A equipa do projeto Inclusão pela Arte, do bairro da Esperança (Beja), foi bicampeã nacional de futebol de rua e é com o sabor dessa conquista que o treinador Francisco Seita e o jogador Miguel Romão rumam à Holanda, onde a seleção nacional vai disputar o Campeonato do Mundo.
Texto e foto Firmino Paixão
“O objetivo é conquistar o título mundial, não faremos isso por menos”. Este é o sentimento revelado por Miguel Romão, guarda-redes da equipa bejense de futebol de rua, ancorada ao projeto Inclusão pela Arte, e da seleção nacional que entre os dias 12 e 19 de setembro disputará o Campeonato do Mundo em Amesterdão (Holanda).
O jogador confessou: “Representar Portugal é sempre um orgulho acrescido para nós, para os nossos familiares e amigos, para quem partilha connosco os campos do distrito”. O atleta campeão nacional, também jogador de futsal na equipa dos Ouriços, do Alcoforado, explicou que tem vivido este desafio “com muito entusiasmo, muita vontade”: “Aliás, como tudo aquilo que faço. Gosto de dar tudo de mim, trabalho a 100 por cento para atingir os meus objetivos”. E revelou que a semana em que esteve em Braga a disputar o nacional e a próxima estadia na Holanda “são experiências que nunca esqueceremos na vida; pelo que nos contam colegas que já foram anteriormente à seleção, é algo de inesquecível, agora falta é vivê-la, para termos a certeza de que é mesmo assim”. Quanto à experiência competitiva no futebol de rua, o guardião assumiu: “O facto de conhecermos outras pessoas e outras realidades faz-nos crescer como pessoas, partilhando momentos com gente que nunca pensámos conhecer. O futebol de rua é uma modalidade que só quem a pratica tem a noção daquilo que realmente é”, sublinhou Miguel Romão, nascido no Algarve, mas que adotou a cidade de Beja por razões sentimentais.
O jovem Francisco Seita, treinador da equipa do projeto Inclusão pela Arte, acabado de conquistar o segundo título nacional consecutivo, recorda: “Estivemos muito bem, quer no campeonato do ano passado, quer neste ano. Os miúdos têm todo o mérito nestas conquistas. O campeonato foi um pouco mais difícil, foi introduzida a regra que limita a participação dos jogadores a três anos e tivemos algumas baixas na nossa equipa, mesmo assim mantivemos um bom nível qualitativo e conseguimos chegar à final, e ao título, só com vitórias e só com quatro golos sofridos”.
O técnico destacou a presença da autarca Maria de Jesus Ramires (União Freguesias de Salvador e Santa Maria) na cidade de Braga, facto que considerou como “o reconhecimento do trabalho que tem sido desenvolvido”, e já com o pensamento na seleção nacional, onde partilha as funções de selecionador nacional com o técnico Bruno Sêco (Aveiro), sublinha a convocatória de Miguel Romão dizendo: “Espero que seja uma experiência única na vida dele”. Objetivos exigentes, confirmou, porque “Portugal é sempre uma das equipas favoritas, porque somos a n.º 3 do ranking mundial atrás do Brasil e do Chile, temos grandes expectativas, vamos ver como corre”. E assinalou também: “Tratando-se de um projeto sócio-desportivo, temos dois tipos de objetivos. Na vertente mais social o objetivo é mudar a vida dos jovens que participam neste projeto, a nível desportivo, é claro, cada vez que Portugal entra em campo é para vencer e as garantias que podemos dar é que deixaremos tudo em campo para que a vitória sorria para o nosso lado”.
Quanto à sua experiência enquanto selecionador nacional, Francisco Seita diz: “É muito gratificante ver o potencial que está ali por explorar e quando conseguimos tirar cá para fora esse potencial e vemos as coisas magníficas que acontecem é especial, porque os miúdos mudam drasticamente a sua vida pessoal. O sucesso que têm a nível desportivo torna-os melhores alunos, melhores filhos, melhores profissionais, há uma evolução a todos os níveis que nos deixa muito sensibilizados por estarmos ligados à sua valorização como seres humanos”. Por isso, acentua, com naturalidade: “Tenho muito orgulho em desempenhar estas funções. Trabalhar em projetos de inclusão social exige muita sensibilidade e é bom constatar que os miúdos crescem e evoluem em termos desportivos e sociais, e retemos lições para o nosso dia a dia que nos ajudam bastante”.
De resto, Beja já conhece três casos de sucesso: “O primeiro foi o Flávio Pereira, que já não joga, face à regra dos três anos de participação, mas continua no projeto, ligado a um curso internacional de árbitros que a Federação Holandesa esteve cá a ministrar. Os outros dois, Paulo Nunes e Carlos Miguel, participaram pelo último ano, mas ficarão ligados à equipa, ajudando na sua organização, porque é sempre proveitoso manterem esta ligação a um projeto que os ajudou a crescer”.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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