sexta-feira, 29 de março de 2013
“Tigre da rotunda”
Divaguei, em tempos, pela faina dos aguerridos e populares ciclistas bejenses que se intitulam, explicitamente, como os “tigres da rotunda”. Dilapidei a sua excelente entrega a uma modalidade que os une e que faz do grupo motivo de orgulho. Nessa mensagem trouxe a fina-flor de desportistas, com idades já avançadas, que teimam, aos fins de semana, formar um pelotão de aventureiros cujo ponto de concentração persiste em manter-se numa das principais rotundas da cidade de Beja. Ao longo dos quilómetros percorridos o trocadilho de conversas resvala para um universo de distrações. Entre o elevado número de ciclistas que deslizam sobre o asfalto, existe um com histórias jocosas para relatar. A sua vida é um livro, dizem. Os seus 70 anos dá-lhe estatuto e arrebata emoções entre o aglomerado de atletas, trabalhadores em diversas atividades e outros aposentados, que se mantêm fieis à arte de pedalar. Este “tigre da rotunda” chama-se Ilídio Fragoso, é natural de Vila Ruiva, Cuba, e foi motorista da Rodoviária Nacional. A razão do destaque incide sobre uma estirpe de pessoas que porfiam uma saudável causa num cosmos desportivo onde a sua prática se baseia numa essência deveras sadia. Ilídio Fragoso é um exemplo a reter. O “velha-guarda”, veterano encartado, é, também, um autêntico engenhoca na arte de colocar a sua “máquina andante” num primor. Nos finais das etapas o Ilídio irradia frescura física, comentam os companheiros. “Estou aqui como se não tivesse feito estes 80 quilómetros”, avoca vaidoso. E lá vem a gargalhada geral. O seu requinte capricha pelo empenho que há muito dedica ao ciclismo. É uma árvore que um dia morrerá de pé tendo ao lado a sua apaixonada bicicleta. Detesta as bocas, digamos foleiras, tipo “velho do pelotão”. Vou por ele. Ilídio, um “tigre da rotunda”, sempre jovem, e de uma finura elegante. Bem-haja a vossa voluntariedade.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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