BIOGRAFIA
Eusébio: a Pantera Negra
Autor: João Pedro Silveira copyright © zerozero.pt 2011-05-27 15:53:12 |
As origens no bairro da Mafala
Eusébio da Silva Ferreira nasceu em Lourenço Marques, hoje Maputo,
capital da então África Oriental Portuguesa, nome porque era conhecida a
colónia portuguesa de Moçambique nos anos quarenta. Filho de Laurindo
António da Silva Ferreira e de Elisa Anissabeni, cresceu no bairro da
Mafala, uma das zonas mais pobres da cidade, repleta de barracas e sem
rede de saneamento.
Desde muito cedo apaixonou-se pelo futebol, faltando regularmente às
aulas para jogar com os amigos, o que lhe valia umas «surras bem dadas»
pela Dona Elisa. Aos oito anos faleceu o pai, aprofundando ainda mais a
forte ligação que já tinha com a mãe.
Os primeiros passos na carreira foram dados com a camisola verde-e-branca do Sporting de Lourenço Marques
Mais
tarde, em inúmeras entrevistas, destacou sempre a ligação especial que
tinha com a Dona Elisa, personagem fundamental na sua educação, pelos
valores que lhe incutiu, como a lealdade, que viriam a ser tão
importantes na sua vida, e fundamentais para a rectidão e carácter que
todos lhe reconhecem.
Começou por jogar com vizinhos e amigos numa equipa do bairro conhecida
como «Os Brasileiros». Mais tarde foi tentar a sorte ao clube do seu
coração, o Desportivo, que prontamente o recusou.
e foi de leão ao peito que viria a conquistar os primeiros troféus da sua carreira
Eusébio não desarmou e tentou a sorte no Sporting
de Lourenço Marques, filial dos leões de Lisboa, e foi de leão ao peito
que viria a conquistar os primeiros troféus da sua carreira: Campeonato
Distrital de Lourenço Marques e Campeonato Provincial de Moçambique.
As suas exibições fizeram furor e rapidamente ecoaram na metrópole - como era conhecido Portugal Continental nesses tempos - e o FC Porto foi o primeiro clube a demonstrar interesse.
Pouco depois foi a vez de o Sporting
entrar em contacto com a sua filial moçambicana, chegando a acordo para
a transferência e propondo que Eusébio viesse para Lisboa para um
período de testes.
Enquanto os leões negociavam com o clube, o Benfica
ia directamente a Eusébio e à sua mãe. Prontamente a proposta das
águias foi aceite e Dona Elisa prometeu que Eusébio ou jogava no Benfica,
ou não jogava em lado nenhum. Os leões pressentindo o perigo oferecem
quinhentos contos ao jogador, mas este resiste à tentação e mantém-se
fiel à palavra dada pela mãe.
A
força do seu pontapé era lendária, deixando siderados colegas e
adversários. Na imagem: a final da Taça dos Campeões de 1963 contra o AC
Milan em Wembley.
A guerra Sporting x Benfica estoura nos jornais de Lisboa, e esgrimam-se argumentos em prol de ambos os lados.
O Benfica, antecipando-se a qualquer jogada leonina faz voar Eusébio para Lisboa, para assim melhor controlar a situação.
Em 17 de Dezembro de 1960 embarcou rumo a Lisboa com o nome de Ruth Malosso.
Na Portela, Eusébio era esperado por um dirigente da turma da Luz e um jornalista do jornal «A Bola». Foi levado para o Algarve, e lá ficou até que a Federação deu razão ao Benfica.
Finalmente de águia ao peito
Estreou-se num jogo de reservas contra o Atlético e apontou três golos.
Cinco dias depois Eusébio via a sua nova equipa vencer a Taça dos
Campeões em Berna, batendo o Barcelona na final.
Na época seguinte, a sua primeira no Benfica, Eusébio já fez parte da gloriosa vitória na final contra o Real Madrid
por 5-3. Com dois golos, Eusébio foi a estrela da equipa e viu
reconhecido o seu valor pelo France Football que lhe atribuiu o segundo
lugar da Bola d´Ouro.
A nível interno o Benfica
só conseguiu o terceiro lugar, vencendo contudo a Taça, mas nos anos
seguintes Eusébio conquistaria o Campeonato por onze vezes, em catorze
épocas de águia ao peito.
A Juventus
apaixona-se pela Pantera Negra e oferece-lhe um contrato de 16000
contos, a tentação era enorme, e Eusébio só não sai para Itália, porque
entretanto é convocado para o serviço militar e fica proibido de
abandonar o país.
