sexta-feira, 6 de abril de 2018

Bola de trapos, edição no Diário do Alentejo de 6 de abril de 2018

José Saúde
Carlos Aleixo
Em finais da década de 1940, e quando envergava o equipamento do Sport Lisboa e Elvas, equipa que disputava o campeonato da primeira divisão nacional, que um dos célebres virtuosos do futebol alentejano resolveu regressar à terra natal: Mina de São Domingos. Um emprego na Caixa de Previdência da firma Mason and Barry ditou o seu destino. Carlos Aleixo Machado nasceu a 14 de janeiro de 1923, sendo uma das sumptuosas “Glórias do Passado” que brilharam no cosmos futebolístico nos anos de 1940 e 1950. Libertando o pó das relíquias já descoradas pela longevidade do tempo, visitei, há anos, Carlos Aleixo na sua residência, em Faro. Com uma memória de fazer cobiça, o antigo craque lá foi desvendando a sua memorável história: “Os meus princípios foram com uma bola de trapos. Eu fazia parte do grupo do Zé Salita, Marcos, Patrício, Manel Vaz, Fernando Neves e alinhávamos pelo Nacional, um grupo do Bairro Alto”. O São Domingos era o grémio mais credenciado, todavia, Carlos Aleixo, com 17 anos, estreou-se pelo Guadiana, equipa que alinhava à Sporting, clube do qual sempre foi adepto. Três épocas no Guadiana, sendo que pelo meio representou, também, o União de Beja. “Na equipa de Beja atuavam grandes jogadores. O Manel e o João Ameixa, o Delca, o Bota, o Faustino, o Mateus Pereira, o Páscoa, o Justino Baião e tantos outros”. O saudoso Melo Garrido foi o divino mestre que convenceu o rapaz para jogar na turma bejense. Uma curiosidade ficar-lhe-á eternamente na memória: “Sempre que chegava a Beja na camioneta da carreira já havia um mar de gente à minha espera”. O seu nome começou a ser muito badalado na imprensa escrita regional, concretamente no “Diário do Alentejo”, e em 1945, já com o serviço militar cumprido, ei-lo a caminho de Elvas mas, à boleia. Três temporadas na cidade raiana e o regresso a casa. Este retorno tem uma história hilariante. “Uma noite estava a jantar no Ângelo, em Beja, quando se acercou de mim um sujeito de nome Bumba, que se identificou como treinador, e me endossou o convite para regressar ao clube da minha terra. Aceitei”. O São Domingos, nesses tempos, era um baluarte de vedetas e a sua contratação encarada com pompa e circunstância. Zé Lopes, Valentim, Godinho, Chico Zarcos, Fernandes e Cipriano, eram alguns dos sumptuosos nomes que militavam na coletividade mineira. Presentemente na Mina de São Domingos o futebol perdeu o fulgor do passado. Sublinhe-se, no entanto, a chama notável que os responsáveis do São Domingos Futebol Clube implementam numa agremiação fundada em 15 de agosto de 1920. O tempo ancestral de Carlos Aleixo, bem como de outros geniais artistas da bola, é passado, elogie-se o presente, projete-se o futuro e dê-se alma ao velhinho campo de jogos Cross Brouwn.
Fonte: Facebook de Jose saude.

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