sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Uma “cidade com vida”


A Volta a Portugal regressou ao Alentejo. Alcácer do Sal, cidade onde a prova não chegava há 26 anos, viu partir a penúltima tirada, rumo a Setúbal, onde triunfou um dos alentejanos que pedalaram nesta edição.

Texto e fotos Firmino Paixão

Foi na margem direita do rio Sado que se celebrou a regresso da Volta a Portugal ao território alentejano. O busto de Pedro Nunes, o matemático ali nascido no século XV, testemunhou o frenesim da caravana que coloriu uma “cidade com vida”. O destino da tirada foi a foz desse mesmo rio Sado, a capital do distrito que, por esta altura, é a “Cidade europeia do desporto”. Mas antes de o pelotão chegar a Setúbal, onde a Volta a Portugal não ia há 42 anos, acrescentou quilómetros à etapa com as passagens por Montemor-o-Novo e Vendas Novas, outras duas cidades alentejanas bafejadas com este regresso da maior prova velocipédica nacional ao interior das suas fronteiras regionais.
O importante é que Alcácer do Sal abriu as portas à caravana da 78.ª Volta a Portugal em Bicicleta, marcando esse regresso da prova ao Alentejo, o que não acontecia há muitos anos e, por isso mesmo, teve também algum simbolismo, como sublinhou o autarca Vítor Proença, presidente deste município: “Sem dúvida, nós na Câmara Municipal de Alcácer do Sal sempre considerámos que não há Volta a Portugal digna desse nome sem passar pelo Alentejo, e foi nesse sentido que, logo que tivemos conhecimento que sendo Setúbal a ‘Cidade europeia do desporto’ teria uma chegada da Volta a Portugal, cinco minutos depois estávamos em contacto com a direção da prova e obtínhamos a concordância para aqui se fazer a partida”. O autarca ainda referiu: “Iniciando a etapa em Alcácer do Sal proporcionámos também que a volta passasse em Montemor-o-Novo e em Vendas Novas e, dessa maneira, ficou assegurado de uma forma simbólica, mas carregada de muito significado, o regresso a este nosso Alentejo”.
Estando Setúbal sob o desígnio de “Cidade europeia do desporto” fez todo o sentido que a maior prova desportiva que se realiza no País estivesse naquela cidade e no seu distrito, concordou Vítor Proença: “Fez todo o sentido e, por outro lado, faz parte de uma estratégia que temos que é ‘Alcácer com vida’, foi com essa mensagem que o povo acreditou neste projeto político, é com essa mensagem do ‘Alcácer com vida’ que estamos a trabalhar do ponto de vista do turismo, do património, da história, dos sete séculos de história que Alcácer do Sal tem. É uma terra cheia de identidade e que também se está a afirmar pelo desporto, pelos eventos e pelos certames”.
Um investimento assinalável, cujo retorno o autarca considerou que “já estamos tê-lo, no dia de hoje, através da mensagem que passamos e também na própria autoestima dos cidadãos, que eu acho que é sempre um elemento fundamental para construir uma sociedade melhor”. Contudo, não fica de parte qualquer tipo de apoio futuro à Volta ao Alentejo, aquela que mais nos identifica regionalmente, assegurou Vitor Proença: “Sou presidente da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral que envolve Alcácer, Grândola, Sines, Santiago do Cacém e Odemira e fechámos com a entidade organizadora da Volta ao Alentejo um protocolo com estabilidade idêntica àquele que a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central tem, que é assegurar sempre a vinda da Volta ao Alentejo ao litoral alentejano, com uma troca de municípios de ano para ano, entre as partidas e as chegadas, portanto, foi um acordo celebrado entre as cinco câmaras, para assegurarmos a sustentabilidade futura da Volta ao Alentejo”.
Quatro horas e alguns minutos depois da partida de Alcácer do Sal, o Alentejo voltou a vibrar na setubalense avenida Luísa Todi, celebrando o triunfo do almodovarense Daniel Mestre que, no início da tirada, fora visitado por uma grande delegação de amigos e familiares. Um talismã para aquela que foi a sua segunda vitória em etapas na Volta 2016, aquela em que também vestiu de amarelo. 

Fonte: http://da.ambaal.pt/

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