quarta-feira, 22 de julho de 2020

Bola de trapos, edição de 10/07/2020 no Diário do Alentejo

José Saúde
Despertar
Relato, com conhecimento de causa, que o Despertar Sporting Clube, fundado a 24 de junho de 1920, é o segundo emblema mais antigo da cidade de Beja, atrás do extinto Luso (16 de junho de 1916). Vistoriando os seus 100 anos de existência, porque a gesta é real, tanto mais que os tempos que levei dedicados ao estudo pormenorizado do fenómeno futebolístico distrital são sinónimo de autenticidade, principalmente quando narramos acontecimentos doutras eras. A sigla do grémio comporta o nome Sporting que advém do apelido ter sido ganho, por maioria, em detrimento daqueles que votaram como adeptos do Benfica. O dever cívico interiorizado neste já idoso escriba, levou-me aos primórdios do centenário do aniversariante, trazendo justamente à opinião pública Manuel Gonçalves Peladinho, o primeiro presidente do Despertar. Tudo, porém, começou antes quando um grupo de jovens de idades compreendidas entre os 13 e os 15 anos que atuavam, à época, nos grupos o “Libertário” e “Infantil”, resolveram juntar-se e formar um clube. Desvendando esses estreitos trilhos, sabe-se que os rapazes se reuniam sob a luz ténue de um candeeiro a petróleo que iluminava, à noite, a via pública, lá para as bandas onde se localiza hoje a Rua Fialho de Almeida, em Beja, e junto a uma estalagem que dava pelo nome de Bárbara Meneses. Curioso foi a mística lançada nas hostes em que a plebe alcunhou o grémio como “Rasga”, um veredito popular motivado pela avalanche de pessoal operário que envergava a sua camisola. Diz-nos, ainda, o seu histórico que a primeira sede foi numa vacaria localizada na rua Freire Amador Arraiais, propriedade de um lavrador de nome Manuel Agostinho Dias. As instalações eram imundas o que granjeou comentários da plebe da bola apelidando o local como o sítio da “Pega Azul”. O Despertar possui um copioso passado. A sua ação desportiva foi sempre eclética. Estatutariamente só o boxe é uma modalidade que jamais entrou no seu rosário de contas. De resto, o seu património desportivo, assim como as eficazes implementações de infraestruturas, regem-se pelo positivismo. Do Despertar saíram excelentes jogadores para clubes de nomeada nacional. Jovens atletas que transportaram consigo as origens despertarianas, sendo que alguns militaram no Benfica e Sporting, outros no Vitória de Setúbal e de Guimarães, designadamente. No Despertar o capítulo formação tem sido uma bênção determinante. Olhou-se para as capacidades existentes e os avanços foram pautados pela segurança. Recusou-se o aventureirismo e a ganância da vitória. Construiu-se, paralelamente, um valioso património. Contempla-se, atualmente, o seu considerável pé-de-meia e constatamos a posse de uma sede, construída de raiz, integrada numa zona distinta onde prolifera um esplêndido complexo desportivo e uma bomba de gasolina que reflete a sua grandiosidade no que concerne aos capitais entrados na tesouraria. Despertar, um símbolo de eleição!
Fonte: Facebook de Jose Saude

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