sexta-feira, 3 de maio de 2019

Bola de trapos, edição de 3 de maio de 2019 no Diário do Alentejo

José Saúde
Teias
Se o viandante ao longo da sua existência viveu exaustivamente o universo desportivo e se revê no crescimento do fenómeno, é admissível que agora esbarre em teias que lhe permitem analisar conteúdos que entretanto se modificaram com o progredir das épocas. A sua evolução deu aso à aparição de cáusticos aventureiros mas, por outro lado, fundaram-se coletividades, os atletas expandiram-se quer em quantidade quer em qualidade, novos espaços emergiram e concluímos que já nada é como dantes. Quando no dia 1 de fevereiro de 1931 foi inaugurado o “Estádio Condeça de Avilez”, em Beja, espaço com piso em terra batida, bancada em madeira e os camarotes cobertos com chapas zincadas, ecoavam-se veementes sonhos que deixavam antever que o apreço pelo futebol seria irreversivelmente um dado evolutivo. O homem, assumindo a sua condição de dirigente, lá foi favorecendo uma população que sonhava com o seu óbvio crescimento. Esse legítimo sonho deu lugar a inextinguíveis teias que relegaram o prazer do jogo para a ganância de interesses individuais. O sujeito, politiqueiro e empresarial, transformou o mítico jogo da bola em conveniências exclusivas e o mundo desportivo resvalou para impropérios princípios. Ora são os fundos que gerem o valor dos craques, ora são os proveitos partidários, ou o “assalto” às instituições por parte de grupos organizados que se prestam em servir as suas prosélitas cores. Resta, neste âmbito, uma pergunta atrevida: O que sobra para os clubes? Nada, suponho! Sobram indeléveis teias que levam alguns dos emblemas à calamidade. Todavia, é tempo de honrar as convicções de outrora, respeitar o momento presente e acautelar o futuro. A imparável máquina desportiva não se quedou por atitudes patéticas e as coletividades usufruem agora de meios operacionais que faculta trabalhar com rigor a componente humana mas reforçada com infraestruturas graças, também, à disponibilidade do poder autárquico. Em Beja, tal como noutras localidades da região sul alentejana, trabalha-se a componente da formação e os jovens vivem intensamente o prodígio que os transportam aos píncaros de uma modalidade que precocemente assumem como prioritária. Para trás ficou o “Estádio Condeça de Avilez” onde a juventude debitou agrado pela esplêndida arte, sendo então Melo Garrido, antigo diretor do “Diário do Alentejo”, um dos grandes impulsionadores do movimento gerado. Atualmente a velha Pax Júlia é palco de excelentes espaços onde a miudagem recolhe notáveis ensinamentos. Recentemente assisti num dos relvados sintéticos do Complexo Desportivo Fernando Mamede a um encontro entre jovens dos escalões de traquinas e petizes, sendo o Desportivo de Beja a entidade organizadora, que me deixou encantado pela maneira como as crianças vivem inocentemente o prazer do jogo. Bem-haja miúdos pela vossa manifesta vontade em triunfar como desportistas e sobretudo como homens de amanhã!
Fonte: Facebook de José saúde.

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