quarta-feira, 30 de abril de 2014

Entrevista a Rui Correia (Portimonense)

Nome: Rui Jorge Farto Correia

Data de Nascimento: 23 de agosto de 1990 (23 anos)

Naturalidade: Chaves

Nacionalidade: Portuguesa

Posição: Defesa-Central

Altura: 188 cm

Peso: 75 Kgs

Clube atual: Portimonense (desde junho de 2013)

Clubes anteriores: ACRUT Zambujalense (2009/10), Amora (2009/10), Sesimbra (2010/11 e 2011/12) e GD Fabril (2012/13)



GD FABRIL

David Pereira  - O que falhou para a subida não ter sido alcançada?
Rui Correia - O que falhou? Em primeiro falhamos nós jogadores. Mas penso que deitámos tudo a perder na primeira volta da fase final, já que em cinco jogos fizemos apenas um ponto.


DP – Recordo-me que o Rui ficou desolado quando depois do empate frente ao Sacavenense, soube que o Barreirense tinha ganho e subido de divisão. Nessa altura, já tinha tratada a transferência para Portimão?
RC - Sim é verdade. Foi uma desilusão não termos conseguido ganhar o último jogo. Quanto ao meu futuro, nessa altura ainda não estava resolvido. Apenas tinham existido alguns contactos.

DP – Ficou surpreendido pela ascensão de Fábio Marinheiro aos campeonatos profissionais?
RC  - Não fiquei nada surpreendido com a ascensão do Marinheiro aos campeonatos profissionais. Como ele havia outros naquela equipa do Fabril preparados para terem uma oportunidade numa equipa profissional.

DP – Três antigos colegas seus (Carlos André, Rúben Guerreiro e Bruno Cruz) transferiram-se para o rival Barreirense, que conseguiu uma vaga no Campeonato Nacional de Seniores. Mesmo que se jogue um escalão acima, considera ser fácil aceitar transferir-se para um clube rival?
RC - Se perguntar a qualquer jogador de futebol que tenha ainda aspirações de se tornar num jogador profissional, todos eles vão responder que preferem participar num campeonato superior onde a "montra" é maior. No entanto, mudar para um rival é sempre uma decisão complicada. De qualquer das formas percebo as decisões tomadas por eles, tendo em conta ao que foi supramencionado. Se me colocar na pele de um adepto, como é óbvio é com alguma mágoa que vejo jogadores do meu clube a partirem para um rival.

DP – Tem acompanhado o percurso do Fabril esta temporada? Acredita que a subida de divisão será apenas uma questão de tempo?
RC - Como é óbvio tenho acompanhado o trajeto Fabril por imensas razões. Primeiro porque foi um clube que aprendi a gostar, e em segundo porque tenho o prazer de dizer que o goleador da equipa é meu irmão, e o meu pai o treinador.


PORTIMONENSE

DP – De mal-amado no Sesimbra a titular no Portimonense em pouco mais de um ano. Como é que isto se justifica?
RC - Não me considero mal-amado no Sesimbra. O que posso dizer é que existiu uma evolução enorme desde que me mudei do Sesimbra para o Fabril e mais ainda quando me mudei para Portimão.


DP – Defino-o como alto, elegante, rápido, forte no jogo aéreo e que gosta de sair a jogar até á entrada do meio-campo adversário. Concorda? De entre as características apontadas, qual é aquela que mais facilmente conseguiu impor na II Liga? E qual é aquela que não está a conseguir impor, seja pelo nível competitivo ou pela forma de jogar da sua equipa?
RC - Concordo com essas características. Não considero que seja mais fácil ou mais difícil colocar em prática essas mesmas características na II Liga. O que posso dizer é que tive de aperfeiçoar o uso dessas características e ganhar outras tantas para o que a II Liga exige.

DP – Em que aspetos considera que evoluiu mais nesta estadia em Portimão? E quais são os seus principais pontos fracos?
RC - Sem dúvida que evolui imenso desde que cheguei a Portimão. A grande diferença é a quantidade de treinos que existe por semana, há sempre espaço para trabalhar pormenores que nas outras épocas não havia.

DP – No Fabril vestia a camisola 4, em Portimão usa a 6…
RC - O número 6 é um número que gosto e quando cheguei ao Portimonense era um dos números disponíveis, por isso, acabei por escolhê-lo.

