José Saúde
Morreu Delmiro Palma
O jornalismo
desportivo bejense ficou mais pobre: morreu Delmiro Pacheco Ramos Palma.
O fatídico adeus teve lugar no dia 16 de maio e contava 83 anos.
Natural de Cabeça Gorda o saudoso amigo deixou um legado que honra
gerações que se envolveram no mundo da escrita. Estávamos nos princípios
da década de 1980 quando o Delmiro Palma ousou desafiar preconceitos,
ultrapassar barreiras e bater-se pela fundação de um órgão social
meramente desportivo. O projeto tinha pernas para andar e desde logo
sustentou a abençoada ideia na base de um pequeno núcleo de amigos que
se prontificaram para tornar o sonho realidade. Xico Pratas,
recentemente falecido, e Firmino Paixão foram dois companheiros que se
colocaram na linha de lançamento para a concretização da almejada visão.
Delmiro Palma trouxe então à luz o jornal “O ÁS”, um periódico que
arrebatou explícitos interesses. O seu início foi pautado pelas óbvias
dificuldades. Impunha-se bulir com a publicidade e na sistemática
procura de instrumentos que servissem o intento. Mas o Delmiro,
humildemente, lá foi dando a volta ao texto e seguiu em frente com a sua
excecional ambição. E eis que no meio do nada o público se deparou com
as leituras de “O ÁS”, um instrumento de comunicação que se afirmaria no
tempo. Em janeiro de 2000 o autor deste texto adquiriu o título e creio
que não defraudei os exímios objetivos do seu fundador. “O ÁS” cresceu,
dinamizou novas temáticas, recorreu a preciosas fontes, desenvolveu os
temas e deu continuidade ao inolvidável desígnio. Hoje, faço uma
retrospetiva de um cosmos jornalístico desportivo que conheci e
interrogo-me sobre o futuro. Perderam-se elãs e jornais com o fulgor do
inesquecível “O ÁS”. Reconheço a força que o Delmiro incutiu no meu
espírito, sendo este um fator capital para encarar a arte da escrita, e o
pormenor da caligrafia, como uma minuciosidade de valores éticos e
morais que ainda fazem parte do meu ADN. Olho à minha volta e dou por
mim a esbarrar numa inevitável veracidade: o Xico Pratas e o Delmiro
Palma, dois ícones do jornalismo desportivo regional, já partiram para a
tal viagem sem regresso, resta enaltecer os raros condiscípulos que
numa luta titânica contra ventos e marés lá vão deliciando os leitores
com um leque de informações desportivas assumidas como divinais.
Exponho, em particular, o brilhante trabalho semanário de Firmino Paixão
no “Diário do Alentejo”. No pretérito sábado, no Complexo Desportivo
Fernando Mamede, em Beja, disputou-se a final da Taça do Distrito, um
desafio que opôs o Mineiro Aljustrelense e o Milfontes, sendo que antes
do jogo a AF Beja levou a cabo um minuto de silêncio em memória do Sócio
Honorário Delmiro Palma, um gesto de solidariedade justo e de louvável
nobreza. Fica também registado a minha sentida homenagem a um homem que
muito deu ao jornalismo desportivo na região. Descansa em paz e um até
logo, Delmiro!
Fonte: FaCEbook de Jose saude.
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