quarta-feira, 1 de julho de 2015

«Com família e filhos não podemos estar no futebol a todo o custo» – Óscar Tojo

Alentejano, 35 anos, professor de desporto no FMH e treinador de futebol. Óscar Tojo concedeu uma grande entrevista à Rádio Despertar – Voz de Estremoz, no programa «À Volta do Rossio», conduzido por José Lameiras.
O eborense falou essencialmente de futebol e da sua paixão pelo desporto-rei, embora neste momento dê prioridade à família e aos filhos. Conferimos algumas frases marcantes.
Carreira
Aos 22 anos decidi abandonar a carreira futebolística (Lusitano Évora, Giesteira, São Manços, Desp. Beja).
Vivemos num meio interior onde o nível competitivo é baixo e as oportunidades para chegar ao nivel profissional são muito difíceis. O único caminho que tive foi seguir a área do conhecimento.
Temos o cuidado de ter uma entrevista individual com cada jogador para perceber a sua resposta em momentos de sucesso e insucesso, individual e coletivamente.
A intervenção dos treinadores deve ser centrada em três áreas: homem, atleta e futebolística. Existem quatro fatores fundamentais de rendimento do atleta: técnico, físico, tático e psicológico. Acredito que seja preciso muita equidade.
José Mourinho é o grande responsável do treinador português ser olhado como o melhor do mundo.
Acredito que daqui a 10 anos os treinadores de futebol tenham de ter todos uma licenciatura.
Existem três clubes alentejanos que podem criar esperanças no futebol profissional: Atlético de Reguengos, Juventude de Évora e Lusitano de Évora.
Não tenho dúvidas que o Pedro Caixinha chegará a um grande em Portugal. Tem competência e trabalho para isso.

Quando ganhamos não somos os melhores. Quando perdemos não somos os piores.
União de Leiria
Se não fosse o convite de Pedro Caixinha para o União de Leiria (2010) dificilmente chegaria ao futebol profissional. Estou-lhe muito grato e sinto-me privilegiado por me ter escolhido a mim e ao Pedro Malta.
No nosso primeiro dia no União de Leiria estalou a bomba de crise no clube. Foi-nos proibida a entrada no estádio na parte da tarde. Ficámos sem campo para jogar e treinar. Ás vezes a diferença do futebol profissional e amador não é assim tanta, tirando quatro ou cinco clubes.
Em Leiria, a minha esposa despediu-se do emprego com duas crianças e passado um mês voltou para Évora e essa oportunidade de trabalho deixou de existir.
Nacional da Madeira
É uma região fantástica em termos de qualidade de vida. Correu muito bem, é um clube com umas condições fantásticas.
Lembro-me de estar no Estádio da Luz e quando subi ao relvado sermos assobiados e ofendidos, quando eu sempre fui benfiquista.
Quando chegámos o balneário estava partido em três: portugueses, brasileiros e sérvios.
Santos Laguna, México
Foram dois anos que me marcaram muito. Deixar a família foi muito complicado, foi a primeira vez que passei sozinho um Natal e o aniversário dos meus filhos. Após isso levei a família mas não se adaptaram à cidade.
Lembro-me de estar no hotel e passarem dois helicópteros com militares aos tiros aos traficantes de droga. Torreón era considerada a quinta cidade mais perigosa do mundo.
O clube tem 30 anos e teve um momento decisivo quando o grupo Modelo (Corona) construiu um estádio e uma academia. Teve um grande salto qualitativo, o que levou a ser um clube mais elitista, aí torna-se maior a exigência dos adeptos. Das condições de trabalho só tenho a dizer bem.
A partir do momento em que existe família e filhos não podemos estar nisto a todo o custo. Existem prioridades. Decidi pôr uma pausa na minha carreira profissional.
Há diferenças significativas com Portugal em termos monetários. A liga mexicana é a sexta melhor do mundo em termos de impacto financeiro. No Nacional tivemos com três meses de salários em atraso, ali não acontece.

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