Depois de uma passagem pouco feliz pela 3.ª Divisão Nacional e de uma época de ausência no escalão sénior, o Despertar Sporting Clube, de Beja, regressa esta temporada ao Campeonato Distrital da 2.ª Divisão.
Texto e foto Firmino Paixão
O jovem presidente do Clube, Luís Mestre, de 36 anos, explica os motivos da decisão, reafirma a vocação do clube para a formação e enumera as grandes dificuldades deste emblema, afinal comuns a todo o associativismo desportivo – apoios financeiros e espaços para trabalhar.
O regresso ao futebol sénior marca a agenda na próxima temporada?É a grande novidade em relação à época passada, não foi por nossa vontade que o suspendemos, mas porque não foi possível reunirmos uma equipa. Este ano houve alguma vontade, inclusive de alguns jogadores que tinham deixado o clube. Eu deixei o desafio – ajudem-me e avançamos.
Mas é legítimo perguntar o que impediu no ano passado a formação de uma equipa que este ano não aconteceu?A vontade dos jogadores. O ano passado para formar uma equipa andámos a “pescar” nos suplentes do Inatel, este ano conseguimos alguns jogadores que estavam nesse campeonato, mas que são dos melhores. Foi só isso, tínhamos dificuldades financeiras que não eram dramáticas e a prova é que as superámos, mas não foi por aí que não fizemos equipa, foi uma pena grande.
O treinador é Carlos Jorge, um homem da casa...Foi uma opção natural, gostei muito de todos os outros treinadores que passaram pelos seniores, o João Caçoila, o Hugo Guerreiro, o Filipe Felizardo. Desafiei o Carlos Jorge que aceitou de imediato e começámos logo a trabalhar em finais de junho, já um pouco tarde, com muitos jogadores comprometidos com outras equipas e andámos naquela fase de saber quem quer e quem tem vontade de jogar no Despertar.
Orçamento moderado e jogadores a baixo custo?Com jogadores não estabelecemos qualquer compensação financeira, nem fixa, nem variável, teremos o tal petisco no final de cada jogo. São jogadores que já nos representaram nas camadas de formação e têm jogado noutros clubes. Gostaram do convite que lhes fizemos e ficaram agradados com o facto de contribuírem para o regresso do clube ao futebol sénior.
Ficaram feridas por sarar da passagem pela 3.ª Divisão?Nós tomamos uma medida que pode não ser muito aplaudida, que foi pagar os 10 meses de competição. Mesmo ganhando pouco, os jogadores tinham direito e receberam até ao último mês. Causou alguma estranheza, muita gente diz que nenhum clube faria isso, mas nós cumprimos com a nossa obrigação, embora tardiamente. Não temos feridas financeiras, as desportivas ficam sempre, ganhámos apenas dois jogos e fizemos só 10 pontos, foi curto.
A aposta na formação vai manter a mesma dinâmica?A nossa prioridade é sempre essa. Queremos manter o clube no Nacional de Iniciados, estamos lá desde que existe campeonato. Queremos manter a equipa de juniores, que é muito boa e deve andar sempre nos lugares cimeiros. Esta é a melhor fornada do clube nos últimos sete anos e, sendo o Despertar considerado o melhor clube de formação no distrito, então terá que o provar, se não o conseguirmos será por não sermos tão bons como se diz.
No futebol de sete manterão a hegemonia?Há duas épocas que fazemos o pleno, creio que nas últimas seis épocas, em 12 campeonatos, ganhámos 10, perdemos um para o Boavista de Pinheiros e outro para o Moura, é assim que o hábito de ganhar se interioriza nos jovens.
Os espaços continuam a ser problemáticos?O espaço é pouco e mau, é um problema. Os apoios da câmara diminuíram em dois terços, não há dinheiro, mas pode haver outras coisas. Passado um ano a iluminação do sintético n.º 2 continua rigorosamente na mesma, os balneários necessitam de manutenção, ao sábado temos oito equipas a cruzar-se ao mesmo tempo e em dois balneários. Nasci e fui criado em Beja, capital do distrito, e não gosto de ver os miúdos de fora a equiparem-se dentro do autocarro e a perguntar se isto é que é uma cidade.
Os dois clubes mais antigos do distrito reencontram-se no rodapé do futebol distrital. Que realidade é esta?É verdade que é triste. Temos orgulho em ver os jogadores que formamos a brilharem noutras equipas, mas é triste não os podermos ter cá. O dinheiro não chega para tudo e a formação fica cara, nós não temos capacidade para segurar os jogadores.
O que gostaria de deixar no Despertar que marcasse a sua passagem pelo clube?A sede está bem aproveitada e está a dar uma vida assinalável àquele local. No entanto, não se percebe como é que um edifício construído há oito anos ainda está rodeado de um baldio. Não há um arranjo exterior, os empresários que concessionam os espaços é que aparam o pasto ali à volta. Queríamos deixar a sede funcional e, eventualmente, ampliá-la para permitir o estacionamento das carrinhas. Depois queremos manter as nossas equipas jovens nos nacionais. Mas não temos espaços para crescer, falta-nos dinheiro, faltam-nos campos. Falta-nos tudo!
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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