José Saúde
Carlos Aleixo
Em finais da década de 1940,
e quando envergava o equipamento do Sport Lisboa e Elvas, equipa que
disputava o campeonato da primeira divisão nacional, que um dos célebres
virtuosos do futebol alentejano resolveu regressar à terra natal: Mina
de São Domingos. Um emprego na Caixa de Previdência da firma Mason and
Barry ditou o seu destino. Carlos Aleixo Machado nasceu a 14 de janeiro
de 1923, sendo uma das sumptuosas “Glórias do Passado” que brilharam no
cosmos futebolístico nos anos de 1940 e 1950. Libertando o pó das
relíquias já descoradas pela longevidade do tempo, visitei, há anos,
Carlos Aleixo na sua residência, em Faro. Com uma memória de fazer
cobiça, o antigo craque lá foi desvendando a sua memorável história: “Os
meus princípios foram com uma bola de trapos. Eu fazia parte do grupo
do Zé Salita, Marcos, Patrício, Manel Vaz, Fernando Neves e alinhávamos
pelo Nacional, um grupo do Bairro Alto”. O São Domingos era o grémio
mais credenciado, todavia, Carlos Aleixo, com 17 anos, estreou-se pelo
Guadiana, equipa que alinhava à Sporting, clube do qual sempre foi
adepto. Três épocas no Guadiana, sendo que pelo meio representou,
também, o União de Beja. “Na equipa de Beja atuavam grandes jogadores. O
Manel e o João Ameixa, o Delca, o Bota, o Faustino, o Mateus Pereira, o
Páscoa, o Justino Baião e tantos outros”. O saudoso Melo Garrido foi o
divino mestre que convenceu o rapaz para jogar na turma bejense. Uma
curiosidade ficar-lhe-á eternamente na memória: “Sempre que chegava a
Beja na camioneta da carreira já havia um mar de gente à minha espera”. O
seu nome começou a ser muito badalado na imprensa escrita regional,
concretamente no “Diário do Alentejo”, e em 1945, já com o serviço
militar cumprido, ei-lo a caminho de Elvas mas, à boleia. Três
temporadas na cidade raiana e o regresso a casa. Este retorno tem uma
história hilariante. “Uma noite estava a jantar no Ângelo, em Beja,
quando se acercou de mim um sujeito de nome Bumba, que se identificou
como treinador, e me endossou o convite para regressar ao clube da minha
terra. Aceitei”. O São Domingos, nesses tempos, era um baluarte de
vedetas e a sua contratação encarada com pompa e circunstância. Zé
Lopes, Valentim, Godinho, Chico Zarcos, Fernandes e Cipriano, eram
alguns dos sumptuosos nomes que militavam na coletividade mineira.
Presentemente na Mina de São Domingos o futebol perdeu o fulgor do
passado. Sublinhe-se, no entanto, a chama notável que os responsáveis do
São Domingos Futebol Clube implementam numa agremiação fundada em 15 de
agosto de 1920. O tempo ancestral de Carlos Aleixo, bem como de outros
geniais artistas da bola, é passado, elogie-se o presente, projete-se o
futuro e dê-se alma ao velhinho campo de jogos Cross Brouwn.
Fonte: Facebook de Jose saude.
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