O
Futebol Clube de São Marcos vive um tempo de contenção financeira e de
aposta na continuidade da sua equipa técnica e da maioria dos jogadores
da época anterior. A permanência no segundo escalão do futebol distrital
continua a ser o objetivo do clube gerido por Joel Tomé.
Texto Firmino Paixão
Foto Ana Lúcia
Longe vão os tempos em que o Campo João
Celorico Drago, em São Marcos da Atabueira, freguesia do concelho de
Castro Verde, recebia autênticas romarias de adeptos para verem cintilar
estrelas (cadentes) como Pitico, Adilson, Bruno Xavier, Fernando Mendes
e Jorge Cadete. Os tempos mudaram e a prova desse novo paradigma é a
confiança que o presidente do clube, Joel Tomé, tem nos seus atuais
jogadores, de quem diz que “são os melhores, pela sua dedicação ao
clube”. O técnico Márcio Mestre continuará no banco na próxima
temporada, com o objetivo, já definido, de se qualificarem para a
segunda fase do distrital da II Divisão e chegarem o mais longe possível
na Taça Distrito de Beja.
O Futebol Clube de São Marcos já projeta a próxima época desportiva?
Desde o ano desportivo anterior que a
época seguinte começa a ser planeada. As primeiras notas baseiam-se em
melhorar, com base no ano anterior. Em tempo de pausa, aproveitamos
também para refletir e consolidar ideias.
Com a mesma ambição e a mesma humildade de sempre?
Sim, porque nós somos um clube pequeno,
mas sempre ambicioso em alcançar os nossos objetivos. Humildade, sempre,
para que possamos respeitar e ser respeitados nesse foco.
Como tem a comunidade do FC São Marcos vivido este tempo de pandemia?
Não perdemos o contacto, pois temos um
grupo numa rede social, entre jogadores e equipa técnica, que nos faz
manter próximos uns dos outros e onde continuamos sempre juntos, apesar
de ser de forma diferente. Pois, além de um clube de futebol, somos uma
família. Aproveitamos, também, para trocar ideias e sugestões para a
próxima época. Enquanto clube, temos, em conjunto e na medida das
possibilidades, ajudado algumas instituições, bem como habitantes de São
Marcos, a Cruz Vermelha e os Bombeiros Voluntários de Castro Verde, com
a doação de soluções alcoólicas e material de proteção individual,
máscaras e luvas. Fizemos também um vídeo com a colaboração de todos os
jogadores, equipa técnica e as suas famílias, com o intuito de
transmitir uma mensagem de esperança sobre esta realidade que vivemos.
A DGS ainda não validou datas
para início das competições amadoras, mas permite treinos. Se calhar, é
ainda um pouco cedo para o plantel do São Marcos regressar ao trabalho…
No presente sim. Mas já temos a equipa
formada, a qualquer momento temos condições para iniciar os treinos.
Esperamos que, em breve, estejamos todos de volta.
A equipa técnica é a mesma da época anterior, Márcio Mestre e Filipe Estêvão?
Iremos manter a mesma equipa técnica, com
muito gosto. Foi o primeiro ano do Márcio como treinador de seniores,
mostrou muitos pontos positivos no sentido de se jogar com a ‘bola no
chão’ e não de ‘pontapé para a frente’ como é o normal em muitas equipas
da II Divisão Distrital. O Márcio é um treinador com muitos
conhecimentos técnicos e com bons métodos de trabalho e, como temos uma
equipa jovem e empenhada em aprender mais, torna-se mais fácil
introduzir as suas ideias, fazendo com que nós possamos evoluir enquanto
equipa.
Que metas lhe foram propostas para a próxima temporada?
Ir o mais longe possível na Taça do Distrito e conseguir o acesso à segunda fase do campeonato.
O regresso ao escalão principal da AF Beja não está nos vossos horizontes?
Para já não é um objetivo. As verbas são
poucas e é preferível fazermos um campeonato melhor na II Divisão do que
um fraco na I Divisão. Talvez numa época vindoura essa meta venha a
fazer parte dos nossos planos.
E o plantel? Que novidades vão apresentar?
A equipa mantém-se, à exceção de dois
jogadores que saíram por motivos pessoais, e iremos receber mais três
novos reforços para completar a equipa.
Na próxima época prevê-se um número excecional de equipas a competir neste escalão. Isso tornará a prova mais competitiva?
Na minha opinião não será mais competitiva que o normal.
A comunidade local revê-se no clube da sua terra. Apoia e sente o emblema como seu?
É uma aldeia com poucos habitantes. Os
nossos adeptos, obviamente que nos apoiam, estando presentes nos nossos
jogos, treinos e até nos acompanham em jogos fora. Juntam-se também
alguns apoiantes, amigos e familiares dos nossos atletas, pois uma
grande maioria pertence ao concelho de Castro Verde.
A gestão não deve ser fácil? As dificuldades devem ser maiores que os apoios?
A gestão não é fácil, mas com trabalho e organização tudo se consegue.
Um piso relvado no Campo João Celorico Drago atrairia mais e melhores jogadores?
Sem dúvida, um piso relvado, será sempre
um objetivo Seria atrativo a novos jogadores, mas melhores, duvido! Os
nossos jogadores, para mim, são os melhores, pela sua dedicação ao
clube. Um exemplo: para além de não serem remunerados, são prejudicados
muitas vezes a nível profissional pois a maioria trabalha por turnos
(nas minas), tendo muitas vezes de meter folgas e fazer trocas para
poderem estar presentes nos treinos e nos jogos. A nível de tempo
familiar também, apesar de nós fazermos questão que tragam as suas
famílias e que nos acompanhem.
E os escalões de formação? A terra não tem jovens suficientes para avançar com pelo menos uma equipa?
Infelizmente, a povoação não tem jovens
suficientes e Castro Verde, sendo muito próximo, consegue dar resposta
em todos os escalões.
Fonte: https://diariodoalentejo.p