* Presidente da Direcção da Associação de Futebol de Beja
Arbitragem de Futebol e Futsal - Quem é o Dr. José Luís Ramalho, apresente-se em traços gerais como homem e dirigente associativo.
José Luís Ramalho - Chamo-me José Luís Ramalho, nasci no ano de 1951 no Concelho de Vidigueira, toda a minha vida profissional tem estado ligada ao ensino, tendo sido professor do Ensino Secundário, do Ensino Politécnico e do Ensino Universitário.
Nos últimos anos exerci cargos de gestão, nomeadamente na Universidade Moderna, na Escola Superior de Educação de Beja e por último, no Instituto Politécnico de Beja, onde após ter atingido o limite máximo de mandatos que a lei permite, solicitei a minha aposentação.
Ao longo deste tempo exerci ainda funções de dirigente em diversos outros órgãos nacionais, referentes ao Ensino Superior e à Acção Social.
De referir, que tenho também trabalhado no âmbito do associativismo, mais propriamente através da colaboração com Organizações Não Governamentais e outras Instituições, nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
AFF - Considera-se um homem do futebol? Como se deu a sua entrada na Associação de Futebol de Beja?
JLR - Sempre fui um apaixonado pelo desporto em geral, e pelo futebol em particular. No entanto, nunca exerci qualquer cargo como dirigente desportivo, até ao momento em que, sob a minha presidência, o Instituto Politécnico de Beja criou a equipa de futsal masculina.
No que se refere à minha entrada na Associação de Futebol de Beja, a mesma aconteceu na sequência da demissão de alguns elementos da Direcção e dos Conselhos de Arbitragem e de Disciplina, o que originou a realização de eleições intercalares, para um período de dois anos. Foi, então, que me foi lançado o repto para que aceitasse candidatar-me, como presidente da Direcção.
Após alguns dias de reflexão, e considerando que todos os elementos da anterior Direcção, que não pediram demissão, viam em mim capacidades para encabeçar a lista a candidatar, bem como se encontravam disponíveis para se recandidatarem e considerando também o meu passado profissional e as múltiplas experiências adquiridas, e o gosto que tenho em enfrentar novos desafios, aceitei de bom grado candidatar-me à Presidência da AFBeja, para o próximo biénio.
AFF - Terá pela frente um mandato de 2 anos, podemos esperar mudanças de fundo nas determinações gerais da Associação?
JLR - Embora consciente que a minha experiência na área do associativismo desportivo é mínima, mas com a minha persistência, com a excelente equipa que me acompanha, incluindo todos os órgãos da AFB, que no âmbito das suas autonomias, certamente não deixarão de fazer o melhor para o futebol Distrital, com os dirigentes dos clubes, com todos os agentes desportivos, e com os adeptos que connosco queiram trabalhar, iremos, em conjunto, analisar a actual situação do futebol no nosso Distrito e proceder à reestruturação daquilo que se venha, eventualmente, a considerar oportuno fazer.
Neste sentido, foi solicitado a todos os órgãos da AFB que apresentem propostas, caso o entendam, para alteração dos estatutos e dos regulamentos existentes. Já reunimos com todos os responsáveis dos clubes que praticam futebol feminino e futsal, para encontrarmos estratégias que possam contribuir para a promoção e desenvolvimento destas modalidades.
Estão, igualmente, a ser marcadas reuniões, descentralizadas, com todos os dirigentes e treinadores dos clubes inscritos nesta Associação, para tomar conhecimento das suas preocupações e das suas propostas para o futuro do nosso futebol sénior e de formação para que, em conjunto, possamos pensar em propostas de alterações a submeter à aprovação da Assembleia Geral, até ao final do presente ano civil, para que aquelas que sejam aprovadas possam vir a ser aplicadas na época de 2011/2012.
AFF - Quais tem sido as principais dificuldades desde que assumiu o posto?
JLR - Nestes poucos dias que tenho como presidente da AFB tenho que reconhecer que os Clubes e agentes desportivos têm sido tolerantes para comigo, mas tenho perfeita consciência que o meu estado de graça não se vai prolongar por muito tempo. São muitos e diversos os interesses dos nossos clubes, que muito dificilmente conseguiremos conjugar, apesar de um dos nossos objectivos ser o de ter sempre presente a defesa dos nossos clubes.
Neste período difícil que vivemos, a situação financeira do País reflecte-se, também, no dia a dia dos Clubes e das próprias Associações. Este será um dos grandes problemas para o associativismo desportivo, e que se começa já a sentir, com a agravante que não será fácil a AFB responder às dificuldades financeiras com que os clubes se irão debater.
AFF - Que conselhos deixa aos árbitros do distrito para a época que agora começa?
JLR - Já tive o prazer de me encontrar, por duas vezes, com os nossos árbitros, aproveitando os momentos de prestação de provas e de formação que se realizaram. Nesses encontros, transmiti-lhes a admiração que tenho pela sua dedicação ao desporto e expressei-lhes os votos de felicidades e de boa sorte para a época que agora se inicia, sabendo-se que esta, sendo algo que é sempre necessária em tudo o que se faz na vida, também se procura. Para isso, devem tirar proveito do excelente trabalho que o Conselho de Arbitragem vem fazendo, nomeadamente através da formação que lhes é proporcionada, por formadores de reconhecido mérito, aos quais aproveito a oportunidade para agradecer, mais uma vez. Aos senhores árbitros compete ter a humildade de reconhecerem que ainda têm algo a aprender, respeitar formadores, jogadores e outros agentes desportivos, para que possam estar de consciência tranquila com o seu trabalho, mesmo naqueles momentos menos bons, por que todos passam, sabendo todos que nessas situações sempre encontrarão o apoio, não só do seu Conselho, como da Direcção desta Associação.
A AFB procurará dar-lhes tudo o que lhe for possível para que eles tenham uma época de sucesso, sabendo-se que o seu êxito pessoal será uma honra e um grande orgulho para a nossa Associação.
AFF - Concorda com a introdução das novas tecnologias no futebol para evitar alguns erros dos árbitros?
JLR - Em parte concordo com a introdução das novas tecnologias no futebol, nomeadamente na situação de saber se a bola ultrapassou ou não a linha de golo. Porém, noutras situações será sempre problemático e difícil utilizar este recurso. Acabaria com o prazer da discussão do dia seguinte, que tanto anima os adeptos do futebol. Mas se formos pragmáticos, não seria possível recorrer ao uso das novas tecnologias nas diferentes competições do futebol nacional, não só por razões humanas, mas fundamentalmente por razões económicas. Colocar estas novas tecnologias apenas ao serviço dos árbitros da 1ª Liga, seria uma grande injustiça para os outros árbitros, que não podendo utilizar este recurso, continuariam a ser, ainda mais, injustamente criticados e incompreendidos, apesar do seu esforço em contribuir para que se pratique futebol em todo o País. Será que nestas situações haverá mais jovens a quererem ser árbitros? E é bom ter presente que os árbitros, apesar das críticas e polémicas que por vezes envolvem o seu trabalho, são indispensáveis ao futebol.