José Saúde
Estimulando as aventuras que o universo
desportivo teima em preservar num turbilhão de gentes que vivem o
fenómeno apaixonadamente, leva o escriba a cruzar horizontes e trazer à
estampa curiosidades dos tempos modernos. Recuo a períodos de outrora e
revejo momentos inesquecíveis em que o estádio Dr. Flávio dos Santos, em
Beja, aclamava o Desportivo. Eram os tempos em que a equipa militava,
com orgulho, na II divisão nacional. Jogos entre equipas cujos onzes
eram constituídos por craques que deliciavam o pacato cidadão ao mundo
dos sonhos. Multidões fantásticas que se deixavam envolver pelos odores
vindos dos malabaristas que no interior das quatro linhas espalhavam os
perfumes dos seus futebóis. As jogadas magistrais, e os golos marcados,
assinalavam mais uma tarde de inacabados êxitos. Agora, o público, já
escasso, limita-se a uma outra realidade que significa somente uma
antítese do passado. A Revolução dos Cravos, Abril 1974, proporcionou
uma inquestionável alteração das infraestruturas desportivas. Beja é
agora uma urbe com imensas valências. Os clubes espalham-se pelas
condições entretanto criadas. Antes restringiam-se ao municipal, ao seu
pelado e às exíguas circunstâncias oferecidas pelos balneários.
Presentemente, a situação é bem diferente. O Desportivo de Beja, em
seniores, caiu no escalão secundário da AFBeja, uma situação que não
amesquinhará o seu vasto historial. Conjunturas, compreensíveis, que os
tempos modernos a isso obrigaram. Mas o clube está vivo e mantém-se
indubitavelmente em pé. Os dirigentes mostram-se incansáveis e o seu
trabalho profícuo deixa antever dedicação. E é neste conjunto de
prossupostos que enalteço a subida de divisão do Desportivo ao escalão
primodivisionário regional. Não vamos vilipendiar um clube com histórias
deveras encantadoras, não abordemos o tema das falácias e tão-pouco as
desorganizações extemporâneas, mas elevemos um emblema que salvaguardará
um passado brilhante e que acolhe o futuro com enfâse. Parabéns,
Desportivo!
Fonte: http://da.ambaal.pt
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