sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Uma ave muito “Mansinha”...


São 2 908 quilómetros que separam a capital do Baixo Alentejo da cidade de Brno, capital da Morávia do sul, na República Checa, onde decorre a Exposição Europeia de Columbofilia.

Texto e foto Firmino Paixão


Foi para lá que “voou” a “Mansinha”, um alado pedrado, do columbófilo bejense Jaime Silva, que recentemente conquistou o título de campeão nacional de fundo, na classe sport. “Se ficar entre os primeiros 10 já seria muito bom, não estou à espera de muito mais, pois não conhecemos os coeficientes dos outros concorrentes, mas temos sempre uma pequena esperança”, revelou o columbófilo, enquanto deu a conhecer um pouco mais a sua campeã: “É uma pomba pedrada, nasceu do cruzamento de uma pomba vermelha que tenho com um pombo ardósia, que são descendentes de um pombos lilases que eu tinha e que eram muito bons voadores. É uma ave muito mansinha, anda sempre atrás de mim a abanar o rabo”.
A sua qualificação para a Exposição Europeia na República Checa, para onde viajou na passada terça-feira, deveu-se ao título nacional conquistado em meados deste mês nas Caldas da Rainha, notícia que Jaime Silva disse ter recebido “com grande alegria”: “Fiquei muito satisfeito e com grande orgulho. Será o sentimento natural de qualquer columbófilo quando recebe assim uma notícia dessas, porque, afinal, expressa o resultado da minha dedicação à columbofilia, mas não só, é a qualidade da linha de pombos que tenho no pombal”. Um título que nem estava nas suas previsões: “Em parte não, tinha alguma esperança, mas não estava muito à espera que isso pudesse acontecer”, embora o sucesso da sua colónia de alados não seja novidade, como revelou: “No ano passado já tinha sido campeão nacional de maratona e fui vice-campeão nacional de fundo, este ano consegui o título nacional em sport”.
Não se estranhará, por isso, que Jaime Silva, 51 anos, funcionário do município de Beja, expresse um sentimento de grande afeto pela “Mansinha”, mas ele assegura que “não só por ela”: “Tenho um grande amor por todas as aves que tenho no pombal e que fazem parte da minha colónia”.
Jaime Silva é filiado na Sociedade Columbófila Asas de Beja, que qualifica como “uma das melhores coletividades do País e, seguramente, a melhor do distrito de Beja”: “Nos últimos anos tem tido muitos campeões, no ano passado o Bruno Helena, este ano fui eu, atualmente a Asas de Beja está entre as melhores do nosso País”, diz.
Columbófilo desde 1994, tem valorizado progressivamente a sua atividade e recentemente fez uma aposta maior na disciplina de fundo. O seu interesse por tão apaixonante modalidade teve um responsável: “Foi o meu cunhado Joaquim Setúbal que me despertou o interesse pela columbofilia. Quando era pequenino gostava muito de ir para o pombal dele e comecei a interessar-me. Os irmãos Azedo, que moram perto de mim, também tinham pombos e eu comecei a ganhar amor por isto. Jogava à bola e quando acabei a carreira enveredei logo pela columbofilia. Atualmente dedico-‑me com muita intensidade, saio do trabalho, venho para o pombal e levo aqui o resto da tarde a tratar dos pombos”.
Jaime Silva tem uma notável semelhança física com o antigo futebolista internacional João Pinto, e tantas têm sido as vezes em que tem sido confundido com a atual dirigente federativo que bem podia ser o João Pinto da columbofilia, atividade que o conquistou depois de uma careira de futebolista iniciada na Zona Azul, com percurso efémero pelo Despertar e permanência de alguns anos nos seniores do Desportivo de Beja. “São modalidades diferentes, gostei muito de jogar futebol, mas agora tenho uma grande paixão pela columbofilia”, diz. Contudo, nem tudo são rosas, porque, quando chegou a hora de lamentar as perdas, Jaime Silva contou: “Na época passada foi terrível, perdi mais de 50 pombos, comecei com 70 e acabei com 18, este ano tenho 13 pombos com mais de um ano e cerca de 70 borrachos. Quase que estou a começar de novo”. Por isso, os objetivos para a campanha 2014 são, necessariamente, modestos: “Com tão poucos pombos adultos não posso esperar muito, será uma incógnita, a última foi uma época extraordinária, no Asas de Beja ganhei as anilhas de ouro de meio fundo e velocidade, e a nível do distrito também conquistei algumas, foi uma grande época que dificilmente conseguirei igualar este ano”. Jaime Silva lembrou ainda: “O bairro do Pelame teve sempre muitos columbófilos, os irmãos Lobo, os irmãos Azedo, teve sempre muita tradição na modalidade”. Agora Jaime Silva, com uma colónia liderada pela “Mansinha” que, até domingo, bate as asas por Portugal na longínqua República Checa.

Fonte:  http://da.ambaal.pt/

Sem comentários:

Enviar um comentário