José Saúde
Nas gestas que o tempo consome eis que num
olhar sobre personagens que engrandeceram a nobreza do cosmos desportivo
bejense, sobressai, entre outras, o mítico Zeca Pereira. Conheci-o como
presidente do Despertar e recordo a sua cordial rendição ao movimento
associativo. No meu espólio guardo uma foto de uma equipa de juvenis
(1965/1966) onde, em pé, se posiciona o notável Zeca Pereira num dos
lados e o mister Sioga no outro. Recordo momentos indescritíveis em que o
dirigente assumia os seus dotes de líder. Conheci-o na sua labuta
atrás de uma secretária, bem como na virtualidade em lidar com os
plantéis. Era o tempo em que nada faltava. Revejo-o nas idas ao
balneário e a sua preocupação com uma espontânea falha detetada. Aos
domingos era comum vê-lo junto às equipas. Numa realidade observada,
sobressai o seu fraterno atendimento aos jogadores na sede. A porta da
secretaria estava sempre franqueada. Lembro o dia do pagamento dos
prémios de jogo. Tudo a tempo e horas. Entrava-se na sala e em cima da
mesa de reuniões lá estavam contados os magros escudos alcançados pela
conquista de mais uma vitória. O Zeca Pereira, sentado na sua pomposa
cadeira, cumprimentava cordialmente o jogador, dava-lhe o documento para
assinar e de seguida era entregue a merecida recompensa. Dinheiro que
muitas vezes saía do seu próprio bolso. Na minha perceção, a que acresce
o profícuo conhecimento pelo universo futebolístico, considero que
pessoas como o saudoso Zeca Pereira, um homem que viveu desmesuradamente
o Despertar, são merecedoras de figurarem no quadro de honra para
dirigentes cuja dedicação ao fenómeno desportivo é imensurável. As casas
de comes e bebes em Beja, usufruíam, naquele tempo, de uma benesse
vinda daquela lendária agremiação. A Majú, aos fins-de-semana, era um
dos locais citadinos onde a rapaziada, por conta do clube, almoçava o
bife à casa atulhado em batatas fritas. Lembrar Zeca Pereira é enaltecer
um diretor exemplar que se afirmará sempre como um dos alicerces para a
construção da atual realidade despertarina.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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