quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Ana Fragoso. A miss bikini IFBB em entrevista


A alentejana Ana Fragoso (Estremoz), de 22 anos, foi eleita miss bikini IFBB – competição da Federação Lusa de Cultura Fisica - em novembro do ano passado.
Volvidos três meses e em entrevista ao portal Alentejo e Desporto, a jovem licenciada em psicologia do desporto e também recém eleita miss fanática Record, fala das suas metas desportivas e profissionais, explica as “regras” do culturismo e revela como se treina para conseguir um corpo que ainda tem “algo a melhorar”.
Ana Fragoso considera que ter posado nua para a Playboy lhe abriu novas portas, embora “nem tudo tenha começado aí”. Os constantes trabalhos até então realizados em fotografia, moda ou desporto têm valorizado a estremocense. Agora, a sua presença em eventos pode oscilar entre os 200 e os mil euros.
Quanto ao seu futuro já tem agendado novas provas mas confessa que a sua carreira não se esgota no plano desportivo. “A única coisa que falta realmente é arranjar um trabalho”, diz.

 
Presumo que para se ser miss bikini IFBB tem de haver muito trabalho de casa, melhor, de ginásio. Como se prepara ao nível físico e alimentar?
Participar numa prova destas não se faz sem regras, esforço e muita determinação. Não adianta alguém querer participar e nunca ter feito nada a nível de preparação física, ou fazê-lo apenas dois ou três meses antes, porque nunca o conseguirá. Exige uma preparação de alguns anos, tanto a nível de cultura física, como de hábitos alimentares. Como eu comecei desde muito cedo a ter essa cultura, foi relativamente fácil preparar-me nos três meses antes. Nesse período a dieta foi muito rigorosa, não se pode facilitar sob pena de pormos em risco todo o esforço empreendido. Consistia em fazer refeições de três em três horas, com controlo da qualidade e da quantidade da comida ingerida. Significa isto comer apenas o prescrito e na dose recomendada. Nem mais, nem menos um grama. Para além desse controlo quantidade/qualidade, a comida não era diversificada, comia todos os dias apenas aqueles alimentos. Também não fazia as refeições nos períodos ditos normais, acontecia que à meia-noite podia estar a comer uma posta de salmão grelhado.
A alimentação consiste em carne de peru, vitela, salmão. Todos os alimentos são grelhados. Legumes frescos cozidos, flocos de aveia, claras de ovo, queijo fresco, bolachas de milho. Nos domingos ao jantar posso comer sempre o que me apetece, mas apenas nos dois meses que antecedem as provas porque no último mês a dieta era rigorosa e a quantidade era reduzida.
Relativamente ao treino e nessa fase que antecede a prova, faço-o cinco vezes por semana, com pouco peso, mas com muita repetição. No último mês também aqui o rigor aumenta, faço cardio em jejum e a seguir ao treino.
Sabemos que é uma apaixonada por culturismo. Quais as “regras do jogo” nesta modalidade?
O culturismo em termos gerais é um desporto que valoriza o corpo e as suas performances culturais, a estrutura muscular ou a sua tonicidade.
Existem várias categorias desta modalidade – masculinas e femininas – consoante o peso e o volume muscular. O bikini é uma delas. Surgiu pela primeira vez em Portugal nesta prova em que participei e é dedicada às mulheres que têm uma estrutura física equilibrada, que tenham cultura física, linhas corporais estéticas e também beleza facial.
Como são avaliado(a)s?
Falando apenas da categoria em que participei, ela é exclusivamente feminina e as atletas são avaliadas por um conjunto de indicadores: corpo musculado, mas sem que os músculos estejam proeminentes por demais; a devida tonicidade muscular; uma boa proporção corporal, beleza física; um rosto bonito; uma boa maquilhagem; a cor de pele indicada; um bom cabelo e aquela naturalidade. Não é permitido detalhe muscular, nem uma definição rigorosa, caso contrário haverá penalização.

