sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O vento mudou…


O parapente é uma das disciplinas que tem, anualmente, integrado o menu do evento Mértola Radical, mas nem sempre as condições atmosféricas permitiram aos pilotos voar. Este ano o vento mudou.

Texto e fotos Firmino Paixão

Voos em parapente, na serra de Alcaria, salto pendular, na ponte sobre o rio Guadiana, slide e catapulta, na tapada da Mina de São Domingos, paintball e uma caminha noturna, foram as propostas para o Mértola Radical 2016, evento organizado pelo município de Mértola. Um fim de semana em que a Vila Museu vira capital dos desportos radicais.
Parece contradição, mas a adrenalina, como o calor, estiveram em níveis elevados. O parapente foi uma das atividades a que, neste ano, demos destaque, também porque, finalmente, as condições atmosféricas permitiram a realização de um apreciável conjunto de voos, como atestámos localmente, e como também nos confirmou Joaquim Arroteia, o presidente da delegação de Setúbal da Associação de Comandos, entidade fundadora e filiada na Federação Portuguesa de Voo Livre: “Sim, tivemos neste ano melhores condições e foi possível logo no primeiro dia desta edição do Mértola Radical efectuar cerca de 15 voos e nos restantes dias conseguimos também fazer um número apreciável, porque tivemos um vento moderado de sul, óptimo para a prática da modalidade”. O dirigente e incansável dinamizador do voo livre, lamentou, no entanto: “Nesta edição não tivemos paratrike porque não houve disponibilidade financeira para trazer o piloto do Algarve, nomeadamente de Portimão até Mértola, mas esperamos que no próximo ano seja possível ter aqui o trike porque foi muito bom tê-lo cá no primeiro ano e foi um êxito. No ano passado ele esteve cá mas não houve condições atmosféricas para poder levantar. Mas esta edição correu bem e até ficámos satisfeitos com a boa presença de pilotos”.
A serra de Alcaria, paredes meias com a aldeia que lhe dá o nome e onde a Associação de Comandos de Setúbal tem um polo, está entre os melhores locais do País para a prática desta modalidade, lembrou Joaquim Arroteia: “Em Alcaria Ruiva pratica-se parapente desde 1990, é um dos locais privilegiados para fazer voos em térmica (correntes de ar quente ascendentes que permitem ganhar altitude)”. No entanto, explicou: “Temos algumas limitações em termos de altitude por causa da passagem de aviões para o Algarve e isso limita-nos. Este ano foi mesmo um dos casos em que a NAV (Serviços de Navegação Aérea) nos limitou a altitude de voo. Tínhamos previsto voar a 2 700 metros, 95 pés, mas baixaram-nos para 1 200 metros, e alguns pilotos não vieram cá exatamente por essas limitações, preferem Linhares da Beira e castelo de Vide para poderem voar a maior altitude”.
A modalidade está em expansão em Portugal, assegurou o dirigente, contudo, no concelho de Mértola, isso não é visível porque as “térmicas” não são ideais para aprendizagem, são, sim, propícias para pilotos experientes. A disponibilidade da Associação de Comandos para colaborar neste evento é total e Joaquim Arroteia sublinhou: “A Associação é fundadora desta modalidade aqui em Mértola, mas queremos sublinhar a colaboração da câmara municipal, que nos tem dado muito apoio, nomeadamente o seu presidente e, por isso, gostaríamos que este evento continuasse por muitos anos”.
Após um voo de largos minutos, o piloto Francisco Saramago, 53 anos, natural de castro Verde, confessou ao “Diário do Alentejo”: “O que se sente lá em cima é muito difícil de explicar, é uma sensação imensa de paz, de tranquilidade, depois, e porque é uma atividade em que se sente muito a adrenalina, acabamos por relaxar imenso e aliviar o stresse do nosso dia a dia, além de desfrutarmos da paisagem, que é sempre espetacular”.
Saramago voa há mais de 20 anos, experimentou um dia e assegurou: “Estou muito comprometido com esta modalidade, vivo em Setúbal mas todos os anos venho aqui participar no Mértola Radical, e enquanto me sentir física e psicologicamente bem vou manter esta actividade pela qual tenho imensa paixão”.

Fonte:  http://da.ambaal.pt/

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