José Saúde
Morreu o velho capitão! É a lei da vida. O
cosmos terrestre, no seu irrefutável movimento giratório, não é,
declaradamente, uma contemplativa verdade para o singular comum dos
mortais. A malfadada morte, sempre inaceitável, é uma irreversível
precisão que mais tarde ou mais cedo tocará a cada um de nós. Seremos um
dia fúnebres passageiros da tal viagem sem regresso. Chamava-se
Marcelino José Montez Lança, um cidadão que nasceu em Beja no dia 18 de
agosto de 1933. O Marcelino foi um dos supremos futebolistas de uma
família que herdou a arte de fazer vibrar multidões. O seu pai foi um
dos pioneiros do jogo da bola na velha Pax Julia e o seu tio, Mário
Montez, figura de proa que brilhou ao serviço do Vitória de Setúbal. O
velho capitão alcançou, indiscutivelmente, o expoente máximo no futebol
bejense. Jogador elegante e finalizador aprumado, era dos seus pés que
saíam magistrais jogadas e tiros certeiros para uma baliza que, para
ele, não apresentava mistérios. O Desportivo de Beja apresentou-se como o
inegável emblema que o Marcelino sempre honrou. No ano de 1950, o então
craque de Beja, ainda puto, foi assediado pelo Benfica, treinado por
Ted Smith, e já com o cachet alinhavado o seu pai não autorizou a
transferência para Lisboa, alegando que o rapaz fazia-lhe falta atrás do
balcão do famoso café Cortiço, uma bíblia que outrora se afirmou como
um ícone aprazível para uma profícua recolha de assuntos desportivos. Em
1955, o valoroso jogador do Desportivo esteve ao serviço da seleção
militar onde proliferavam jogadores de craveira nacional e
internacional, sendo os casos de Hernâni, Germano, Costa Pereira, Vital,
Faia, Pereira da Silva, entre outros. Agora, o capitão finou-se.
Familiares, antigos companheiros, homens do desporto, amigos e população
em geral, acompanharam-no à sua última morada. Descanse em paz, velho
capitão!
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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