José Saúde
Diogo Requeijão
O ingrato mundo do futebol
proporciona, esporadicamente, inexplicáveis razões sobre génios da bola
que ficaram pelo caminho quando a sua condição absoluta deixava antever
um futuro deslumbrante. Neste contexto, alvitrava-se o saber lidar com a
arte e sobretudo com as emoções pessoais. Aliás, uma condição que
permanentemente acontece. Na minha memória concentram-se imagens de um
esquerdino que nas décadas de 1950 e 1960 maravilhou o palanque
futebolístico bejense com “fintas” magistrais que deixavam o adepto
extasiado. Diogo Augusto Barrocas, o popular Diogo Requeijão, como
sempre foi conhecido, nasceu em Beja no dia 14 de maio de 1940 e não
atingiu o púlpito do futebol nacional porque a “cabeça não ajudou”.
Iniciou-se nos jogos de rua. “Naquele tempo os nossos jogos acabavam
conforme o que tínhamos combinado, terminavam quando uma das equipas
marcasse oito ou 10 golos. Mas como eu era muito habilidoso e fintava
com facilidade, acontecia que em pouco tempo marcava os golos todos e o
jogo quase não dava para aquecer. Comecei a ser conhecido e a exigência
da malta passava por eu ter que ficar na baliza”. Requeijão foi mais uma
das estrelas cintilantes que nos anos 50, século passado, espalhou luz
na célebre escola de Feliciano, seguindo-se o Despertar. “O Desportivo
não tinha escalões de formação e o nosso destino era o Despertar. Pelo
Despertar fui duas vezes campeão em juniores”. Como sénior ei-lo de
regresso ao Desportivo e quando a turma bejense militava na segunda
divisão nacional. Assumindo a titularidade, não obstante no onze
proliferarem eloquentes craques, as suas exibições eram de tal modo
relevantes que o seu nome começou a ser muito divulgado. “Tive convites
do Sporting, Benfica, Académica de Coimbra, Vitória de Setúbal e Amora. O
Sporting tinha um extremo esquerdo de nome Cabrita e os dirigentes de
Alvalade diziam que eu tinha todas as condições para o render nessa
posição. Lembro a luta entre o Sporting e o Benfica, uma vez que ambos
se mostravam interessados na minha aquisição. Mas, o meu complexo de
inferioridade em relação aos outros não permitiu que tivesse coragem
para aproveitar essas oportunidades”. Seguiu-se uma outra guerra, esta
interna, entre o Despertar e o Desportivo. “Os diretores tentaram
enganar-se uns aos outros. Diziam que a sua oferta monetária era
superior à do outro e a confusão mexeu com a minha pessoa. Senti-me
enganado e deixei de jogar. Arranjei emprego nos CTT e pus a bola de
parte”. Para memória futura aqui registado um onze do Desportivo na
época de 1962/1963: Isidoro, Joaquim Madeira, Costa, Francelino,
Osvaldinho, Joab, Dionísio, Noí Madeira, Fernandes, Quinito e Diogo
Requeijão. O treinador era Valentim Alexandre. O Diogo vive em Setúbal.
Fonte: Facebook de Jose saude.
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