sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
Não vendemos sonhos…
O Moura venceu em Reguengos de Monsaraz e subiu um degrau na tabela, mas o treinador Rui Gregório alerta para as dificuldades com a exiguidade do plantel e assume a reformulação dos objetivos da equipa.
Texto e foto Firmino Paixão
Ao quarto jogo da era de Rui Gregório como técnico do Moura Atlético Clube, a equipa conseguiu a sua primeira vitória. E fora de casa, no campo Virgílio Durão, em Reguengos de Monsaraz, onde as dificuldades costumavam ser muitas. Superou assim a métrica de rendimento com que o antigo treinador iniciou a prova, numa altura em que a ambição era elevada, o sonho e a utopia andavam lado a lado. Agora, com a saída de jogadores influentes no plantel (Bruno Severino e Andy Smith para o Pinhalnovense, e Caju de volta ao Brasil), a realidade é diferente e Rui Gregório admite a reestruturação das metas.
“Temos que ser realistas em relação à possibilidade de ir à próxima fase”, referiu o treinador, adiantando que “não estamos aqui para vender sonhos a ninguém, porque não sendo impossível ainda estarmos na fase de promoção, é, pelo menos, muito difícil. Temos que reestruturar as metas, para além da manutenção é a promoção e divulgação dos jogadores e o orgulho em defender o clube, a cidade e a região, mas nunca iremos atirar a toalha ao chão”. Sublinhando as dificuldades que encontrou, o treinador lembrou que “saíram apenas três jogadores do plantel, mas temos outros impedimentos com lesões e castigos”. Quanto à possibilidade de receber reforços já no início do próximo ano, Rui Gregório afirmou que “podemos reforçar a equipa em qualquer altura e temos abordado jogadores que têm muita vontade de vir para Moura, mas os clubes onde estão bloqueiam a sua saída, precisam deles e não os libertam, só com dinheiro envolvido nessa operação e o clube não tem capacidade para pagar a transferência de ninguém”.
Apesar das dificuldades que mais adiante relata, o treinador do Moura assegurou que a equipa já está a mudar e a assimilar novas filosofias de jogo: “Já consegui dar o meu cunho à equipa, noto que já temos princípios de jogo que são muito nossos e eles assimilaram isso muito bem. A questão principal é a competitividade no treino, quando estão 11 atletas contra uma baliza que não tem adversários; fazem um exercício que potencia apenas a finalização e não tem oposição, porque não podemos colocar lá oposição, não estão cá os jogadores para o fazer, torna-se difícil potenciar os jogadores em determinado exercício, é apenas isso”.
A exiguidade do plantel e a falta de soluções são as dificuldades que elenca, sustentando que “essas limitações têm-nos baralhado um pouco e não fujo à responsabilidade, mas esta equipa comigo ganhou os mesmos pontos nos primeiros três jogos, que tinha na primeira volta”. “No início do campeonato, com o Vila Real, Operário e Ferreiras a equipa conquistou um ponto, comigo conquistou o mesmo ponto, apesar das dificuldades todas – entretanto ganhou em Reguengos – e a outra estrutura técnica que cá estava tinha 19, 20 ou 21 jogadores”, acentuou.
Mas lembrou que “os jogadores têm trabalhado muito e perceberam que há uma estratégia diferente, há uma nova orientação e eles têm acolhido isso muito bem. Mas não é fácil trabalhar com 11 ou 12 jogadores, não se trata de motivação, trata--se de organização estrutural, um exercício com 11 ou 12 jogadores é pouco concebível, e eles têm feito um enorme esforço”, pormenorizando que “trabalhamos muito o 11 contra zero e isso, às vezes, causa alguns embaraços, temos andado sistematicamente a fazer cinco contra cinco, seis contra seis, em espaços reduzidos, isso não era sistema e então temos ido muito mais pela parte estratégica, não é desculpa, as pessoas sabem, a estrutura sabe, a cidade sabe, temos 11 ou 12 jogadores, temos andado com atletas lesionados no banco e alguns meninos dos juniores”.
Comprometido com o Moura Atlético Clube até final da presente época, Rui Gregório assumiu que “sabia as condições que aqui existiam, não só pela dedicação e o empenho das pessoas que envolvem e gerem o clube, como as próprias instalações, e foram esses os motivos que me fizeram vir, porque me sinto bem aqui e senti que seria possível fazer um bom trabalho”.
À espera do dérbi com o Mineiro Aljustrelense e motivado pelos pontos conquistados fora de casa, o antigo atleta do Belenenses referiu que “a vida de um desportista profissional, neste caso na área do futebol, não tem outras alternativas que não seja estarmos sempre com o peito cheio para trabalharmos muito e bem e fazermos tudo o que estiver ao nosso alcance para melhorarmos as nossas capacidades e ganharmos sempre próximo jogo”, concluiu.
Fonte: http://da.ambaal.pt/
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