Eusébio (esq.) e Lev Yashin (dir.) no Portugal x URSS de atribuição de 3º/4º lugar no mundial de 1966.
Na época seguinte, a sua primeira no Benfica, Eusébio já fez parte da gloriosa vitória na final contra o Real Madrid por 5-3. Com dois golos, Eusébio foi a estrela da equipa e viu reconhecido o seu valor pela France Football que lhe atribuiu o segundo lugar da Bola d´Ouro.
A nível interno o Benfica
só conseguiu o terceiro lugar, vencendo contudo a Taça, mas nos anos
seguintes Eusébio conquistaria o Campeonato por onze vezes, em catorze
épocas de águia ao peito.
A Juventus
enamora-se das qualidades da Pantera Negra e oferece-lhe um contrato de
16 mil contos. A tentação era enorme e Eusébio só não sai para Itália,
porque entretanto é convocado para o serviço militar e fica proibido de
abandonar o país.
Na selecção Eusébio estreara-se a 8 de Outubro de 1961 apontando um golo na humilhante derrota por 2-4 contra o Luxemburgo.
Seria na qualificação para o Mundial de 1966 que Eusébio começaria a
deixar a sua marca na selecção ao apontar sete golos em seis jogos.
Mas seria na fase final, em Inglaterra, que com nove golos se torna o melhor marcador da fase final.
Mundial de 66
Na memória de todos ficaram os dois golos que marcou na vitória por
3-1 sobre o Brasil, ou os quatro golos apontados contra a Coreia do
Norte nos quartos-de-final, sendo fundamental para a reviravolta no
resultado para 5-3.
Na meia-final apontou um golo que foi insuficiente para contrariar os dois da Inglaterra. Portugal acabou por conquistar o terceiro lugar com mais um golo de Eusébio na vitória por 2-1 contra a U.R.S.S.
Os «magriços» - como ficaram conhecidos os heróis de 66 -, foram
recebidos em festa no regresso a Lisboa e o Governo utilizou o feito e
em particular a imagem de Eusébio em seu proveito.
Em tom de brincadeira, Salazar «nacionalizou» Eusébio, tornando virtualmente impossível a sua saída para o estrangeiro.
Em tom de brincadeira, Salazar «nacionalizou» Eusébio, tornando virtualmente impossível a sua saída para o estrangeiro.
Uma carreira ímpar
Após o sucesso de Inglaterra recebeu a Bola d'Ouro da France Football para o melhor jogador a actuar no Continente.
Nos anos seguintes venceria também por duas vezes a bota de ouro destinada ao melhor marcador europeu.
Além do terceiro lugar em Inglaterra e de ter sido uma vez campeão
europeu, Eusébio jogou ainda por três vezes a final da Taça dos
Campeões, ganhou 11 campeonatos nacionais e cinco Taças de Portugal e ganhou sete vezes a bola de prata destinada ao melhor marcador do campeonato nacional.
Em toda a carreira apontou 733 golos em 745 jogos, além de ter
atingido 64 internacionalizações e marcado 41 golos com a camisola das
quinas.
Depois da Revolução de Abril Eusébio pôde finalmente sair do país e
em 1975 partiu a explorar o mercado norte-americano, tendo jogado nos
EUA, Canadá e México.
Regressou a Portugal
mais tarde para jogar pelo Beira-Mar e União de Tomar mas as muitas
lesões e inúmeras operações tinham feito miséria no seu massacrado
joelho.
Depois de terminar a carreira Eusébio viu reconhecido o seu talento pelo seu adorado Benfica, que o homenageou com uma estátua em frente ao Estádio da Luz.
A selecção nomeou-o embaixador itinerante e a UEFA, aquando do jubileu
da instituição, considerou-o melhor jogador português de todos os
tempos. Já uns anos antes a FIFA havia considerado o Pantera Negra o
sétimo melhor jogador de sempre.
Eusébio da Silva Ferreira conseguiu enquanto jogador e depois de
terminar a carreira um estatuto único neste país. Símbolo incontestado
do Benfica, é
respeitado e acarinhado pelos rivais de igual forma. E é tido como seu,
tanto por portugueses como por moçambicanos. Muito disto se deve não só à
sua categoria e genialidade dentro do campo, mas também à sua enorme
simpatia e à forma de estar, tanto apreciada por colegas como
adversários.
No dia 5 de Janeiro de 2014, Eusébio disse "adeus" ao mundo, mas a sua história ficará para a eternidade...
Fonte: Site Zero Zero
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