terça-feira, 5 de junho de 2012

Euro'2004: Um oceano gelado sobre um país inteiro



Pela primeira vez, Portugal organizou uma fase final de um Europeu e fê-lo com sucesso quase absoluto. No plano organizativo foi considerado o melhor Europeu de sempre; no plano de adesão do público foi um êxito que mobilizou o país inteiro; no plano desportivo, a selecção das quinas atingiu a final da competição, feito inédito no seu historial, “apenas” ensombrado pela derrota frente à Grécia.
Aliás, foi frente ao mesmo adversário que Portugal encetou a sua caminhada na prova com um travo amargo. Os gregos ousaram bater-nos no Estádio do Dragão, deixando pairar no ar o temor de uma campanha desastrosa, qual seria a eliminação prematura da selecção do país organizador. Mas essa derrota foi o clique que levou Scolari a avançar com uma revolução na equipa, que ele próprio adiou durante os sonolentos jogos de preparação.
De uma assentada procedeu a quatro alterações, injectando “sangue-novo” na equipa: Paulo Ferreira cedeu o lugar a Miguel, Fernando Couto a Ricardo Carvalho, Rui Jorge a Nuno Valente e Rui Costa a Deco. Esta decisão foi marcante pelo simbolismo subjacente ao início de uma renovação inadiável. Agora a margem de erro esgotara-se: era preciso ganhar à Rússia e à Espanha para seguir em frente. No jogo com os russos, que Portugal venceu (2-0) com segurança, mas sem brilhantismo, Scolari ainda manteve Simão a titular, mas frente aos espanhóis lançou definitivamente Cristiano Ronaldo.
Nunca Portugal ganhara à Espanha em jogos oficiais, mas o clima de mobilização e empolgamento popular em torno da equipa “levou-nos ao colo” até `à final. A Espanha foi derrotada com um golo de Nuno Gomes, que Scolari lançara ao intervalo para render o apagado Pauleta; a Inglaterra idém, nos quartos-de-final, num jogo tão intenso e épico como de de 2000, mas com numa carga emocional ainda maior, decidido nos penáltis; e a Holanda também não resistiu na meia-final ao “ciclone” luso. A euforia e uma confiança inabalável apoderaram-se dos portugueses.
A Grécia parecia impotente para travar o passo aos novos “heróis do mar”, mas um oceano de água gelada desabou sobre um país inteiro. O impossível aconteceu: Portugal perdeu o seu Euro em casa frente a uma Grécia fria, cínica e pragmática.
Curiosidades:
- Portugal perdeu com a Grécia no jogo de abertura e na final.
- Na série de penáltis, nos quartos-de-final, com a Inglaterra, Postiga ousou marcar um “à Panenka”, fazendo a bola atravessar lentamente o risco da baliza perante um estirado e atónito James.
- No último penálti dos ingleses, Ricardo tirou as luvas e defendeu o remate de Vassel; e de seguida, pediu a Scolari para ser ele próprio a bater o penálti, em vez do escalado Nuno Valente, que nos colocou nas meias-finais.
- A comissão técnica da UEFA elegeu o médio grego Zagorakis como o melhor jogador do torneio.
- Ricardo, Ricardo Carvalho, Maniche, Figo e Cristiano Ronaldo integraram uma lista de 23 jogadores considerados os melhores do torneio por uma comissão de técnicos da UEFA.
- Figo não escondeu o seu desagrado pela sua substituição, aos 75’, por Hélder Postiga, autor do golo que levou o jogo para prolongamento. 
Fonte:  http://www.record.xl.pt

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