sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Marcas do tempo

José Saúde

Numa viagem melodiosa pelas ilusórias asas do vento que hasteia de mansinho, revejo modalidades desportivas que enalteceram um passado cujas marcas do tempo muito nos apaixonaram. Recordo o andebol. É claro que hoje as circunstâncias deparadas são diametralmente antagónicas àquelas que outrora conhecemos e que interagiram com uma juventude irreverente. Evoco, com nostalgia, os inesquecíveis desafios entre a moçada do Liceu de Beja e da Escola Industrial e Comercial. Tardes de quartas-feiras e sábados ditavam amistosos encontros que colocavam a rapaziada estudantil em delírio. Relembro o campo do Liceu e as magníficas molduras humanas. As raparigas partilhavam espaços próprios impostos pelo Estado Novo e os rapazes, à distância, limitavam-se a cogitar os seus contornos femininos meramente sonhados. Era o tempo trivialmente conhecido como carapaus para um lado, sardinhas para o outro. Todavia, a evolução das marcas do tempo proporcionou que toda a mudança desportiva observada resvalasse para incontornáveis verdades que em nada se compadecem com aqueles clássicos dérbis escolares. Aludo que houve andebolistas que acabaram por fazer carreira nacional. O Espadinha, aluno do Liceu, é um dos casos que trago à ribalta. Benfica, Belenenses e a seleção nacional foram símbolos que honradamente defendeu. Hoje, olhamos para o andebol e vemos que o passado foi chão que já deu uvas. A modalidade criou infraestruturas próprias, chamou novos atletas e subsistem coletividades, embora muito escassas, que por ora lá vão levando a cruz ao calvário. A ACR Zona Azul de Beja é uma colossal referência tal como o Centro Cultural Popular de Serpa. Ambos apostam em jovens atletas oriundos dos seus escalões de formação e disputam atualmente o campeonato da segunda divisão nacional, em seniores. Uma boa nova surge de Odemira, onde o Cautchú promove o andebol, a nível do concelho, direcionado para miúdos dos escalões de bambis e infantis. E assim vamos refrescando lembranças desportivas e meditando sobre o seu aperfeiçoamento presente.
Fonte: http://da.ambaal.pt/

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