sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Bola de trapos, edição de 23 de agosto de 2019 no Diário do Alentejo

José Saúde
João Rosa
Corpo franzino, drible requintado e sempre com o sentido nato na baliza adversária, João Rosa foi um avançado temível. A sua arte em faturar golos foi brilhante e os defesas martirizavam-se com a irreverência de um jogador que lhes dava trabalho acrescentado. Aliás, nesses tempos nem o mais incauto opositor no sector defensivo desconhecia o seu engenho e arte quanto ao paradigma como o rapaz tratava agilmente a redondinha. João Rosa nasceu na freguesia da Trindade a 15 de novembro de 1950, mas o pai registou-o a 15 de dezembro, sendo este o dia que refere a sua certidão de nascimento. Muito jovem rumou a Beja e foi com a moçada do Bairro da Apariça que deu os primeiros chutos na bola. O campo, desalinhado e impregnado de objetos adversos a uma miudagem que se entretinha com o prazer do jogo, situava-se na mata de fronte ao balneário público, lugar onde hoje se localiza o Hospital José Joaquim Fernandes. Depois vieram os derbies protagonizados por uma rapaziada que aí fazia prevalecer os seus dotes futebolísticos. Seguiu-se o Despertar, emblema que detinha em Beja a supremacia da formação, que lhe franqueou as portas e lá foi o débil miúdo para a equipa de juvenis. Com as cores despertarianas João Rosa fez, no velhinho “Rasga”, todo o percurso no futebol juvenil. O seu nome suscitava interesse e o clube vizinho, Desportivo, na época de 1970/1971 convidou-o para ingressar no então emblemático grémio. Convite aceita e eis o genial atleta a envergar as cores do clube da Rua do Sembrano. Curiosamente o mentor desta crónica foi um dos companheiros de balneário que o recebeu, sendo a sua chegada, tal como a de Zé Romão e Ildo, aceite com euforia. Nessa temporada o plantel era formado na base de jogadores oriundos dos clubes de terra, existindo, no entanto, a exceção do Saúl, Setúbal, e Quinito, Évora. João Rosa recorda um jogo para a Taça de Portugal, contra o Atlético, que lhe ficou na memória visto que o clube de Alcântara militava no escalão superior: “Nessa época eliminámos o Atlético da Taça e vencemos por 3-1. Marquei um golo, sendo os outros dois apontados pelo Quinito e Caetano”. Numa viagem a memórias desportivas regista-se que dessa fabulosa equipa saíram na temporada seguinte, 1971/1972, o Zé Romão para o Vitória de Guimarães e o João Rosa para o Lusitano de Évora. “Após essa experiência no Lusitano, regressei ao Desportivo onde permaneci até à época de 1979/1980. Depois dá-se o meu regresso ao Despertar, tendo feito dupla técnica com o António Lança. Pegámos na equipa na segunda divisão distrital e levámos o Despertar à terceira divisão nacional, tendo em duas épocas ganho tudo o que havia para ganhar”. No seu currículo consta uma passagem como treinador pelas camadas jovens do Desportivo e uma outra como técnico do Trindade no campeonato distrital do Inatel.
Fonte: Facebook de Jose saude.

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