sexta-feira, 7 de abril de 2017

Zeca Pereira

José Saúde


Nas gestas que o tempo consome eis que num olhar sobre personagens que engrandeceram a nobreza do cosmos desportivo bejense, sobressai, entre outras, o mítico Zeca Pereira. Conheci-o como presidente do Despertar e recordo a sua cordial rendição ao movimento associativo. No meu espólio guardo uma foto de uma equipa de juvenis (1965/1966) onde, em pé, se posiciona o notável Zeca Pereira num dos lados e o mister Sioga no outro. Recordo momentos indescritíveis em que o dirigente assumia os seus dotes de líder. Conheci-o na sua labuta atrás de uma secretária, bem como na virtualidade em lidar com os plantéis. Era o tempo em que nada faltava. Revejo-o nas idas ao balneário e a sua preocupação com uma espontânea falha detetada. Aos domingos era comum vê-lo junto às equipas. Numa realidade observada, sobressai o seu fraterno atendimento aos jogadores na sede. A porta da secretaria estava sempre franqueada. Lembro o dia do pagamento dos prémios de jogo. Tudo a tempo e horas. Entrava-se na sala e em cima da mesa de reuniões lá estavam contados os magros escudos alcançados pela conquista de mais uma vitória. O Zeca Pereira, sentado na sua pomposa cadeira, cumprimentava cordialmente o jogador, dava-lhe o documento para assinar e de seguida era entregue a merecida recompensa. Dinheiro que muitas vezes saía do seu próprio bolso. Na minha perceção, a que acresce o profícuo conhecimento pelo universo futebolístico, considero que pessoas como o saudoso Zeca Pereira, um homem que viveu desmesuradamente o Despertar, são merecedoras de figurarem no quadro de honra para dirigentes cuja dedicação ao fenómeno desportivo é imensurável. As casas de comes e bebes em Beja, usufruíam, naquele tempo, de uma benesse vinda daquela lendária agremiação. A Majú, aos fins-de-semana, era um dos locais citadinos onde a rapaziada, por conta do clube, almoçava o bife à casa atulhado em batatas fritas. Lembrar Zeca Pereira é enaltecer um diretor exemplar que se afirmará sempre como um dos alicerces para a construção da atual realidade despertarina.

Fonte:  http://da.ambaal.pt

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