sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A excelência do projeto


O Clube Náutico de Mértola regressou do Campeonato Nacional de Velocidade de Canoagem, em Montemor-o- -Velho, com sete pódios e três títulos nacionais conquistados, além do décimo lugar por equipas.

Texto Firmino Paixão


O Campeonato Nacional de Velocidade de Canoagem, destinado aos escalões de iniciados, infantis e cadetes, rendeu aos atletas de Mértola a presença em todas as finais A e a conquista de três títulos nacionais. Rafael Jesus, em K1 infantil e em K2 infantil, em tripulação com Henrique Domingos, e em K4 infantil, a embarcação tripulada por Henrique Domingos, Afonso Alho, Rafael Jesus e Alexandre Inácio conseguiu a medalha de bronze. Nas canoas, sagraram-se campeões nacionais, em C4 1 000 metros, os cadetes André Nunes, António Fernandes, Manuel Inácio e Rafael Valente. Os atletas António Fernandes e André Nunes alcançaram também os títulos de vice- -campeões nacionais, em C2 200 metros e em C2 1 000 metros. Este último também assegurou a medalha de bronze em C1 200 metros. Resultados que colocaram o clube num honroso 10.º lugar, conforme assinalou Carlos Viegas, presidente do Clube Náutico de Mértola.

Uma prestação brilhante?Foi algo de extraordinário, não sendo uma novidade para o clube mas, no enquadramento atual, com esta concorrência face ao nível que a canoagem chegou, e ao nível que Portugal atingiu, estes nossos resultados são absolutamente extraordinários. Sabíamos que, entre todas as boas classificações que se conseguiram, cada uma delas seria possível, não sabíamos era se conseguiríamos este resultado.


Então este sucesso acabou por confirmar as vossas expectativas?Os resultados foram acima das nossas expectativas. Sabíamos, por exemplo, que o Rafael Jesus tinha fortes hipóteses de lutar por medalhas, mas não estávamos seguros da sua capacidade para depois fazer os apuramentos em K1, em K2 e em K4, chegar às respetivas finais e conseguir os resultados que conseguiu. Estamos a falar de vários atletas que fizeram várias provas, quer em kayaks infantis, quer em canoas cadetes, que acabaram por fazer resultados não inesperados, mas absolutamente fantásticos.


Muito mais relevante quando falamos de competições ao nível da formação?Sim, mas temos outro fator que não é só a qualidade, é que efetivamente existe alguma quantidade. Quando temos um grupo e do seio dele se destaca um atleta e consegue resultados fantásticos, e nós ao longo dos últimos anos tivemos o Bruno Afonso que se destacou e foi o único que consolidou resultados e participações em provas internacionais com resultados muito positivos, neste momento temos um grupo que vem de trás e que já mostra uma grande qualidade.


O clube tem todas as razões para estar orgulhoso e confiante no futuro?Os registos do Rafael Jesus são equivalentes aos dos melhores cadetes, que têm mais dois anos do que ele. É um atleta fantástico, da mesma forma que nas canoas tivemos o António Fernandes e o André Nunes, que foram brilhantes, tal como os outros atletas que os complementam nas tripulações grandes, normalmente considerados segundas linhas, mas se não tiverem qualidade não servirá para nada entrar numa embarcação com eles. Depois temos outro fator, aquilo que aparentemente é o pior resultado dos nossos atletas, o resultado de uma atleta em canoa, o 9.º lugar na final A, é outro resultado de grande relevo.


E porquê esse último destaque?Porque as canoas no feminino são uma novidade em Portugal e no mundo. Este tipo de embarcação não era permitido às mulheres e não havia competições. Surgiram há pouquíssimos anos e já serão especialidade olímpica nos Jogos do Japão. Isto significa que estamos a abrir caminho numa outra área em que somos mais fracos mas, mesmo assim, estamos a brilhar com a Ana Alcario, a filha do antigo atleta que foi a nossa primeira referência na seleção nacional.


Algum destes atletas, por exemplo Rafael Jesus, será o sucessor de Bruno Afonso em termos do prestígio que ele já alcançou?Não, porque o Bruno Afonso está nas canoas e o Rafael Jesus faz kayak. Cremos mesmo que o Bruno Afonso não terá sucessor nos próximos anos, terá é quem o complemente, porque estes jovens cadetes, o António Fernandes e o André Nunes, se calhar, daqui a dois anos já farão tripulações com ele, em juniores ou seniores. Esses podem ser os seguidores mais próximos do Bruno Afonso, mas o Rafael está nos kayaks onde a competição ainda é mais dura e a afirmação dos atletas mais difícil. Mas o Bruno é um atleta que dentro de poucos anos estará a aferir-se pelos nossos medalhados olímpicos, o Emanuel Silva, o Fernando Pimenta, o João Ribeiro, atletas nacionais que são referências mundiais. Quanto ao Rafael, sendo extemporâneo falar do futuro de um infantil, com tanta coisa que acontecerá pelo caminho, mas tem com ele toda a matéria-prima para poder andar na primeira linha da canoagem, isso, sem dúvida.
Fonte: http://da.ambaal.pt/

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