Uma época de sucesso para o andebol da Associação Cultural e Recreativa Zona Azul, de Beja, promovido à 2.ª Divisão Nacional. O plantel espera novas exigências, mas a unidade do grupo permanece.
Texto e fotos Firmino Paixão
Um êxito conseguido dentro do campo, sem repescagens nem alterações regulamentares, considerou o presidente do clube, Vasco Cordeiro, sublinhando o forte espírito de equipa e a estabilidade financeira do clube, lamentando, contudo, a falta de apoios e a dificuldades de recrutamento de novos atletas. E a um ano de distância do final deste mandato avisa que este pode ser o último ano sob a sua presidência. Com mais de 15 anos a liderar o clube, apela agora ao aparecimento de gente nova e com outras ideias.
Um final de época empolgante com a subida à 2.ª Divisão. Uma meta que perseguiam com alguma discrição?Há uma série de anos que andamos a perseguir a promoção da nossa equipa sénior, sem nunca nos pormos em bicos dos pés, andávamos a “morrer na praia”, não subindo por um ponto ou por um golo. Alguns clubes foram repescados e nós, em situações semelhantes, ficávamos. Mas esta época, felizmente, conseguimos, dentro do campo, ascender à segunda divisão nacional.
Muita dedicação do plantel e os treinadores Joaquim Coelho e Hugo Estanque a continuarem o trabalho de Carlos Guerreiro?Sem dúvida, a base do trabalho é do Carlos que, nas últimas épocas, formou esta família. O nosso grupo é uma família. A base do trabalho estava lá e esta época houve continuação. Infelizmente, o Carlos não pôde dar o seu contributo por questões pessoais, mas será o treinador na próxima época. Tivemos a colaboração do Joaquim Coelho que depois também não pôde continuar e encontrámos uma solução no seio do grupo com o Hugo Estanque, numa altura em que ele esteve lesionado e em recuperação, depois conseguimos a preciosa ajuda do Bexiga Fialho, que teve um bom contributo em termos formais e administrativos, mas também pela sua prestação técnica.
Vem aí a 2.ª Divisão, o que significa maiores exigências e mais apoios para o clube.Claro. Aumenta tudo, o preço da filiação do clube e as inscrições dos atletas, o seguro desportivo, é tudo proporcional aos níveis em que competimos. Necessitaremos de maiores apoios, mas estamos numa terra em que eles estão pelas ruas da amargura, o nosso comércio, por mais que tente chegar a tudo, não consegue ajudar. Cerca de 85 por cento do orçamento do clube provém de receitas próprias, os restantes 15 por cento são os chamados apoios institucionais que, infelizmente, também não chegam para nada. Mas temos trabalhado para termos as contas em dia, sem dívidas que não sejam despesas correntes a fornecedores e andamos de cabeça levantada.
Um maior investimento nos seniores não significa uma desaceleração no trabalho com a formação?Não! Esse trabalho é essencial, embora em termos de formação as dificuldades sejam enormes, porque os atletas têm uma forte concorrência e ainda bem que é assim, quer em termos de outras modalidades e do apelo às novas tecnologias. Mas a captação é difícil, em virtude também da nossa cidade estar cada vez mais despovoada, porque, infelizmente, não temos empregos que prendam as famílias à nossa cidade.
As outras modalidades estão bem, natação, columbofilia, atletismo? O ténis é uma fonte de receita e a ginástica ganhou autonomia?Na natação, infelizmente, também não podemos crescer mais, porque o espaço que nos foi atribuído na piscina coberta é curto. Temos tantos atletas a praticar como temos em lista de espera. A ginástica tem uma certa autonomia, está a colaborar connosco e contribui com alguma coisa, o ténis também contribui para o clube, a columbofilia tem autonomia e o atletismo é como o andebol, não gera rendimentos, mas mantemos a nossa grande tradição de ecletismo.
Têm mais atletas, mais associados, há sinais de crescimento do clube?Em relação a sócios tem existido alguma oscilação, em resultado da recente crise financeira. As pessoas reduziram um pouco o seu apoio às associações, mas estamos a recuperar alguns desses sócios e estão a entrar outros novos. Quanto aos atletas, podíamos crescer e aquele exemplo da natação é um fator que impede o crescimento, mas não temos perdido atletas, os níveis estão estabilizados.
Termina o mandato dentro de um ano. Está a preparar a sua sucessão ou a elaborar plano de atividades para um novo mandato?Eu já tinha dito que o mandato anterior a este seria o último, mas se estamos cá nos anos bons, também temos que ficar nos anos maus. Quando iniciei o atual mandato afirmei que, passados todos estes anos, era altura de sair. Há necessidade de pessoas com novas ideias, quando estamos muitos anos numa instituição criam-se vícios e acomodamo-nos e é preciso que venha gente nova. Por isso, continuo a pensar que este será o meu último mandato na presidência da Zona Azul.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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