José Saúde
Constata-se que as teias do tempo
atribuíram novas aureolas ao mundo desportivo. Desbravaram-se
tempestades, contiveram-se aventureiros, fundaram-‑se coletividades e o
fenómeno dispersou-se efusivamente. É evidente que as novidades de ontem
em nada se compadecem com as de hoje. Submetido a exemplos de um
sistema envelhecido, revejo histórias contadas por gentes que já
partiram para o além e vergo-me à evolução desportiva deparada. Beja e o
seu distrito são exemplos cabais de uma divinal transformação. Recorro a
legados adjudicados aos sábios do passado, homens honestos e eruditas
dotados, e revejo narrativas que nos transportam aos primórdios
desportivos regionais. No dia 1 de fevereiro de 1931, por exemplo, foi
inaugurado o Estádio Condeça de Avilez, em Beja, sendo o seu piso em
terra batida, bancada em madeira e os camarotes cobertos a folhas zinco.
Acresce-se que a vedação exterior do espaço era também em chapas
zincadas. Ecoavam- ‑se então veementes sonhos. Porém,
tudo é passado. Hoje, as verdades são diametralmente opostas. O sonho
deu lugar a inextinguíveis teias que relegam o prazer do jogo para a
ganância de pressupostos interesses pessoais. O homem, politiqueiro e
empresarial, transformou o mítico jogo da bola em conveniências
exclusivas e o universo desportivo resvalou para impropérios princípios.
Ora são os fundos que gerem o valor dos craques, ora são os proveitos
políticos, ou o “assalto” às instituições por parte de grupos
organizados que se prestam em servir as cores partidárias. Os senhores
do poder tratam de assuntos que antes jamais conheceram e debitam
pomposos discursos sobre o mundo da bola. Pergunta atrevida: O que sobra
para os clubes? Nada, suponho! Sobram indeléveis teias que levam os
emblemas a uma atroz calamidade. Honremos pois o passado, respeitemos o
presente e acautelemos o futuro. Vive-se, atualmente, de afirmações
balofas e refutam-se profícuas ilações extraídas dos homens de
antigamente. Assim vai a imparável máquina futeboleira
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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