Um momento mágico, pleno de arte, de cor e de fantasia. Uma coreografia de grupo a recriar o universo de Harry Potter, o bruxo fantasiado pela romancista britânica J. K. Rowling, e apresentada por cerca de três dezenas de jovens patinadores artísticos do Clube de Patinagem de Beja.
Texto Firmino Paixão
O Clube de Patinagem de Beja quis apresentar ao seu público, e no pavilhão que ostenta o nome do seu fundador, João Serra Magalhães, o momento artístico que levou à Gala de Natal da Associação de Patinagem do Alentejo e Algarve, que se realizou no Complexo Desportivo de Lagos.
E foi com esse propósito, também o de mostrar o trabalho que ao longo da semana os patinadores vêm realizando, que o coletivo de patinadores artísticos do clube se apresentou, no último fim de semana, na cidade de Beja.
Miguel Mangas, antigo campeão nacional e europeu de patinagem artística, é, atualmente, o treinador principal do Clube de Patinagem de Beja (CPBeja) e o próprio revelou ao “Diário do Alentejo” que este foi o trabalho apresentado na gala, em Lagos, e que incidiu sobre todo o trabalho que tiveram ao longo do ano. “Foi também uma forma de eles mostrarem aquilo que aprenderam e, sobretudo, para eles se divertirem, porque também faz falta.
Porque estes jovens, seguramente, não estarão a pensar numa carreira na patinagem, mas sim para desfrutarem destes momentos e, por outro lado, também lhes faz muito bem ao nível do convívio e da promoção da saúde”.
O treinador salientou ainda: “Hoje tivemos aqui uma apresentação mais breve, só para demonstrarmos o que temos andado a trabalhar e, quem sabe, se este momento inspirou os pais e outros pequeninos, que tenham assistido à nossa apresentação, para conseguirmos trazer mais gente para a patinagem, porque temos alguma falta de patinadores, principalmente, meninos”.
A modalidade exige um intenso trabalho de retaguarda, sobretudo, de persistência, especialmente, quando falamos de patinadores muito jovens. Contudo, Miguel Mangas admitiu que vai fazendo alguns milagres.
“Vou tentando acompanhar a evolução deles da melhor forma, procurando que eles cresçam e passando aquilo que foi a minha experiência e a minha prática de muitos anos. Mas, acima de tudo, pretendo é que se divirtam, porque o desporto tem de lhes proporcionar estes momentos. Contudo, procuramos que cheguem o mais longe possível. Quem sabe se um dia poderão ganhar campeonatos distritais ou nacionais e terem participações lá fora. Isso também está dentro dos nossos objetivos”.
Nesse sentido, o técnico reforçou: “Pretendemos que o Clube de Patinagem de Beja seja, um dia, um clube mais virado para a competição e para a alta competição, mas isso exige muitíssimo trabalho, não só da minha parte, mas também da direção do clube, dos pais e, principalmente, da dedicação deles, pois nada se faz sem a vontade própria”. Para isso, o riquíssimo palmarés de Miguel enquanto patinador é um elemento facilitador neste processo de aprendizagem, porque acaba por ser um exemplo que eles devem seguir.
“Procuro sempre partilhar aquilo que aprendi ao longo dos anos. Acho que é o mais correto e julgo que é o caminho que eles devem seguir se quiserem, um dia, chegar ao nível que eu consegui atingir. Na patinagem, quero direcioná-los para o melhor que lhes conseguir proporcionar”, admitiu o treinador.
Uma das protagonistas da coreografia, até com papel de destaque, foi a patinadora Mafalda Almodôvar, que nos relatou: “O tema é centrado na personagem do Harry Potter, com a participação de patinadores desde a classe de iniciação até à classe de competição, com vários papéis, porque o importante é que todos participem, pois é assim que se cria um verdadeiro espírito de grupo”.
A patinagem artística é, de resto, uma modalidade exigente, com diferentes variantes como as figuras obrigatórias, a patinagem livre ou o solo dance, por isso, a jovem atleta alertou: “Para se atingir um bom nível precisamos, sobretudo, de muita confiança. Podemos chegar aqui um dia, aprendemos a patinar e, quando fizermos alguma exibição, podemos cair com alguma frequência, mas nunca devemos desistir. Se não formos persistentes, nunca conseguiremos atingir os nossos fins”.
Mafalda recordou que “o CPBeja é um clube onde todas as crianças são bem-vindas para aprenderem a patinar. Somos uma família. Todos os dias chegam miúdos novos e estes exemplos são motivadores para todos eles. Mas é importante realçar o trabalho que é feito na iniciação, pela Ana Reis e pelo André Lucas, que cativam e ensinam os mais jovens a patinar, e isso é a base de tudo. Mas não nos ensinam só a patinar, ensinam-nos a sermos amigas e amigos do próximo e isso é importante”.
Um convite, um desafio, a que acrescentou a ideia: “A magia da patinagem consiste, essencialmente, na força e na vontade com que nos aplicamos, na dedicação que temos pela modalidade. Quando alguma figura não nos sai bem à primeira, ou à segunda, temos que insistir, temos que treinar mais, até sermos mais perfeitas. É essa vontade, essa força interior, que envolve a patinagem artística, e que lhe dá essa magia. As pessoas quando vêm assistir a uma apresentação, nem imaginam o trabalho que temos para chegar a estes momentos. São muitas horas dentro de pavilhões, a treinar, a insistir no aperfeiçoamento, mas, depois, quando vemos as provas a correr, conseguindo um lugar acima do que estávamos à espera, sentimos que o nosso esforço está recompensado. Sentimos uma satisfação enorme. Não sou eu só que o sinto, falo por todos os patinadores”.
Depois, uma referência ao treinador: “O Miguel Mangas tem sido determinante no nosso crescimento como atletas e como pessoas, além de promover a nossa valorização, através dos treinos mais intensivos que nos ministra, partilhando todos os momentos da sua grande e muito prestigiada carreira de patinador, é uma grande inspiração para nós. Quem sabe se, um dia, ele não voltará a patinar connosco?”. Será um anúncio? Talvez! Mas, antes de concluir, Mafalda Almodôvar ainda fez outra revelação: “Temos o sonho de um dia dar títulos a este grande clube. E falo por mim, que prometi só abandonar a patinagem quando conquistar uma medalha a nível nacional. Isso é algo que todos os patinadores procuram”.
~Fonte: https://diariodoalentejo.pt
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