quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Catarina Caro: “disparar é fácil, acertar é que é difícil”: tiro aos pratos


“Houve uue o meu pai é atirador nesta disciplina de fosso olímpico e eu, desde pequenina, via-o sair para os treinos com a espingarda. Uma vez perguntei-lhe se podia pôr a espingarda à cara. Era muito pequenina em relação à espingarda, mas senti esse desejo”.

Texto e foto Firmino Paixão
m dia em que tudo começou e de uma forma muito singular. O tiro esteve sempre presente, porq
Uma revelação da jovem atiradora Catarina Calero Caro, 16 anos, natural de Amareleja, Moura, que conta que decidiu ir com o pai a um treino, “observei tudo com muito interesse e gostei, pedi-lhe se podia atirar a um ou outro prato, ele acedeu, e aquilo deu-me uma grande satisfação. Gostei imenso e a partir daí o tiro entrou um pouco mais a sério na minha vida”.
Catarina frequenta o 11.º ano do curso de Ciências e Tecnologias na Escola Secundária de Moura, depois de um percurso bem-sucedido no Agrupamento de Escolas de Amareleja onde, em dois anos letivos, integrou o “Quadro de excelência” escolar: “Foi uma forma de reconhecimento pelo meu trabalho, o esforço e a dedicação ao longo de cada ano letivo, um estímulo para que consigamos os nossos objetivos”, justificou. Um tributo com muito simbolismo para uma jovem que já escolheu a sua profissão: “Quero seguir Medicina, quero ser médica. Mais tarde fazer a especialização em Pediatria ou noutra área, logo veremos”. Um percurso de alguma forma facilitado pelo bom aproveitamento escolar que tem conseguido: “Na verdade, a Medicina requer boas notas e muita aplicação, mas é preciso que gostemos dessa área, algo que seja o nosso sonho. São requisitos importantes para seguirmos por este caminho. Eu esforço-me muito e procuro ser sempre melhor”.
Ter a mãe na área do ensino também acaba por ser um estímulo, concordou a jovem atiradora, num discurso muito seguro e fluente: “É verdade, a minha mãe leciona, tem formação na área do primeiro ciclo e pré-escolar. É sempre muito bom que os pais estejam presentes quando nós sentimos algumas dificuldades”.
Mas afinal, como é que uma jovem nesta idade ocupa o seu tempo livre em Amareleja? “Em Amareleja, ou em qualquer lugar, depende do gosto de uma pessoa, é algo comum em qualquer lugar”. Nem mais Catarina: “Sou uma pessoa que gosta muito de ler e de escrever, gosto imenso de estar ao ar livre a praticar desporto, gosto de tocar viola, tenho muita imaginação e isso faz com que eu goste imenso de sonhar e de pensar em imensas coisas, e claro, como todos os jovens, gosto imenso de estar com os amigos e com a família”. Por isso, pegar numa espingarda e apertar o gatilho foi algo que fez com naturalidade: “Disparar é sempre muito fácil, acertar no prato é que é muito mais difícil”, explicou com um sorriso revelador de que está a falar de algo que entrou na sua vida como um compromisso.
E contou que: “Uma vez fui treinar com o meu pai ao Campo de Tiro de Beja e, por coincidência, estava cá o selecionador nacional, Custódio Ezequiel, com alguns atiradores juniores, num estágio promovido pela federação. Conversámos e, na sequência desse contacto, tive oportunidade de estar em alguns estágios da seleção”. Uma boa razão para que a modalidade estivesse cada vez mais presente nos seus compromissos, e acentuou: “O selecionador Custódio Ezequiel promove a interação entre os atiradores e relança-os para a carreira do tiro, algo que também é muito importante, mas o meu pai é o meu treinador e tem-me ensinado muito. O tiro é uma modalidade muito técnica, requer muitos pormenores e enorme concentração”.
A filiação no Clube de Caçadores do Baixo Alentejo foi uma opção natural: “O meu pai atira por este clube e então, tendo um clube aqui no distrito de Beja, porque não filiar-me também? Acho que me insiro melhor ficando perto da minha terra. Por outro lado, a presidente do clube, Ana Paula Inácio, tem uma empresa de cartuchos e é a minha patrocinadora”.
Catarina Caro já disputou algumas provas do Campeonato de Portugal e explicou que: “Comecei a atirar há dois anos, o primeiro campeonato que disputei foi mais com o espírito de participação, para descobrir o que é o tiro, ver se me adaptava bem, se gostava”. Já no último ano, adinta: “Foi mais um tempo de descobertas, interiorizar os pormenores, perceber e aperfeiçoar as técnicas. Claro que tive momentos em que os resultados foram melhores, outros nem por isso, estava num período de aprendizagem, mas tenho a consciência de que estou a elevar o meu nível e as coisas estão a correr melhor”.
Está, pois, na altura de juntar ao sonho da Medicina, o sonho de um título nacional: “Claro, no próximo ano quero já obter boas classificações nas provas nacionais, melhorar o meu nível competitivo, quem sabe se conseguirei estar na Copa do Mundo de Juniores. Nada é impossível, mas com muita dedicação, porque só os melhores entre os melhores é que conseguem estar nos grandes palcos competitivos”, assegurou.

Fonte:  http://da.ambaal.pt/

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