sexta-feira, 29 de setembro de 2017
Quinito
José Saúde
Devoro, reiteradamente, relíquias de um passado atulhado de esplêndidas cenas desportivas onde sobressaem primorosos artistas que pisaram distintas e faustosas passadeiras da fama. Trazer a público a componente do prescrito processo é, para além de um desafio, um dever cívico para com o leitor e de um bem-querer a uma modalidade onde conheci exímios executantes. Interiorizando toda uma panóplia de craques que exaltaram a minha crença pelo jogo, cito o popular Quinito. Joaquim Alves dos Santos nasceu em Évora no dia 26 de abril de 1938, sendo que a sua paixão pelo futebol teve lugar quando integrou um grupo de moços de rua, seguindo-se os tempos em que os Salesianos lhe facultaram utilizar o campo, bem como os respetivos equipamentos, ficando explicitamente assente no “contrato” verbal a obrigatoriedade de uma ida à missa aos domingos. Mais tarde, e com o espírito da juventude a imperar, alinhou numa turma que dava pelo nome de River Plate, tendo em conta a influência do futebol argentino na Europa, sucedendo que aos 18 anos ingressou no Lusitano Ginásio Clube. Nesse tempo, o Lusitano de Évora militava na primeira divisão nacional e Quinito, com 19 risonhas primaveras, já brilhava na equipa principal. Otto Bumbel era o treinador e no valioso plantel pontificavam nomes como os de Vital, Paixão, Antoninho, Zé Pedro, Caraça, Batalha, Flora, Vicente, Narciso, Marciano, Teotónio, entre outros. Nesta fase de grande euforia, uma vez que o Lusitano se apresentava como a bandeira do Alentejo, Quinito participava, também, em torneios populares com os irmãos Mendonça, Fernando e Jorge, jogadores do Juventude e que transitaram para o Sporting. Sporting que endossou, igualmente, um convite à jovem estrela eborense, mas esse desafio gorou-se por uma oposição austera e exclusiva do seu pai. A sua carreira era carimbada pelo sucesso e eis Quinito a estrear-se pela seleção militar. Na época de 1959/1960 o craque alentejano defrontou o Luxemburgo, vitória portuguesa por 2-0, e recebeu as insígnias de internacional militar. No ano de 1963, já como funcionário dos CTT, ingressou no Desportivo de Beja, cidade onde já residia, e por terras paxjulianas foi protagonista de uma carreira fulgurante. Tive a possibilidade de o ter como companheiro de balneário no Desportivo e reconhecer-lhe, em campo, todas as suas mais-valias no mundo futebolístico. Como homem deste maravilhoso cosmos, Quinito foi um dos fundadores da Associação Cultural e Recreativa Zona Azul, uma coletividade de Beja que depositou no antigo “deus da bola” a merecida confiança, sendo o seu trabalho nos escalões de formação simplesmente encantador. O antigo astro, como técnico do grémio das Alcaçarias, descobriu e arrastou para a ribalta verdadeiros ídolos futuros.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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