DP – Esta época está a ter certamente uma novidade para si, que é mais exposição aos meios de comunicação social. Como tem lidado com os elogios de, entre outros, Luís Freitas Lobo?
RC - É um realidade diferente, quando temos boas prestações estamos sujeitos a ser elogiados na comunicação social, mas também quando as coisas não correm tão bem é normal que existam criticas. Há que saber lidar com isto tudo, admitir os erros para tentar melhorar. Mas como é óbvio, ler os elogios é sempre bom para o ego e ajuda-nos a ter ainda mais confiança.


DP – Quando esta entrevista se realizou, era o segundo jogador mais utilizado do Portimonense no campeonato e estava no Top20 entre todas as equipas. O que isso significa para si?
RC - É muito bom ser dos jogadores mais utilizados da equipa e da II Liga. É bom em todos os aspetos. Como é óbvio qualquer jogador/atleta gosta de jogar e eu não sou exceção, e como tal trabalho para que isso aconteça o maior número de vezes. E para primeiro ano como profissional conseguir fazer os jogos quase todos é ótimo para ir ganhando alguma experiência e competitividade a nível profissional.

DP – Vive-se bem em Portimão?
RC - Vive-se muito bem na cidade de Portimão. O clima é bastante bom durante o ano inteiro, as pessoas da cidade gostam do clube e conseguem muitas das vezes manter o estádio bem composto, e está geograficamente bem colocada.

DP – O que tem achado dos adeptos do clube?
RC - Como já referi na resposta anterior, os adeptos gostam do futebol e do clube, e ao longo da época têm sido um bom apoio para nós. Esperemos no final da época poder retribuir esse apoio que eles têm dado com uma subida à I Liga.

DP – Do que tem observado e jogado, crê que Moreirense e Penafiel ocupam justamente os lugares de promoção?
RC - Se eles ocupam essas posições foi por mérito e como tal acho justo. Apesar de achar que se fossemos nós a estar naquelas posições não era de estranhar.

DP – O que é preciso melhorar para a equipa subir na classificação?
RC - Acho que a equipa tem vindo a fazer um campeonato excecional, no entanto, como a época é longa começa a existir algum desgaste e foi o que aconteceu connosco. Tivemos uma série de jogos com maus resultados, o que sentenciou um pouco as nossas aspirações de subir diretamente à I Liga. De qualquer das formas ainda temos a possibilidade de chegar ao Play-Off que nos dá possibilidade de subida e é nisso que estamos focados.


DP – Já disputou jogos frente ao Vitória de Setúbal e frente a equipas B dos principais emblemas portugueses. Daquilo que viu, sente que a I Liga favorece as suas capacidades?
RC - Penso que só chegando lá é que lhe posso responder a essa pergunta, no entanto, acho que não foge muito à qualidade existente nesta II Liga.

RC – Para alguém que passou muitos anos a praticar futebol no distrito de Setúbal, em divisões inferiores, custou ainda mais ser eliminado pelo Cova da Piedade na Taça de Portugal?
DP - Claro que custa ser eliminado da Taça de Portugal, quer seja pelo Cova da Piedade quer seja pelo Sporting. É uma competição histórica na qual nós queríamos chegar o mais longe possível, no entanto, nesse jogo o Cova da Piedade levou a melhor e passou à próxima eliminatória com todo o mérito e com um pouco de demérito da nossa parte também.

DP – A seguinte pergunta foi colocada por um adepto, André Gomes: O que tem achado da arbitragem?
RC - Os árbitros tal como os jogadores têm dias melhores e outros não tão bons.

DP – Como vê a rivalidade entre Portimonense e Farense?
RC - Portimonense vs. Farense é já uma rivalidade antiga. Portimão e Faro param tudo por causa deste jogo. É um jogo que qualquer jogador gosta de jogar, onde o estádio está cheio e com um ambiente à antiga do futebol português. Foi um prazer jogar os dois jogos com estas características.



CARREIRA

DP – Teremos Rui Correia brevemente na 1ª Liga, independentemente se o Portimonense subirá ou não?
RC - Tenho contrato com o Portimonense até ao final da próxima época, portanto vou fazer tudo para chegar à I Liga com o clube. Caso não seja possível subir com o Portimonense é óbvio que vou querer um dia chegar à I Liga quer seja no Portimonense ou não. Qualquer das formas espero que seja brevemente, o que significaria que seria com o Portimonense.

DP – Até onde o Rui considera que é possível chegar na carreira?
RC - É muito difícil responder até onde posso chegar ou não, ainda estou agora a começar a minha carreira como profissional. Prefiro pensar e dar tudo no presente para que o futuro depois possa ser melhor que o presente.

