O Campeonato Distrital da II Divisão da Associação de Futebol de Beja foi um exemplo nesta temporada desportiva atribulada e marcada pelas incertezas de uma pandemia. Chegou até mais adiante que a competição principal… e sem contestações. Não se sabe ainda se, e como, terminará, mas sim, ficou a saber-se que mais faz quem quer do que quem pode.
Texto Firmino Paixão
Numa época diferente de todas as anteriores, em que o universo futebolístico regional se dividiu entre os que quiseram muito jogar, os que nem por nada o quiseram fazer e os que defenderam os adiamentos, o “Secundão” foi o campeonato mais participado das últimas épocas. Teve abandonos, regressos, estreias e, este ano, excecionalmente, não contou com despromovidos do escalão principal. Foi suspenso no início de janeiro, quando se avançava para a oitava jornada, a primeira da segunda volta, à semelhança das restantes competições de caráter amador, devido ao confinamento decretado em face ao agravamento da pandemia de covid-19. Não se sabe, repetimos, se, e como, irão acabar esta e as outras competições regionais no escalão de seniores, nas diferentes associações regionais do país futebolístico. Mas acreditamos que se poderão concluir.
Ao todo, 22 equipas apresentaram-se na competição, havendo necessidade de as enquadrar em três séries, segundo os critérios de proximidade geográfica, tendo como parâmetros o norte, sul e litoral da região. Os concelhos de Aljustrel (Aljustrelense B, Alvorada, Messejanense e Negrilhos) e Odemira (Amoreiras Gare, Naverredondense e Pereirense, Renascente) foram os mais representados, cada um com quatro clubes, seguindo-se Beja (Albernoense, Bairro da Conceição e Salvadense) com três, Almodôvar (Aldeia dos Fernandes e Santa Clara-a-Nova), Castro Verde (São Marcos e Sete) e Ourique (Ourique e Santa Luzia) com dois clubes. Com representação única temos os concelhos de Alvito, Barrancos, Moura Serpa e Vidigueira. Os concelhos de Cuba, Ferreira do Alentejo e Mértola, não estão representados nesta competição.
Este é o patamar intermédio entre o futebol amador federado – sim porque os atletas que competem nos campeonatos da Fundação Inatel também já estão filiados na Federação Portuguesa de Futebol – e o segundo escalão do futebol sénior tutelado pela Associação de Futebol de Beja (AFBeja). Quanto aos recursos humanos, os financeiros “são contas de outro rosário”, diremos que o campeonato se iniciou com 551 jogadores inscritos (com a prova suspensa há cerca de mês e meio, é absolutamente natural que tenha existido alguma debandada), sendo que o maior número de atletas inscritos, por clube, foi de 29 (Alvito, na Série A, Santa Clara-a-Nova na Série B, Aldeia dos Fernandes e Santa Luzia, na Série C). O plantel com a média de idades mais elevada é o do Messejanense (34,57 anos para 20 jogadores), à frente do Pereirense (31,74), equipa que tem nas suas fileiras o jogador mais veterano do campeonato, o defensor Filipe Mendes (Pipas) com 49 anos, natural de São Bartolomeu de Messines, onde fez a maior parte do seu percurso desportivo, tendo jogado também na região alentejana com as camisolas do Sabóia e do Santaclarense. O plantel mais jovem veste de amarelo e está em Barrancos, com apenas 21 jogadores e uma média de idades de 22,04. Neste lote de meio milhar de atletas existem vários com idades entre os 17 e os 18 anos, até porque, não havendo competição para os escalões de juvenis e juniores, vários clubes têm vindo a utilizar nestas equipas alguns dos seus jovens mais promissores. Estão em prova 26 jogadores com idades superior aos 40 anos (quatro na Série A, onze na Série B e onze na Série C), sendo que o Messejanense e o Renascente são as equipas com maior número de ‘quarentões’ (quatro).
Ainda no que diz respeito à pirâmide etária, cabe aqui referir que o técnico mais jovem em atividade nestas equipas é Márcio Mestre (São Marcos) e o mais velho é Bélinha Piçarra (Serpa B) com os seus magníficos 61 anos. E quem são os treinadores em exercício neste campeonato? Vejamos.
Série A: Marco Trombinhas (Albernoense), João Santos (Salvadense), Rui Mendes (Amarelejense), João Parreira (Bairro da Conceição), Bélínha Piçarra (Serpa B), Reinaldo Caçador (Barrancos), To Zé Domingues (Vasco da Gama B), Luís Ramos (Alvito);
Série B: Márcio Mestre (São Marcos), Nélson Martins (Santa Clara-a-Nova), Pedro Nilha (Negrilhos), Diogo Rosado (Aljustrelense B), Paulo Capela (Messejanense), Jesus Neca (Alvorada), José Caixeiro (Sete);
Série C: Luís Miguel (Renascente), Luís Coelho (Naverredondense), Fernando Silva (Amoreiras Gare), Rui Brito (Ourique), Fábio Eugénio (Aldeia dos Fernandes), Luís Leal (Santa Luzia), José Gonçalves (Pereirense).
O campeonato é, obviamente, disputado maioritariamente por jogadores portugueses, mas conta com 43 atletas estrangeiros (10 na Série A, três na Série B e 30 na Série C) e de oito diferentes nacionalidades. O Brasil é o país mais representado, com 16 jogadores, seguido de Cabo Verde, com 15, Angola com quatro, Guiné Bissau, com três, Roménia, com dois, Chile, Guiné Conacri e Marrocos, com um jogador. O plantel mais internacional é o do Beira Serra Naverredondense, que conta com 12 jogadores estrangeiros (sete diferentes nacionalidades) entre os 24 do plantel. As equipas só com jogadores portugueses são o Amarelejense, Barrancos e Salvadense (na Série A), São Marcos, Santa Clara-a-Nova, Negrilhos, Aljustrelense B e Sete (na Série B) e Aldeia dos Fernandes (na Série C).
Na medida em que são as duas equipas com os planteis mais numerosos (29 jogadores), pode afirmar-se que o Santa Clara-a-Nova e o Aldeia dos Fernandes são as equipas mais portuguesas do campeonato. Curiosamente, são ambas do concelho de Almodôvar. Os líderes das três séries, à data da interrupção do campeonato, são o Albernoense (Série A), São Marcos (Série B) e Renascente (Série C). A única equipa sem derrotas é o São Marcos. Alvito, Sete e Pereirense ainda não ganharam. O Barrancos tem o ataque mais realizador (19 golos) e o Alvito tem a defesa com mais golos sofridos (25).
FONTE: https://diariodoalentejo.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário