sexta-feira, 2 de maio de 2014
Boccia é mero pretexto para mais e melhor saúde
O Torneio Municipal de Boccia Sénior, realizado na cidade de Beja, reuniu mais de uma centena de participantes numa competição onde se uniram esforços pela inclusão social e pelo envelhecimento ativo.
Texto Firmino Paixão
Fotos José Serrano
Uma centena de atletas seniores, oriundos de sete freguesias do concelho de Beja, participaram no Torneio Municipal Boccia Sénior 2014 que abriu o programa “Sempre Jovens”, iniciativa cofinanciada pelo Instituto Nacional para a Reabilitação e inserida no calendário anual da Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência que, ao nível local, teve, entre outros parceiros, o apoio do município de Beja, do Centro de Paralisia Cerebral de Beja e, especialmente, da Unidade de Cuidados na Comunidade de Beja, da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba). Os objetivos perseguidos, a divulgação da modalidade e o bem-estar físico e psicológico dos concorrentes, foram plenamente conseguidos, desde logo pela surpreendente adesão dos seniores do concelho, atestou o enfermeiro João Dias, da Unidade de Cuidados na Comunidade: “O torneio foi um sucesso, as pessoas estiveram sempre presentes e a parte final foi muito emocionante, aliás, os técnicos da Federação ficaram bastante agradados, apesar da preocupação pelo elevado número de participantes que nos obrigou a fazer cerca de 250 jogos, mas sentimos sempre que as pessoas estavam ali com uma interação muito forte e que se sentiram alvo de muita atenção e carinho”. O torneio, de resto, é uma ação que está ancorada a uma forte componente de convívio entre os seniores, concordou o técnico, reforçando a ideia de que “o Boccia surge para dar essa resposta. Sabemos da preponderância que tem a atividade física no envelhecimento ativo, estamos a falar de seniores com mais de 65 anos, mas sabemos que existem outros aspetos fundamentais”. Por isso, explicou João Dias, “para o envelhecimento ser mais saudável temos que trabalhar, nomeadamente o aspeto emocional, o pensamento, o raciocínio e por aí fora”. Não sendo uma atividade física exigente, o Boccia pode ser praticado de pé ou sentado mas, sublinhou o especialista em reabilitação, “é muito exigente em termos de estratégia, em termos do pensamento e do raciocínio; depois, todo o processo de socialização que o jogo implica e que vai-se tornando um vício. As pessoas vão gostando, continuam a praticar e isso faz com que trabalhem todas as vertentes que nós queremos em termos do que é o envelhecimento ativo”. O objetivo global não se esgota nesta competição anual, que promove a solidariedade entre gerações através da atividade física. João Dias explicou mesmo que “o torneio é apenas uma pequena gota, porque para chegar até aqui existe um trabalho muito intenso, um empenhamento de várias organizações e de outros profissionais, nomeadamente os professores de Educação Física que trabalham nas comunidades e a quem recorremos para desenvolvermos estes projetos”. A montante do torneio, revelou João Dias, “existe uma atividade enquadrada no Clube da Saúde, projeto que este ano ganhou a Missão Sorriso, em que fomos financiados com 10 000 euros”. O valor será aplicado na criação de um ginásio comunitário, em Albernoa, permitindo que a população usufrua de forma gratuita e sustentada de condições para a prática de atividade física. Por tudo isto, insistiu o técnico da Ulsba, “o Torneio de Boccia neste dia é só uma gota de água que resulta de um trabalho muito mais sustentado e organizado. Costumo dizer que o Boccia é aquela cola que mantém as pessoas agregadas ao projeto”, deixando ainda a mensagem de que os seniores “também devem ir a aulas de alimentação, a consultas e a sessões com psicólogos, e a consultas com os enfermeiros de família. Está tudo articulado, centramo-nos um bocado no Torneio do Boccia, que é muito estimulante, mas existe muito mais além disso, e os nossos seniores, neste processo, têm mais direitos do que deveres. O único dever que queremos que os idosos cumpram é estarem presentes nas sessões que lhes planeamos, o resto são direitos”.
Os vencedores da fase concelhia acederão a uma etapa nacional de qualificação, ainda que, para o técnico da Unidade de Cuidados na Comunidade, a competição não seja importante, mas João Dias assume que “ela existe, está lá e as pessoas gostam mas, para nós, o que conta é que todos adiram a estes projetos e participem, porque o que lhes estamos a dar é um bem impensável. Não sabemos, à partida, qual a dimensão dos resultados que isto pode provocar nas pessoas, mas sabemos que serão muito positivos, porque a boa gestão de atividade física e de uma alimentação cuidada são duas componentes que previnem mais de 60 por cento das doenças”. “Significa que estamos a dar às pessoas uma oportunidade de serem saudáveis, e é isso que nos preocupa, que sejam ‘Sempre Jovens’”, concluiu.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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