DP – No dia das mentiras disse que foi convocado para o Mundial. Representar a seleção é algo que acredita vivamente?
Foi uma brincadeira do dia das mentiras, mas que não deixa de ser um sonho, e sonhar não custa.


DP – Gostava de experimentar um campeonato estrangeiro? Há muitos futebolistas portugueses emigrantes em países da Europa de Leste… Qual é o seu campeonato preferido?
RC - Gosto muito do campeonato inglês e espanhol. De qualquer das formas se me dessem possibilidade de jogar no escalão principal do futebol Português seria fantástico. Mas como é óbvio se desportivamente e financeiramente for melhor para mim e para os meus familiares, é óbvio que não coloco de parte ir jogar para o estrangeiro.

DP - Quais foram os melhores amigos que fez ao longo da sua carreira?
RC - Ainda sou novo nestas andanças mas felizmente fiz alguns amigos ao longo destes cinco anos como sénior, desde jogadores, a treinadores e dirigentes por todos os clubes onde já passei.

DP - As lesões já condicionaram o seu percurso desportivo? Em que momentos?
RC - As lesões felizmente ainda não me impediram de treinar/jogar. Apenas parei durante duas semanas com uma entorse no pé. Espero continuar assim imune a lesões graves.

DP – O Rui tem mantido a sua página do facebook muito ativa, contando as peripécias da sua temporada futebolística. Fá-lo apenas por gosto, porque sente que os fãs necessitam desse espaço ou porque é uma forma de se promover?
RC - A minha página de atleta no facebook tem inicio quando uns amigos sem eu saber de nada a criaram, e como achei piada à iniciativa concordei. Até são eles que a gerem, pedindo sempre o meu consentimento para escreverem algo e colocarem lá.


OUTROS

DP  - Quem considera ser o melhor jogador do mundo na sua posição? É essa a referência, que de algum modo, procura copiar?
RC - Talvez neste momento seja o David Luiz. De qualquer das formas existe mais do que uma referência de melhor central na atualidade: Pepe e Sergio Ramos são outros exemplos que procuro como referências.


DP – Como vê a crise que tem atravessado o Seixal Futebol Clube, emblema no qual fez formação?
RC - Recordo do Seixal Futebol Clube o melhor e o pior. O melhor foi tudo aquilo que passei, aprendi, ganhei, perdi, ri, chorei, caí e levantei. Melhor que isso poder partilhar tudo isto com os meus colegas que ainda hoje considero como amigos. O pior foi aquilo que chegou passado estes anos todos, acabou primeiro com o futebol sénior e aos poucos foi caindo até à sua extinção até mesmo na formação.
Contudo com o novo nome acredito que poderá voltar a ser o clube digno e com história que sempre foi o SEIXAL.

DP – Quais são as principais qualidades do seu pai, Manuel Correia, enquanto treinador?
RC - Não gosto muito de falar do meu pai como treinador porque sou suspeito para falar. De qualquer das formas trabalhei com ele e só tenho coisas boas a dizer. Poderia enumerar várias características que o definem, no entanto, o trabalho de campo que ele faz nos treinos é ótimo e melhor ainda, consegue-se fazer o transfer para o jogo. Também não poderia deixar de referir que a relação humana que tem com os seus jogadores é excelente.

DP – O seu irmão tem marcado muitos golos ao longo desta temporada, mas é mais velho e tem menos margem de progressão. Como o define como jogador?
RC - Podem-se rir ao ler isto por ser meu irmão e não acreditarem, mas se me pedirem para o definir, eu digo que ele é craque! Se me perguntares "porquê?" eu digo que sei ver futebol e considero-o melhor que os outros… Só não seguiu esta carreira porque se calhar não teve a sorte que muitos outros já tiveram. E quantos casos destes existem nas divisões inferiores? Muitos.

DP – Como sportinguista que é, como analisa a temporada que o clube está a fazer?
RC - O Sporting está a fazer uma excelente temporada. Analisando as dificuldades que o clube tem estado a atravessar penso que fez uma época muito boa e que traz boas perspetivas para o futuro e isso como adepto agrada-me.


DP – Qual é o seu prognóstico quanto ao vencedor do Mundial 2014 e à prestação de Portugal?
RC - Como patriota que sou, aposto na nossa seleção sempre!

DP - Muito obrigado pelo tempo concedido! Foi um prazer! Tudo de bom para si!

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