5.
Sobe o
Lusitano – com o Vitória Setúbal – ao escalão máximo, por ter vantagem no
número de golos marcados: 66 contra 64 do Juventude, ambos com 28 pontos.
O
Lusitano fica 14 épocas consecutivas na I Divisão (1952-1966), o Juventude
nunca lá chegou - já agora, o último clube alentejano na I Divisão foi o
Campomaiorense, em 2001.
«Estivemos
muitos anos na II Divisão, na II B, na III. Somos um clube referência, quase
centenário, e sempre jovem, como indica o nome», sublinha o presidente António
Sousa.
«A
nossa direção tomou posse a 26 de maio de 2014 e já resolvemos vários
problemas. Outros ainda não. Há falta de apoios e de compreensão dos agentes
políticos e sociais. Não é reconhecido o papel do nosso clube, nem de outros,
na formação social e desportiva».
O
Juventude pretende, através dos resultados desportivos, projetar o clube e
posteriormente a região.
«Não
queremos um sucesso egoísta. Beneficiaremos por arrastamento os clubes
alentejanos. As vitórias só ajudam e pretendemos que os evorenses gostem do
Juventude, antes de gostarem dos três grandes de Portugal. Ganhar para
descentralizar».
Estádio cheio para uma receção ao Marítimo na Taça
O
Juventude Évora possui 1400 sócios pagantes e António Sousa pretende chegar aos
2000. Uma meta «perfeitamente acessível».
«Estamos
a mudar muito. Nos jogos temos cerca de 500 adeptos, mas contra o Lusitano há
sempre perto de dois mil espetadores. Este ano só em três jogos não tivemos
lucro, o que é francamente bom. O Juventude está a crescer».
O
relvado do Sanches de Miranda tem 41 anos, o campo de apoio à formação é
pelado, as instalações procuram um rejuvenescimento rápido.
Domingo, às 17 horas, Lusitano e Juventude
reencontram-se. Évora vai encher o Estrela e até o Templo de Diana .
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