sábado, 2 de agosto de 2014

Teias

José Saúde

Constata-se que as teias do tempo atribuíram novas aureolas ao mundo desportivo. Desbravaram-se tempestades, contiveram-se aventureiros, fundaram-‑se coletividades e o fenómeno dispersou-se efusivamente. É evidente que as novidades de ontem em nada se compadecem com as de hoje. Submetido a exemplos de um sistema envelhecido, revejo histórias contadas por gentes que já partiram para o além e vergo-me à evolução desportiva deparada. Beja e o seu distrito são exemplos cabais de uma divinal transformação. Recorro a legados adjudicados aos sábios do passado, homens honestos e eruditas dotados, e revejo narrativas que nos transportam aos primórdios desportivos regionais. No dia 1 de fevereiro de 1931, por exemplo, foi inaugurado o Estádio Condeça de Avilez, em Beja, sendo o seu piso em terra batida, bancada em madeira e os camarotes cobertos a folhas zinco. Acresce-se que a vedação exterior do espaço era também em chapas zincadas. Ecoavam-                  ‑se então veementes sonhos. Porém, tudo é passado. Hoje, as verdades são diametralmente opostas. O sonho deu lugar a inextinguíveis teias que relegam o prazer do jogo para a ganância de pressupostos interesses pessoais. O homem, politiqueiro e empresarial, transformou o mítico jogo da bola em conveniências exclusivas e o universo desportivo resvalou para impropérios princípios. Ora são os fundos que gerem o valor dos craques, ora são os proveitos políticos, ou o “assalto” às instituições por parte de grupos organizados que se prestam em servir as cores partidárias. Os senhores do poder tratam de assuntos que antes jamais conheceram e debitam pomposos discursos sobre o mundo da bola. Pergunta atrevida: O que sobra para os clubes? Nada, suponho! Sobram indeléveis teias que levam os emblemas a uma atroz calamidade. Honremos pois o passado, respeitemos o presente e acautelemos o futuro. Vive-se, atualmente, de afirmações balofas e refutam-se profícuas ilações extraídas dos homens de antigamente. Assim vai a imparável máquina futeboleira

Fonte:  http://da.ambaal.pt/

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