“Fui treinado pelo mestre Kiyoshi Kobayashi cerca de 10 anos e foi nesse período que obtive os melhores resultados nacionais. Fui campeão nacional, duas ou três vezes, fiquei uma vez em segundo lugar, em absolutos, e competi em muitas provas internacionais. Participei em campeonatos do mundo para médicos, disputei campeonatos europeus e mundiais de veteranos e depois comecei a participar em demonstrações técnicas, os katas. Competi em campeonatos nacionais, da Europa e do mundo, de katas, e fui conquistando alguns títulos europeus e mundiais a esse nível”.
Eis um extracto do invejável currículo do judoca José Gomes Vítor
Costa, de 67 anos, nascido em Albufeira, atleta do Judo Clube de Beja,
médico-cirurgião ortopedista.
Iniciou-se na modalidade em março de 1968, na região de onde é natural. “Naquela altura surgiu o judo em Faro. Não existia, era um desporto desconhecido e vi uma publicidade que dizia que o judo era um desporto em que o fraco vencia o forte, que era bom para defesa pessoal e eu acabei por ir para o judo. Comecei a gostar, aquilo era uma luta corpo a corpo, digamos assim, tinha muitas técnicas e permitia que um indivíduo assim mais fraco, se tivesse boa técnica, podia vencer um mais forte. Isso entusiasmou-me e fez com que eu, desde 1968 até hoje, nunca deixasse de praticar”.
Começou por representar o Sport Faro e Benfica, passou pelo Judo Clube de Faro a caminho do Judo Clube de Portugal, em Lisboa, clube onde fez a maior parte da sua carreira até chegar ao Judo Clube de Beja, no ano de 1985. Já exerceu cargos diretivos da Associação de Judo de Beja, no Judo Clube de Beja e, atualmente, integra a Comissão Nacional de Graduações da Federação Portuguesa de Judo.
Diz o médico e desportista, 6.º dan (cinturão vermelho e branco): “No judo acabamos por fazer tudo. Somos atletas de competição, mais tarde somos treinadores, árbitros, dirigentes, tentamos colaborar em tudo o que é preciso para desenvolver a modalidade”.
Um percurso enriquecedor, um tanto pelos títulos conquistados, outro tanto pelas vivências que a modalidade lhe tem proporcionado. “O judo é um desporto muito completo”, assegurou. “Permite, realmente, desenvolver toda a parte física, a pessoa também melhora o seu equilíbrio, aprende a cair, sempre que haja algum desequilíbrio, se cair, cai sempre bem. Desenvolve toda a parte muscular, os membros, o tronco e, por outro lado, também corrige as posturas. Tem uma certa disciplina de convivência com os nossos parceiros, tudo isso nos faz viver como uma grande família, que é a família do judo”.
Pelo meio desta intensa actividade desportiva surgiu a licenciatura em Medicina e de uma forma muito curiosa, revelou Vítor Costa: “O mestre Kobayashi tinha uma certa habilidade para fazer tratamentos tipo ‘endireita’, digamos assim.
Ele reduzia luxações, tratava as lesões da coluna e tratava uma série de traumatismos e outras lesões crónicas e esse facto entusiasmou-me até para mais tarde seguir a ortopedia, uma especialidade cirúrgica que é também uma especialidade tipo ‘endireita’, também tem essa vertente”.
Na “cartilha” de méritos do judo lê-se que potencia os níveis de concentração, algo que, se calhar, um cirurgião ortopédico necessitará num cenário de bloco operatório. “Sim, isso ajuda, porque o judo significa a via da suavidade, portanto, é tentar fazer as coisas de forma suave, sem brutalidade, com segurança e esses requisitos acho que também me ajudam na parte cirúrgica. Trabalho com mais segurança, com mais à-vontade e com mais autodomínio, é algo importante, sim”.
Conheceu grandes mestres da modalidade, “especialmente o grande mestre Kobayashi, que deu um grande impulso ao judo em Portugal, valorizou muito a modalidade e tinha outra vertente que era trazer e aproximar judocas japoneses a Portugal e quando nós íamos ao Japão também nos apresentava os grandes mestres lá do Kodokan”.
José Vítor Costa tem viajado inúmeras vezes para o Japão, país onde frequenta estágios e outras formações, sempre na procura da sua valorização: “Já fui oito vezes ao Japão, para estágios de judo no ‘Kodokan Jude Institute’, sobretudo para estudar esta técnica dos katas. Uma das vezes que lá estive fui acompanhado com pessoal do Judo Clube de Beja, também com o meu filho, acho que foi muito importante do ponto de vista técnico e não só”.
