O
sineense Camilo Abdula, atual vice-campeão da Europa de Surf Adaptado,
está pela segunda vez nos Estados Unidos da América para “domar” as
ondas numa das mais importantes provas do mundo. Foi esta modalidade que
lhe “mudou” a vida.
Texto: Ângela Nobre
Camilo Abdula nasceu em Lisboa, mas sente- -se “naturalmente alentejano”, até porque vive em Sines desde que era ainda bebé. Praticou natação, jogou futebol e, entre partidas de voleibol na praia, chegou a ser atleta federado de andebol durante mais de 20 anos. Foi no entanto o surf que lhe “conquistou” o coração. “É o desporto de eleição, é uma modalidade especial para mim, que me faz sentir bem. De todos os desportos que pratiquei é deste que mais gosto”, diz em entrevista ao “Diário do Alentejo” nos dias que antecederam a sua viagem para a Califórnia. As primeiras ondas que “apanhou” foram com uma prancha de bodyboard. Tinha 13 anos e ia para a praia com o irmão, cinco anos mais velho, e com os amigos dele.
Aos 18, trocou a prancha de body-board pela de surf e desde então nunca mais parou. Apesar de já surfar há muitos anos, em competições apenas tinha participado enquanto juiz, nunca como atleta. “Comecei a competir aos 38 anos, já fazia surf há 20. A Federação contactou-me para fazer provas e ver que tipo de deficiência é que eu tinha e acabei por entrar na seleção nacional de surf adaptado”. A primeira competição “a sério” em que participou enquanto atleta, em 2018, foi precisamente a mesma em que vai voltar agora a participar. “O mundial, para primeira experiência, não foi mau. Podia ter sido melhor, mas não fui muito bem preparado, não sabia ainda o que era a competição a sério, como sei hoje. Fiquei em 13.º lugar, mas para primeira experiência, até acho que foi razoavelmente bom”. Desta vez regressa com “expectativas mais elevadas” à praia de La Jolla, na Califórnia. Volta com mais experiência e com o título de vice-campeão europeu, conquistado em Viana do Castelo no ano passado. “A minha expectativa é fazer melhor do que no último mundial, em que cheguei aos quartos-de- -final.
Quero chegar um bocadinho mais longe, às meias-finais ou à final”. Para se preparar para a prova, Camilo costuma participar noutras competições. No entanto, fá-lo com esforço pessoal e apoio de algumas empresas da região onde vive, já que “praticamente não há apoios a nível individual”, apenas contando com apoio federativo quando representa a seleção nacional. Além disso, faz treino de ginásio, natação e sempre que há ondas treina no mar, na zona de Sines e por toda a costa alentejana, principalmente aos fins de semana, uma vez que durante a semana mantém a atividade profissional normal, enquanto técnico aduaneiro, numa empresa onde trabalha há 20 anos. Com uma def iciência no braço esquerdo, Camilo compete na classe “stand 1”, que agrupa desportistas que surfam sozinhos, sem ajuda e em pé. “Tenho uma doença congénita no braço esquerdo mas isso nunca me impediu de realizar qualquer tarefa”.
Diz encarar com naturalidade a diferença, admitindo no entanto ter sentido alguma discriminação ao longo da vida: “Ainda hoje acontece estar, por exemplo, a passear com a minha mulher e as pessoas ficarem a olhar, a comentar… Às vezes é triste, mas temos de ser positivos e não nos deixar afetar”. Além de Camilo Abdula, vão também regressar à competição neste mundial os surfistas Marta Paço e Nuno Vitorino, campeões da Europa nas suas classes, e que conquistaram, respetivamente, o terceiro e quarto lugares em 2018 em La Jolla
Fonte: https://diariodoalentejo.pt/
Texto: Ângela Nobre
Camilo Abdula nasceu em Lisboa, mas sente- -se “naturalmente alentejano”, até porque vive em Sines desde que era ainda bebé. Praticou natação, jogou futebol e, entre partidas de voleibol na praia, chegou a ser atleta federado de andebol durante mais de 20 anos. Foi no entanto o surf que lhe “conquistou” o coração. “É o desporto de eleição, é uma modalidade especial para mim, que me faz sentir bem. De todos os desportos que pratiquei é deste que mais gosto”, diz em entrevista ao “Diário do Alentejo” nos dias que antecederam a sua viagem para a Califórnia. As primeiras ondas que “apanhou” foram com uma prancha de bodyboard. Tinha 13 anos e ia para a praia com o irmão, cinco anos mais velho, e com os amigos dele.
Aos 18, trocou a prancha de body-board pela de surf e desde então nunca mais parou. Apesar de já surfar há muitos anos, em competições apenas tinha participado enquanto juiz, nunca como atleta. “Comecei a competir aos 38 anos, já fazia surf há 20. A Federação contactou-me para fazer provas e ver que tipo de deficiência é que eu tinha e acabei por entrar na seleção nacional de surf adaptado”. A primeira competição “a sério” em que participou enquanto atleta, em 2018, foi precisamente a mesma em que vai voltar agora a participar. “O mundial, para primeira experiência, não foi mau. Podia ter sido melhor, mas não fui muito bem preparado, não sabia ainda o que era a competição a sério, como sei hoje. Fiquei em 13.º lugar, mas para primeira experiência, até acho que foi razoavelmente bom”. Desta vez regressa com “expectativas mais elevadas” à praia de La Jolla, na Califórnia. Volta com mais experiência e com o título de vice-campeão europeu, conquistado em Viana do Castelo no ano passado. “A minha expectativa é fazer melhor do que no último mundial, em que cheguei aos quartos-de- -final.
Quero chegar um bocadinho mais longe, às meias-finais ou à final”. Para se preparar para a prova, Camilo costuma participar noutras competições. No entanto, fá-lo com esforço pessoal e apoio de algumas empresas da região onde vive, já que “praticamente não há apoios a nível individual”, apenas contando com apoio federativo quando representa a seleção nacional. Além disso, faz treino de ginásio, natação e sempre que há ondas treina no mar, na zona de Sines e por toda a costa alentejana, principalmente aos fins de semana, uma vez que durante a semana mantém a atividade profissional normal, enquanto técnico aduaneiro, numa empresa onde trabalha há 20 anos. Com uma def iciência no braço esquerdo, Camilo compete na classe “stand 1”, que agrupa desportistas que surfam sozinhos, sem ajuda e em pé. “Tenho uma doença congénita no braço esquerdo mas isso nunca me impediu de realizar qualquer tarefa”.
Diz encarar com naturalidade a diferença, admitindo no entanto ter sentido alguma discriminação ao longo da vida: “Ainda hoje acontece estar, por exemplo, a passear com a minha mulher e as pessoas ficarem a olhar, a comentar… Às vezes é triste, mas temos de ser positivos e não nos deixar afetar”. Além de Camilo Abdula, vão também regressar à competição neste mundial os surfistas Marta Paço e Nuno Vitorino, campeões da Europa nas suas classes, e que conquistaram, respetivamente, o terceiro e quarto lugares em 2018 em La Jolla
Fonte: https://diariodoalentejo.pt/
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