Na avaliação é feito um desfile em “T”, no qual as atletas fazem duas poses, de frente e de costas. São escolhidas seis finalistas e depois atribuída a classificação dos júris.
A ingestão de água destilada antes da prova é um mito ou confirma-se?
Sei que alguns atletas o fazem alguns dias antes da prova e terá que ver com a diminuição da retenção hídrica, pois é menor bebendo água destilada do que água normal. Mas nem todos o fazem já que isso depende da preparação que fizeram. No meu caso, em que a categoria em que participo não é tão exigente em termos de definição e corte muscular, não necessitei de o fazer. No entanto, posso adiantar que, no dia anterior à prova só bebi meio litro de água e no dia da mesma e até à hora da sua realização, não bebi uma gota de água.
Noitadas. São compatíveis com o treino?
Nem pensar. E por várias razões. Por um lado, e ainda bem que assim é, nunca fui de noitadas. Não bebo, não fumo, não frequento lugares ruidosos e com fumo. Mas não o faço exclusivamente por ser atleta, ou para me prevenir de qualquer questão. Faço-o porque é a minha forma de estar na vida e de me sentir bem. Por norma à meia-noite já estou na cama porque o descanso é fundamental e é durante o sono que os músculos recuperam. Preciso de me deitar cedo para me poder levantar cedo e começar a cumprir o meu plano de treino e os meus hábitos alimentares, ainda mais quando se trata de épocas de competição.
Muitos defendem que o corpo feminino demasiado desenvolvido ao nível muscular perde algum sentido estético. Concorda?
Concordo que manifestação muscular em demasia, tanto nos homens como nas mulheres perde um pouco o sentido estético. No entanto não podemos confundir o corpo da mulher com o corpo do homem. Penso que os músculos de mulheres são diferentes dos músculos de homens. É uma forma diferente do que vemos habitualmente, mas continua a ser estético e feminino, de acordo com o treino adequado.
A medicina estética pode dar uma ajudinha…
Sem dúvida. Mas não faz milagres, muito menos nesta área. Para competir é preciso trabalhar e não me parece que a medicina estética aqui intervenha muito. Não se pode num “clik” inventar músculos e colocá-los no corpo de ninguém, muito menos em atletas. Sei que há técnicas que ajudam a redefinir músculos ou a colocá-los onde não existem, mas isso não é para atletas. Estes fazem-nos com suor e muito trabalho, ao contrário do que se possa pensar. É o seu trabalho e a sua determinação. Ser atleta não é para qualquer um, nem que recorra à medicina estética.
Quanto ao seu corpo gosta do que tem/vê?
Nunca ninguém está satisfeito com aquilo que tem ou vê, há sempre algo que é preciso melhorar. O ser humano não se satisfaz facilmente, quer sempre um patamar acima do seu e é isso que dá sentido à nossa vida e determina as nossas motivações. Sem elas parávamos no tempo e por consequência, na vida. Gosto do meu corpo, pois é fruto do meu trabalho, mas não posso parar nem satisfazer-me nunca. Há sempre algo a melhorar ou, no mínimo, a modificar.
Até onde pretende ir como atleta?
Como sempre estive ligada à cultura física, não penso parar, sem no entanto estar preocupada com competições. Faço-o por gosto e acima de tudo para mim, mas se o poder fazer também para os outros e poder participar em mais provas estou certa que o farei. Estou neste momento já de novo em preparação. Em maio vou participar numa prova congénere. O que virá depois, o tempo o dirá.
Pretende seguir uma carreira neste ramo?
Estou ainda desempregada mas é neste ramo que pretendo ingressar numa carreira. Fiz uma licenciatura em psicologia do desporto e exercício, e um curso de instrutora de fitness na empresa Manz, que me dão competências para poder seguir carreira.
Faz desporto, participa em desfiles, entre outras. Ainda há tempo para algo mais?
Sim. Faço trabalhos no ramo da moda e sessões fotográficas. De vez em quando surge um convite para posar para revistas, jornais, etc. A única coisa que falta realmente é arranjar um trabalho, de resto há sempre tempo para ler um bom livro ou ver um bom filme.


MEDIATISMO
A sessão fotográfica sem roupa para a revista Playboy tornou-a, certamente, mais mediática. Foi para si o concretizar de um sonho? Acredita que tudo pode ter começado aí?
Penso que, nem tudo começou aí, nem foi propriamente a realização de um sonho, apesar de ter gostado da experiência. Já tinha participado em atos congéneres, no ano anterior tinha sido uma das dez finalistas da revista FHM, que me deu alguma notoriedade. Já tinha ganho alguns concursos de misse. E já tinha feito desfiles de moda. Sem dúvida que ter aparecido na Playboy me deu algum mediatismo e me abriu algumas portas, mas acho que isso aconteceu por acaso, porque qualquer trabalho que surja é de aproveitar e foi o que eu fiz.
Como viveu com aquela popularidade efémera? Habitualmente era reconhecida na rua?
Para mim foi uma situação perfeitamente normal. Foi só mais um trabalho que teria passado despercebido se eu não vivesse em Estremoz. As pessoas é que lhe deram mais importância do que aquela que realmente tinha e ainda bem. Se era reconhecida na rua? Sim. Já era reconhecida em alguns pontos devido à minha participação na revista FHM, mas nada de popularidade. Não me identifico com esse tipo de abordagens, considero-me uma pessoa simples, com sonhos por realizar como toda a gente. Não são essas questões que mais me preenchem como mulher ou como pessoa.
Piropos. Não devem ter sido poucos. Algum mais cómico?
É uma coisa que eu não ligo nem dou importância. Se oiço finjo que não oiço. Sei que já me ri algumas vezes mas nem me recordo propriamente daquilo que ouvi.
Essa oportunidade foi uma porta que se abriu para novos trabalhos em diferentes áreas, nomeadamente na moda…
Depois da Playboy já fiz bastantes trabalhos e algumas presenças em bares. O meu ponto alto foi o título de campeã nacional de Bikini IFBB, pois consegui-o com muito esforço e dedicação e é uma coisa para a qual eu me sinto verdadeiramente vocacionada.
Quanto vale uma “presença” da Ana Fragoso?
Tudo depende muito do local, das pessoas que me contratam, das horas que tenho que estar a trabalhar ou se são noturnas ou diurnas. Para mim é sempre um prazer poder participar e já algumas vezes aconteceu não ter remuneração. Quando recebo e dependendo das circunstâncias, oscila entre os 200, 250 euros e mil euros (para questões mais arrojadas).


Ana Fragoso flash
Ídolo: Gracyanne Barbosa
Sonho de criança: Nunca crescer
Clube: Benfica
Um filme: Diário da Nossa Paixão
Uma música: Tua Boca (Belo)
Um prato: Sushi
Tempos livres: Ginásio, ler, amigos, facebook

Emoções
Uma qualidade: Sou muito calma, raramente me descontrolo
Um defeito: Insegura
Um amor: Os meus cães
Um prazer: Treinar
Uma irritação: Mentiras
Uma saudade: Da minha avó
Um pensamento: Nada acontece por acaso
Uma superstição: Cortar o cabelo no quarto crescente

Perfil

Idade: 22
Naturalidade: Estremoz
Peso em competição: 57 kg
Peso fora de competição: 62 kg
Altura: 1,65 m


* Entrevista concedida por via de correio eletrónico

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