sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Um treinador omnipresente


O aparecimento desta modalidade em Portugal está oficialmente definido para o início da década de 50, sendo certo que, uns bons anos antes, já se praticava de forma informal. No distrito de Beja onde, em passado mais ou menos recente, alguns patinadores obtiveram grandes resultados, no País e na Europa, existem atualmente oito escolas de patinagem (Aljustrel, Almodôvar, Beja, castro Verde, Cuba, Moura, Serpa e Vidigueira), algumas associadas a outras vertentes da patinagem, nomeadamente o hóquei. Cinco destes polos de patinagem artística têm um denominador comum – o treinador Edgar Cheira, 45 anos, que divide os seus dias entre duas paixões, a patinagem e a rádio. Quem é e o porquê desta quase omnipresença de um treinador em tantos emblemas, quase concorrencial a si próprio? Vamos saber.


A patinagem artística é uma arte, um desporto ou uma conjugação das duas coisas?
É uma arte e é um desporto, é mesmo a conjugação de ambos, é som, é cor, é movimento, é tudo o que um atleta possa imaginar e deitar cá para fora, tanto a nível corporal, como a nível desportivo. Mas é essencialmente uma arte.


Quando e por que é que esta modalidade entrou na vida do Edgar?Foi algo que aconteceu há muitos anos. Vi um festival de patinagem artística por mera casualidade, teria nove ou 10 anos, gostei imenso e acabei por entrar para a patinagem artística, em Beja. O meu primeiro clube foi o Desportivo de Beja e depois fui ficando, tenho grandes recordações desse tempo.


Vive esta modalidade com muita intensidade, ela é um bom bocado da sua vida, do seu dia a dia... … Sem dúvida, já não sei viver sem a patinagem. Neste preciso momento, se me dedicasse a outra coisa qualquer, acho que já não conseguiria, estou na patinagem desde os nove anos; até hoje já percorri, em todos estes anos, muitas etapas na patinagem artística e, nesta altura, já não me imagino sem ela.


Foi atleta em quatro clubes, depois fez-se treinador para evitar o divórcio com esta atividade? Chegamos a uma certa altura em que arrumamos as botas, neste caso os patins. Então, comecei a dar treinos, fui evoluindo e tirei o curso de treinador, foi um processo natural. O acesso à carreira de treinador não tem sido fácil, agora as coisas estão melhores, existiu uma lacuna muito grande em termos temporais, para concretizar novos cursos, de nível 1 e 2, julgo que as coisas estão a melhorar e que se organizam anualmente mais cursos.


Treina atletas em cinco clubes. Como é possível isto acontecer?Se olharmos para o meu currículo, eu treinei quase todos os clubes do Alentejo. Falta o Vidigueira, que é mais recente, neste momento treino o PC Almodôvar, o CPA Cuba, o FC castrense; sou coordenador técnico no CP Beja e dou outro apoio, sempre que posso, ao Moura Desportos Clube.


Treina um atleta de um clube para superar outro de um clube diferente que também é treinado por si? Chega a ser concorrencial consigo próprio?Não, eu costumo dizer que, independentemente do clube a que pertença, essencialmente, é o meu atleta, seja de que clube for, o resto está fora de questão. Os adeptos de um clube gostam que o seu atleta vença, eu não faço distinção de clubes, quero é que os meus atletas sejam cada vez melhores, seja qual for o emblema que representam.


Há muitos anos que é animador de rádio. Existe algum paralelismo entra a rádio e a patinagem?
A rádio pode acrescentar criatividade à patinagem, sobretudo a nível musical, porque esse é o nosso principal suporte. Trabalhar numa emissora de rádio é uma mais-valia, porque temos um universo enorme para explorar ao qual podemos ancorar a patinagem artística. Recordo um festival que fiz há uns bons anos, para o qual não tinha ideias e através da rádio descobri que a música popular portuguesa seria base para um grande festival. E o resultado final foi fantástico. Se não estivesse na rádio não teria tido esta criatividade.


Costuma olhar para o passado e sonhar com o seu futuro nesta modalidade. Qual é a essência desses seus sonhos?Continuar a formar grandes atletas, sei que os tenho e com grande potencialidade para chegarem a um campeonato do mundo e conseguirem boas classificações, como aliás já me aconteceu no passado. É essa a meta que persigo com maior determinação. Sonho levar mais atletas aos mundiais e superar o 7.º lugar do Diogo Colaço no mundial de 2010, em Portimão.



Firmino Paixão

Fonte: http://da.ambaal.pt/

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