sábado, 25 de janeiro de 2020

Bola de trapos, edição de 24 de janeiro de 2020 no Diário do Alentejo

José Saúde
Zé Amaro
Zé Amaro foi um jogador de futebol que na década de 1940 emergiu para o universo de um fenómeno desportivo que se expandiu desalmadamente no tempo. Porém, uma lesão grave no joelho ter-lhe-á encurtado uma carreira que se perspetiva risonha. José Francisco Carrasco, Amaro é o epíteto herdada do pai, nasceu no dia 2 de janeiro de 1934 em Aldeia Nova de São Bento e, tal como os moços da sua idade, iniciou-se nos chutos da bola com uma velha trapeira feita com uma meia de lã atulhada de trapos e sacada dissimuladamente à mãe. Mas, foi com as cores do Atlético Clube Aldenovense, um grémio fundado pelo capitão Alcino Pires a 20 de agosto de 1947, que Zé Amaro surgiu para o cosmos futebolístico. Com o Carapezinho, Bica, Zé Machado, Manuel Romeiro, Ferrão, os manos Beirão, Rodolfo, Liboque, Torcato, Coureles, de entre outros companheiros, que o Zé Amaro e o Atlético despontaram para a ribalta. Com o equipamento do Atlético que orgulhosamente envergava, Zé Amaro, agora com 85 anos, deu nas vistas em derbies regionais e os olheiros, sempre atentos à evolução que o futebol acolhia na população, alvitraram-lhe um futuro risonho. Em 1957 com ele ingressaram no Moura Atlético Clube o Garcês, o Vitorino e o Bento Abril. “Fui ganhar 300 escudos por mês”, recorda o antigo craque. “Na época seguinte fui para o Serpa. O treinador era o Teixeira da Silva. Ainda joguei com o Patalino”, adianta com brio. Num profícuo recurso às memórias, recorda um prélio quando envergava o equipamento do FC Serpa: “Num jogo contra o Atlético Clube de Portugal, onde jogava o Juninho, um avançado que brilhou no Benfica, o Germano, o Angeja, de entre outras estrelas, ganhámos por 3-1 e eu fiz uma exibição extraordinária, sendo entrevistado no final”. Mas as recordações não se esgotam no tempo. “Recordo um outro jogo, este quando regressei ao Atlético Aldenovense, em que fomos jogar a Aroches, em Espanha, e qual não foi o nosso espanto quando à entrada da localidade estava uma banda de música para nos receber”. As curiosidades de outrora surgem em catadupa sempre que o tema é futebol. “Na altura em que andava na escola primária já fazíamos grandes jogatanas entre a malta adepta do Benfica e do Sporting. O curioso é que não havia jogo algum que não terminasse com a malta à pancadaria. As zangas passavam depressa e lá vinha o convite para outra jogatana”. Aqui fica uma equipa do Atlético no ano de 1958 e os seus suplentes: Mamede, Raúl, Japão, Matias, Manel Romeiro, Zé Beirão, Rola, Calvinho, Luís António, Zé Amaro, Perdigão, Vitorino e Zé Maria. O Atlético esteve-lhe sempre na alma e Zé Amaro na época de 1966/67 assumiu-se como treinador de uma equipa de juvenis que participou no campeonato distrital da AF Beja, contando com a preciosa ajuda de Luís Féria, um dirigente que apostou então na formação.
Fonte. Facebook de Jose Saude.

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