“Os meus sonhos e a minha ambição não têm limites. Eles são permanentemente o meu combustível. Contudo, temos que ser
práticos e definirmos bem as nossas metas, avaliarmos os objetivos que consideramos realizáveis. Claro que é um sonho chegar à primeira categoria nacional, mas essa é uma meta a médio ou longo prazo”.
Texto e foto Firmino Paixão
Uma confissão do árbitro Bruno Miguel do Carmo Vieira, nascido em Beja há 28 anos, licenciado em Gestão de Empresas, filho do antigo árbitro de futebol Jaime Vieira, ainda hoje internacional de hóquei em patins.
Bruno recorda que “na época anterior” esteve num grupo de 12 árbitros de futebol de 11 que integraram o estágio “C2N3”, o “Curso Nível 3 de Elite do futebol português”, e assegura que, por isso, não se considera um árbitro de elite: “Sou apenas um árbitro mais experiente, por ter tido a sorte de ter chegado cedo aos quadros da Federação Portuguesa de Futebol”, diz. Ainda assim, o jovem bejense admite que “foi uma experiência enriquecedora, que me tornou mais árbitro, tanto a nível psicológico e técnico como físico”. Atualmente, e por não ter conseguido ascender à primeira categoria, voltou a ser árbitro C2, ou seja, da 2.ª Categoria Nacional, e dirige jogos do Campeonato de Portugal. “Não o considero como um passo atrás, mas sim a oportunidade de ter mais um ano de experiência num escalão que conheço bem”, adianta.
Nascido numa região do interior, onde, também, nesta área desportiva, as oportunidades não abundam, Bruno Vieira, que começou a apitar jogos aos 15 anos, tem feito com que o seu mérito e a sua dedicação superem as dificuldades do percurso que traçou: “Penso que o meu mérito advém de todo o trabalho realizado, bem como da entrega, dedicação e alguma sorte”. E revela que, atualmente, “não existe distinção entre zonas geográficas dos árbitros, muito por culpa do Plano Nacional de Formação, que veio implementar centros de treino em diversas zonas que detinham menos condições que outras”.
Ainda assim, vai longe o tempo em que o Conselho Regional de Arbitragem da Associação de Futebol de Beja tinha representantes ao mais alto nível. Na época passada, Bruno Vieira, que à margem da arbitragem é consultor financeiro de uma empresa de consultoria para negócios e gestão, em Lisboa, era o árbitro mais cotado da Associação de Futebol de Beja. Hoje tem outros ao seu nível mas, “no passado mês de julho ingressei na Associação de Futebol de Lisboa”. Opções pessoais? Ou a constatação de que filiado na Associação de Lisboa teria mais e melhores oportunidades? A resposta é óbvia, não surpreende: “Acaba por ser um pouco a junção das duas vertentes. Os motivos começaram por ser pessoais e profissionais, dada a minha vida estar centralizada em Lisboa. Contudo, a ausência de deslocações, os encargos associados e o cansaço traduziram-se em melhorias nas minhas atuações, tanto a nível mental, como físico. Por isso, existiu aqui uma vertente de oportunidade”. Contudo, foi na cidade de Beja, e nos campos de futebol deste distrito, que tudo começou, e, isso, Bruno não esquecerá: “Claro que não. Foi em Beja que cresci enquanto árbitro e fui marcando a minha posição no futebol. Gostaria de voltar um dia, seja enquanto observador, formador ou noutra função ligada à arbitragem”.
Entretanto existem metas mais imediatas, realizáveis ou não, o tempo o dirá, mas o árbitro bejense confessa que “o objetivo para este ano é conseguir ingressar no estágio ‘C2N3’ e voltar a conseguir o 1.º lugar na fase teórico-prática”. Mas, para já, quer focar-se nos seus jogos “e fazer com que cada jogo seja uma autêntica final”, até porque a época ainda está no início e existe todo um processo de avaliações permanentes.
A profissionalização na arbitragem pode ser uma consequência de tamanha dedicação e progressão que o árbitro persegue: “É um dos meus objetivos futuros. Atualmente, e por ter iniciado um novo projeto profissional, tenho a possibilidade de dispor de mais tempo para a arbitragem, porém, insuficiente para me deixar totalmente realizado”.
Com a arbitragem recorrentemente na ordem do dia, e nem sempre pelos melhores motivos, é confortante ver a ambição e a determinação de um jovem que abraçou a causa e nela procura o seu lugar ao sol. Mas será que se justifica tanto ruído em torno dos árbitros e da arbitragem? “A nossa classe já está habituada a todo o alarido à volta da arbitragem. Resta-nos canalizar todo este ruído para um trabalho mais exigente, focado em melhorias nas nossas atuações e numa melhor preparação dos nossos jogos”, conclui Bruno Vieira.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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