sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Dionísio, até sempre!


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José Saúde

Chamava-se António Joaquim da Conceição Dionísio, apelidado pela plebe como o “Macarrão”, nasceu em Trigaches a 8 de dezembro de 1937 e faleceu no pretérito 15 de agosto de 2017, tendo sido outrora uma das extraordinárias celebridades do jogo da bola que brilhou no cosmos futebolístico bejense. A última vez que o visitei, já numa fase terminal no Lar Nobre Freire, em Beja, deparei-me com um homem que lutava arduamente por uma sobrevivência de vida a qual parecia consumir-se a cada instante presenciado. Naquele corpo, já débil, cruzavam-se notáveis figurações de existências, agora completamente transformadas pelo rigor de uma saúde que traiçoeiramente o atirou para o leito de uma cama onde permaneceu até ao derradeiro momento em que as forças inevitavelmente cederam. Habituei-me admirar o Dionísio como um jogador de classe refinada quando as energias o permitiram. A sua elegância, em campo, primava pela excelência e a sua estatura física, atirada para o baixo, jamais o impediu em temer o mais astuto e irreverente adversário. No Desportivo de Beja foi protagonista de épocas fabulosas e a cidade aplaudiu, com fulgor, o seu craque. O Dionísio foi um dos semideuses do seu tempo que herdou o dote de artista da bola e que integrou o 11 onde proliferavam ases de esplêndida eleição. Na temporada 1957/1958, a troco de uma motorizada ofertada pelo endinheirado presidente João Diogo Cano como cachê pela sua transferência do Desportivo, assinou pelo FC Serpa, equipa que militava, então, na segunda divisão nacional. Na época 1966/1967 foi meu treinador nos juvenis do Despertar onde nos sagrámos campeões distritais. Na temporada de 1969/1970, aquando do regresso do espanhol Suarez a Beja na condição de jogador/         /treinador e eu, um puto com 18 anos, uma das aquisições de um fantástico plantel formado por magníficos e experientes jogadores, foi meu companheiro de balneário no Desportivo. Recordo as várias lesões num dos joelhos e o sistemático recurso a uma joelheira elástica que lhe aconchegava a parte afetada. Dionísio, como técnico, formou gerações de jogadores e na época 1980/1981 foi o histórico treinador que ao serviço do Cabeça Gorda, “Ferrobico” como é usual o povo apelidar aquela simpática coletividade, eliminou o Penafiel, grémio treinado por António Oliveira e que militava na primeira divisão nacional, da Taça de Portugal num jogo que teve lugar no estádio municipal de Beja. 1-0 foi o resultado final e o golo, que fez correr muita tinta na imprensa lusa, teve como autor Pepe. Refira-se, com merecida justiça, que na época anterior, 1979/1980, o mago Dionísio levou, pela primeira vez, a equipa sénior do “Ferrobico” a campeão da primeira divisão na AF Beja. Resta a eterna recordação de um homem que foi simplesmente um dos famosos atletas que militou no desporto bejense. Dionísio, até sempre!

Fonte: http://da.ambaal.pt/

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