Agora, tendo no seu invulgar currículo vários títulos de campeão nacional, europeu e mundial, o que mais esperará José Vítor Costa desta modalidade que abraçou há meio século? “Espero continuar a praticá-la até poder. Continuarei a participar nas competições de kata, estou com 67 anos mas, enquanto me sentir capaz de continuar, é isso que farei”, concluiu o atual campeão nacional de kime-no-kata.
Texto e foto Firmino Paixão
Fonte: Facebook de Firmino Paixao e Diariodo Alentejo
Iniciou-se na modalidade em março de 1968, na região de onde é natural. “Naquela altura surgiu o judo em Faro. Não existia, era um desporto desconhecido e vi uma publicidade que dizia que o judo era um desporto em que o fraco vencia o forte, que era bom para defesa pessoal e eu acabei por ir para o judo. Comecei a gostar, aquilo era uma luta corpo a corpo, digamos assim, tinha muitas técnicas e permitia que um indivíduo assim mais fraco, se tivesse boa técnica, podia vencer um mais forte. Isso entusiasmou-me e fez com que eu, desde 1968 até hoje, nunca deixasse de praticar”.
Começou por representar o Sport Faro e Benfica, passou pelo Judo Clube de Faro a caminho do Judo Clube de Portugal, em Lisboa, clube onde fez a maior parte da sua carreira até chegar ao Judo Clube de Beja, no ano de 1985. Já exerceu cargos diretivos da Associação de Judo de Beja, no Judo Clube de Beja e, atualmente, integra a Comissão Nacional de Graduações da Federação Portuguesa de Judo.
Diz o médico e desportista, 6.º dan (cinturão vermelho e branco): “No judo acabamos por fazer tudo. Somos atletas de competição, mais tarde somos treinadores, árbitros, dirigentes, tentamos colaborar em tudo o que é preciso para desenvolver a modalidade”.
Um percurso enriquecedor, um tanto pelos títulos conquistados, outro tanto pelas vivências que a modalidade lhe tem proporcionado. “O judo é um desporto muito completo”, assegurou. “Permite, realmente, desenvolver toda a parte física, a pessoa também melhora o seu equilíbrio, aprende a cair, sempre que haja algum desequilíbrio, se cair, cai sempre bem. Desenvolve toda a parte muscular, os membros, o tronco e, por outro lado, também corrige as posturas. Tem uma certa disciplina de convivência com os nossos parceiros, tudo isso nos faz viver como uma grande família, que é a família do judo”.
Pelo meio desta intensa actividade desportiva surgiu a licenciatura em Medicina e de uma forma muito curiosa, revelou Vítor Costa: “O mestre Kobayashi tinha uma certa habilidade para fazer tratamentos tipo ‘endireita’, digamos assim.
Ele reduzia luxações, tratava as lesões da coluna e tratava uma série de traumatismos e outras lesões crónicas e esse facto entusiasmou-me até para mais tarde seguir a ortopedia, uma especialidade cirúrgica que é também uma especialidade tipo ‘endireita’, também tem essa vertente”.
Na “cartilha” de méritos do judo lê-se que potencia os níveis de concentração, algo que, se calhar, um cirurgião ortopédico necessitará num cenário de bloco operatório. “Sim, isso ajuda, porque o judo significa a via da suavidade, portanto, é tentar fazer as coisas de forma suave, sem brutalidade, com segurança e esses requisitos acho que também me ajudam na parte cirúrgica. Trabalho com mais segurança, com mais à-vontade e com mais autodomínio, é algo importante, sim”.
Conheceu grandes mestres da modalidade, “especialmente o grande mestre Kobayashi, que deu um grande impulso ao judo em Portugal, valorizou muito a modalidade e tinha outra vertente que era trazer e aproximar judocas japoneses a Portugal e quando nós íamos ao Japão também nos apresentava os grandes mestres lá do Kodokan”.
José Vítor Costa tem viajado inúmeras vezes para o Japão, país onde frequenta estágios e outras formações, sempre na procura da sua valorização: “Já fui oito vezes ao Japão, para estágios de judo no ‘Kodokan Jude Institute’, sobretudo para estudar esta técnica dos katas. Uma das vezes que lá estive fui acompanhado com pessoal do Judo Clube de Beja, também com o meu filho, acho que foi muito importante do ponto de vista técnico e não só”.
Agora, tendo no seu invulgar currículo vários títulos de campeão nacional, europeu e mundial, o que mais esperará José Vítor Costa desta modalidade que abraçou há meio século? “Espero continuar a praticá-la até poder. Continuarei a participar nas competições de kata, estou com 67 anos mas, enquanto me sentir capaz de continuar, é isso que farei”, concluiu o atual campeão nacional de kime-no-kata.
Texto e foto Firmino Paixão
Fonte: Facebook de Firmino Paixao e Diariodo Alentejo
Sem comentários:
Enviar um comentário