Bairros e lugares
 Da entusiasmante espiritualidade procedente dos antigos bairros e 
lugares existentes no mais recôndito lugar deste universo terrestre, 
sobressaem laivos de intensos movimentos de uma juventude que incutia no
 seu espírito a funcionalidade capital para a prática desportiva. Os 
movimentos inseridos em corpos joviais que apelavam ao seu bem-estar, 
conduz-nos a fantásticas ações onde a finalidade passava pela afinação 
da massa corporal no mais incauto catraio. Os bairros e lugares 
assumiam-se como profícuos espaços de jovens que despertavam para a 
vivacidade desportiva. Alguns descalços, outros com os pés resguardados 
com um par de sapatos comprados com restos da jorna semanal familiar e 
envergando vestes copiosamente lavadas em águas de barrancos das 
redondezas do povoado, os miúdos dedicavam-se de corpo e alma ao êxtase 
de uma correria que lhes proporcionava prazer. Com o imutável evoluir do
 tempo constatou-se a imensurável realidade de privilégios adquiridos 
que transportou a comunidade desportiva para um púlpito surpreendente. 
Regresso aos tempos de infância  e dou por mim como um dos muitos 
rapazinhos que palmilhavam as antigas ruelas de Beja integrando um grupo
 de companheiros que se predispunham a disputar mais uma jogatana com 
equipas de outros bairros e lugares citadinos. Recordo os ardilosos 
dérbis com a malta da Praça de Touros, do arrabalde, do Largo das 
Alcaçarias, do Largo de São João, do Bairro da Apariça, do Terreirinho 
das Peças, ou uma visita, a pé, à Boavista, de entre outros competidores
 que proliferavam pela cidade e seus arredores. Desafios que se 
prolongavam por manhãs ou tardes infindáveis, mas onde literalmente 
prevalecia a amizade. É óbvio que por vezes nem tudo era um mar de 
rosas, havia desaguisados, mas com a cortesia das pazes feitas no final 
da contenda, assistia-se depois ao inevitável hastear de bandeiras 
brancas porque a afeição entre a miudagem falava mais alto. Dessa 
insaciável camaradagem onde a bola debitava infinitos prazeres, 
registava-se a saída de atletas para os clubes da urbe bejense, 
Desportivo e Despertar, que se alimentavam de jogadores oriundos dos 
bairros e de lugares que a velha Pax Júlia fabricava naqueles famosos 
jogos de rua. As equipas principais dos emblemas locais não descuravam 
apresentarem em campo uma turma formada tendencialmente com a chamada 
prata da casa. Estes valores desportivos foram paulatinamente conhecendo
 outras veracidades e o fenómeno futebolístico perdendo as crenças de 
outrora. Para trás ficaram subscritas páginas de glória onde o futebol 
vadio foi um elemento preponderante para a chegada de novos craques a 
uma modalidade que o povo cedo abraçou. Resta deixar um bem-haja ao 
trabalho desenvolvido pelos atuais dirigentes que a muito custo lá vão 
levando a carta a Garcia. Os tempos são outros e viraram para 
subsequentes preocupações.
Fonte: facebook de Jose Saude.
Fonte: facebook de Jose Saude.
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