A época é ainda de vindimas, mas a notoriedade do vinho de talha foi celebrada pelos Bombeiros Voluntários de Vidigueira, através de uma prova desportiva de BTT, que reuniu mais de 200 participantes.
Texto e Foto Firmino Paixão
Será o desporto “um fogo que arde sem ver”, como Camões disse do amor? Se é, os bombeiros apagam. Porque o fogo “é ferida que dói” e os soldados da paz de Vidigueira sabem-no bem, atentos que estão para que o seu território não seja assolado pela calamidade que tem vitimado as regiões norte e centro do País. Entretanto, esta novel associação humanitária do distrito (só a de Milfontes lhe é posterior) quer mostrar-se à comunidade e recrutar mais voluntários promovendo eventos que estimulem o bem-estar das pessoas, ideias que nos foram deixadas pelo subchefe José Liberal: “O objetivo é levarmos os bombeiros para junto da comunidade, promovermos os valores do voluntariado, para que as pessoas possam saber que, para além daquilo que é o dia a dia de uma associação como a nossa, também somos capazes de nos inserir na comunidade e eliminar as barreiras físicas do nosso quartel através da organização de eventos”.
E foi neste espírito que saiu para o terreno a primeira edição do BTT Nos Trilhos do Vinho de Talha, prova que reuniu cerca de 220 bicicletas, oriundas de norte a sul de Portugal, um número que José Liberal considerou ter superado as expectativas. O operacional dos bombeiros de Vidigueira revelou que “os amantes da modalidade dizem que é única prova que disponibiliza local para campismo e acesso a um complexo de piscinas, mostra o património além de proporcionar que as pessoas passem um fim de semana em família. Quando regressam às suas origens levam um maior conhecimento da nossa terra e, provavelmente, muita vontade de aqui voltarem”.
O programa social do evento incluiu “visitas ao museu municipal, ao Museu da Casa do Arco, à ruínas romanas de São Cucufate, à Adega Cooperativa, além do tradicional Vidigueira de honra”, sublinhou José Liberal.
Esta “grande festa do verão”, como a organização qualifica o evento, vem na sucessão dos Trilhos do Baco, explicou José Liberal, “Os Trilhos do Vinho de Talha são sucessores do Terras de Baco, prova que realizámos durante 12 anos. Entretanto existiu uma paragem de um ano, este ano reativámo-la com algumas alterações, nomeadamente a designação da prova, por isso, podemos dizer que, tendo a experiência e conhecimento do passado, estamos a começar do zero. Fizemos um pequeno percurso noturno no sábado, que foi bem participado, no domingo tivemos três trilhos, 70 quilómetros para os mais corajosos e preparados, outro de 40 quilómetros e um de 25 quilómetros guiado para turistas e jovens”.
Na contabilidade dos apoios, Liberal acentuou: “Temos uma grande ajuda da parte do município, das juntas de freguesia do concelho e duas juntas de freguesia do vizinho concelho de Portel (Santana e Vera Cruz), onde a prova também passou. Logo no primeiro contacto revelaram toda a disponibilidade para nos apoiarem, mas também agradecemos aos proprietários dos terrenos e a cerca 50 a 60 pessoas da comunidade local que se disponibilizaram voluntariamente para nos ajudar nesta organização”.
No seio do pelotão, Paula Valente e o marido, Luís Cordeiro, dois “Lobos do pedal”, ostentavam na bicicleta os frontais com os números 1 e 2, distinção que premeia a assiduidade e a perseverança da sua presença. Paula tomou a palavra para revelar: “Viemos de Aveiro, eu e o meu marido adoramos andar de bicicleta, já vimos à Vidigueira para aí desde 2009, porque achámos engraçada a possibilidade de podermos trazer a família e existir um programa onde nos divertimos, temos duas meninas e elas adoram piscina”. Comentou então que: “No primeiro ano viemos um pouco para ver como era. Agora são elas que não nos deixar faltar à prova de Vidigueira”. E porquê? “Pela maneira como somos recebidos, os trilhos também são fantásticos, além daquele convívio entre ‘betêtistas’, ao acampar, nas piscinas, a parte social, é tudo fantástico, vamos voltar porque as miúdas já não nos deixam faltar a este compromisso. Esta prova já faz mesmo parte do nosso calendário”, assegurou a ciclista aveirense.
Os vencedores ficarão na história da prova, mas a missão está cumprida. Sem operacionais nos fogos mais longínquos, os combatentes das Terras de Pão e Gentes de Paz estão, isso sim, de olhos postos na vigilância da serra do Mendro.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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