sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Uma arte? Um desporto?


Quatro dias em que “todos os caminhos vieram dar a Beja”. Mostra de saberes e sabores, ciência e tecnologia, música tradicional, as aves e a viticultura da região. E os cavalos. Os grandes protagonistas do certame.

Texto e foto Firmino Paixão


A cidade de Beja recebeu a última etapa do XVIII Campeonato Nacional de Equitação de Trabalho, modalidade que encerra as disciplinas de ensino, maneabilidade e velocidade, mas os vencedores serão encontrados na grande final marcada para os primeiros dias de novembro, durante a Feira do Cavalo, na Golegã. A capital do Baixo Alentejo acolheu também a final do Horseball Masters Tour 2016, entre as equipas da Quinta dos Corvos e Quinta de Santo António, que os primeiros conquistaram com relativa facilidade (13/2).
Voltemos então ao Campeonato Nacional de Equitação de Trabalho, uma modalidade equestre que preserva a tradição no uso do traje e dos arreios, em que o cavaleiro conduz a sua montada, apenas, com uma mão.
O cavaleiro eborense Vasco Mira Godinho, campeão da Europa em título e líder do campeonato nacional, com os “lusitanos” Trigo e Dióspiro, questionado sobre se a definição de equitação de trabalho corresponde mais a uma arte ou a um desporto, afirmou: “Estão aqui representadas as duas vertentes, um pouco de arte, outro tanto de desporto”. Confessou, no entanto, que: “Levo isto muito a sério, porque é a minha vida, é a minha profissão, sou profissional dos cavalos, dou sempre o meu máximo e tento aliar à arte aquilo que é a nossa cultura e a nossa tradição e dentro de pista tento mostrar aos juízes toda essa envolvência que tenho com o cavalo lusitano”.
Uma arte ou um desporto, seja como for, uma atividade muito exigente, concordou o cavaleiro: “Muito mesmo, mas de vez em quando é gratificante, porque conseguimos obter grandes resultados”. E explicou: “A exigência depende de cavalo para cavalo, neste momento estou a competir com dois cavalos, o Dióspiro e o Trigo, são muito diferentes, mas os resultados têm sido excelentes”. Razões que justificam a sua vinda à RuralBeja, onde o cavalo é o grande protagonista: “Adoro esta feira e faço questão de agendar logo no início do ano a minha presença na RuralBeja, venho competir, venho conviver. É um bom certame”.
Agora o horseball. Um jogo de velocidade e vigor em que as equipas tentam marcar golos nas balizas colocadas nas extremidades do campo, atentas à estrita segurança dos jogadores e das respetivas montadas. O título no Horseball Tour 2016 viajou com a equipa vinda da Venda do Pinheiro, recheada de jogadores formados na Quinta de Santo António, que defenderam vários emblemas antes de, há um ano, fundarem a equipa da Quinta dos Corvos.
Miguel Mendes e Rafael Soares, jogadores desta formação, revelaram-nos que: “O horseball é muito exigente, tanto economicamente, como temporalmente, é oneroso, temos de sustentar e trabalhar as montadas, investir em camiões para estarmos nos recintos de jogo, depois as nossas deslocações e estadias, e a nível temporal trabalhamos os cavalos seis vezes por semana, descansam um dia”. Às montadas, disseram também, exige-se que sejam “cavalos possantes devido ao contacto que existe. Quer na defesa como no ataque há vários contactos entre as montadas que exigem muito da parte física dos animais, devem ser cavalos, por norma, velozes e com alguma disponibilidade para as viragens, para as meias voltas. Velozes e fortes fisicamente, não pesados”.
O jogo é disputado por “duas equipas com quatro elementos em campo e dois suplentes, uma regra básica para encestar é que a bola tem de passar por três jogadores diferentes, depois tem uma série de regras ao nível de ramassage, que é o gesto de apanhar a bola do chão, tem outras regras atacantes e defensivas muito específicas e técnicas”.
Na cidade de Beja existiu, em finais da década de 90, a equipa ACOS Horseball Team, que se desagregou, mas nem as competições realizadas durante a Ovibeja e RuralBeja têm suscitado a sua reativação.

Fonte:  http://da.ambaal.pt

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